O Estado deve fazer o que é útil. O indivíduo deve fazer o que é belo.
Oscar Wilde
Meu caro leitor e leitora, creio que podemos concluir de que estamos totalmente perdidos e no meio de uma confusão da qual temos dificuldade em lembrar como entramos e sem a menor ideia de como vamos sair. E a questão não é de quando, mas se vamos. Pelo menos nas redondezas, até onde a vista alcança e a cabeça consegue acompanhar, vemos que o descontrole é total e carecemos de lideranças. Qualquer um que se aproxima demonstra menos conhecimento do que já sabemos e nenhum senso de direção. A teia social se desfaz a olhos nus e cada vez mais nos sentimos menos identificados uns com os outros. Com raríssimas exceções, daqueles que vivem sob o mesmo teto, não conhecemos mais ninguém. O grau de desatenção da realidade e do desrespeito pelo outro é enorme e desafia nossa racionalidade. O escapismo se tornou um exercício diário e o resultado é o absurdo em que vivemos.
Enquanto isso acompanhamos a morte pelo ponteiro ou digital do relógio com a mesma banalidade que recebemos o nascer do sol. Há um mundo daqueles que – ainda – não tiveram alguém lhe tirado por ela e há um outro em que algum afeto jaz agora sob o solo que ferve no calor do dia. Os últimos choram e se apegam às suas crenças na procura indistinta de um sentido para o que não faz sentido enquanto os primeiros engolem a seco uma substância insípida de uma realidade que em sendo indigesta, é regurgitada como negação de sua própria essência.
Narrativas buscam explicar o que escapa à nossa capacidade de entender o que acontece ao redor. Uma infantilidade na atitude que deveria se mostrar adulta e madura arruína o horizonte de esperança que surge vez ou outra como um oásis em meio ao deserto em que se transformou a alma humana. A certeza de que a estupidez quer status de virtude é tão clara quanto a ignorância que se apoderou das mentes que outrora elogiávamos como brilhantes e reveladoras de novos caminhos. Um odor nauseabundo indica a decomposição do que um dia já fora celebrada como uma identidade serena e divina.
Quem somos e quem são os que não compreendemos, que surgem insensatos em meio ao grito por vida e por um certo rigor?! Quem ou o que são os que se mostram como nós, em forma e essência? Qual o limite da indignação e o que a separa da discriminação? O que comungar com os que parecem defender exatamente aquilo que é preciso combater? O que é necessário fazer para defendê-los também de si próprios, enquanto ainda há compaixão e reconhecimento de que há valor na vida?
Protagonistas da experiência que legaremos para a história a ser contada em qualquer momento de um futuro que sequer imaginamos como será, ficamos aguardando em perspectiva reversa algo que achamos que irá, enfim nos trazer redenção, como em qualquer história que gostaríamos de saber e viver seu final. No momento, entre a fantasia e a realidade, ficamos intrigados em saber o que pode haver para além da esquina da nossa vida.
Paulo Maia é publicitário, um pensador livre e morador do Morumbi que mantém sua curiosidade sempre aguçada
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