Quão aguçada é a sua curiosidade?

Paulo Maia

Não tenho nenhum talento especial, só tenho paixão em minha curiosidade.

Albert Einsten

Você é curioso ou curiosa? Claro, todos somos! Alguns mais, outros menos, mas sempre estamos querendo saber de alguma coisa. O que talvez possa mudar de pessoa para pessoa é o tema, assunto e com qual profundidade. Isso é um traço de nossa natureza intimamente ligado ao instinto de sobrevivência. Saber mais sobre onde estamos, do que é possível extrair das coisas à nossa volta, para nossa subsistência e, principalmente sobre o outro – se é amigo ou inimigo e o que se está pensando -, é fundamental para que tenhamos condições de ainda estar aqui para assistir o nascer do dia seguinte.

E em sendo curioso, o ser humano fez avanços no seu modo de viver desde o surgimento da espécie há 200 mil atrás. Mas foi com a Revolução Cognitiva, há 70 mil anos atrás com o surgimento da linguagem ficcional, que a velocidade das mudanças e o avanço tecnológico se acelerou exponencialmente. Tudo para atender a uma necessidade fundamental: viver longe da dor e, de preferência, com prazer. Mas a curiosidade não anseia apenas saber das coisas para sobreviver. Ela está também ligada ao fato de sermos animais conscientes. Ao ter consciência da vida e da existência, inclusive de si próprio e – fundamentalmente – de viver a experiência do tempo e espaço, o ser humano quer entender o porquê das coisas, de onde elas vem e o que fazemos aqui. E nesta jornada da busca de “entender” o mundo, criamos o conhecimento, alteramos o exterior – meio ambiente – e fazemos símbolos das coisas que contam a nossa história da forma que gostaríamos que seja entendida.

Photo by Josh Gordon on Unsplash

A novíssima colunista da Dolce, minha colega Amanda Sanzi, estreou semana passada nos dizendo sobre a importância e a necessidade da arte para nós. Pego carona em seu argumento e busco corroborar sua afirmação, pois a cultura e a simbologia e portanto, o significado que damos às coisas, ao mundo e à vida, começam com a expressão ficcional. Queremos indicar que há algo em nosso “pensar”, em nossa mente, que é preciso passar, comunicar, a um outro da mesma espécie, e assim criar um novo vínculo, para além do instinto, de aproximação. E assim, uma linguagem se faz para, juntos, conquistar mais condições de se manter vivo do que seria possível apenas sozinho. E essa aptidão é o que nos distingue dos demais animais. É claro que há animais e demais seres vivos que se comunicam entre suas espécies. Mas é apenas a nossa que cria símbolos culturais para sua comunicação. Neste sentido, a arte é primeira expressão da cultura para indicar muito mais o que estamos sentindo, do que pensando. Por isso que explicar arte pode, em muitos casos, não fazer sentido e ser uma tarefa infrutífera e inadequada. Contemplar arte talvez seja uma jornada dos sentidos de forma a se conectar com as sensações que seus autores tiveram ao buscar se expressar com ela.

Mas há também o ditado que diz que a curiosidade pode matar um gato. É o dito popular que nos adverte de que corremos perigo se formos demasiados curiosos. O desconhecido nos amedronta justamente por ele nos manter ignorantes sobre algo. Mas a verdade pode também ser aniquiladora, pois sendo essa um fato da realidade, pode tirar o significado dos nossos símbolos e nos deixar no vazio e suscitar exatamente o contrário do que imaginávamos. Então surge também outro ditado que afirma que a felicidade está bem próxima da ignorância por que esta nos mantem alheios do real e, desta forma, mantem válido o argumento de nossas crenças.

Photo by Caleb Woods on Unsplash

Seja como for, e especialmente sobre o que lhe faz ou mantém curioso ou curiosa, a ânsia por querer saber das coisas é o oxigênio que nos mantém vivos e produz ou reaviva o brilho dos momentos e da percepção de que a vida só vale a pena se explorarmos o que está ao nosso redor para, além da questão da sobrevivência, nos dar uma certa (ou devida) importância do porquê existir.

Se você tiver curiosidade e gosta de “saber das coisas”, deixo aqui uma sugestão de um canal no You Tube que é um sucesso e de um conteúdo fantástico (em minha opinião, claro). Assuntos científicos, psicológicos, matemáticos e filosóficos, além de jogos, tecnologia, cultura e outros assuntos de interesse geral: VSauce de Michael Stevens. Confira no link abaixo e divirta-se!

https://www.youtube.com/user/Vsauce

Paulo Maia é publicitário, um pensador livre e morador do Morumbi que mantém sua curiosidade sempre aguçada

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