Os 100 anos da Semana de Arte Moderna no Brasil

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Anglo Morumbi

Por Bruna Silva Mota e Leda Costa

A Semana de Arte Moderna ou também conhecida como Semana de 1922 completou 100 anos, no último dia 13 de fevereiro, e está inserida em um contexto resultante de um processo iniciado há algumas décadas que permeia, dentro do âmbito internacional, em contextos de pós-guerra, de escolas artísticas europeias, as quais repensaram a arte clássica. Já, no âmbito nacional, com o crescimento da urbanização em São Paulo, com a organização política vigente, República Velha ou República Oligárquica, a qual sofria duras críticas em outras regiões brasileiras. Todos esses acontecimentos resultaram em mudanças sociais, econômicas e culturais no mundo todo. Dessa forma, pensadores e artistas brasileiros que, inclusive, estudavam na Europa, começaram a ser influenciados por esse contexto artístico e perceberam a necessidade de pensar o que é ser brasileiro por meio das diversas artes.

Teatro Municipal de São Paulo | Imagem de Eli Kazuyuki Hayasaka | CC BY-SA 2.0, via Wikimedia Commons

É importante compreendermos que a Semana aconteceu em São Paulo – no Teatro Municipal – cidade que era financiada pelas riquezas provenientes da produção e comercialização de café e que, no decorrer do século XX, vai protagonizar forte processo de industrialização, tornando-se grande centro econômico do país.

A Semana teve patrocínio dessa elite agrária e também do recém-eleito presidente do Estado de São Paulo, Washington Luís. Por isso, o movimento concentrou-se em grupos econômicos privilegiados, quer dizer, a classe burguesa da época, e essa envolvia tanto artistas, que participaram ativamente da Semana, quanto do público que participou.

Quando se fala em Semana de Arte Moderna, também não se pode deixar de lado uma famosa escola literária e artística que se chama Modernismo. Esta teve início no século XX com ideias e ideais que rompiam com o tradicionalismo e com o rigor artístico da arte da segunda metade do século XIX, a qual, por priorizar o rigor da estética, ditada pela arte clássica europeia, vivenciada, principalmente, durante o Renascimento Cultural, na maioria das obras, ignorava temas, como sentimentos e temáticas sociais. No entanto, no Modernismo, essas temáticas começaram a ser mais presentes e respeitadas.

Com essa influência modernista,  escritores, artistas plásticos e músicos brasileiros, como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Graça Aranha, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Heitor Villa-Lobos, Guiomar Novaes, entre outros, que já pensavam e analisavam uma arte que realmente refletisse o que é ser brasileiro, mesmo que alguns desses tenham estudado em escolas de belas artes europeias e conhecessem a rigidez artística dessas, fizeram exposições, na chamada Semana da Arte Moderna de 1922, com pinturas e com obras literárias, que representavam uma arte mais colorida, mais urbanistica e com uma linguagem mais popular, mais nacionalista, muitas delas reproduzindo o processo de industrialização em São Paulo e a imigração, rompendo, inclusive, com regras gramaticais, como o uso da vírgula e certas concordâncias verbais e nominais.

Entretanto, o movimento não foi bem aceito no momento em que ocorreu, os críticos da época não reconheciam músicas, poesias e outras manifestações culturais modernistas como arte. Inclusive, escritores brasileiros, como o Monteiro Lobato, criticaram violentamente exposições modernistas, por exemplo, a de Anita Malfatti, em 1917, que, segundo Lobato, “o Expressionismo europeu de Malfatti era uma deformação mental”.

Imagem cedida pelo Colégio Anglo Morumbi

Mesmo diante de tanta repercussão negativa, o legado modernista fez-se presente por todo o século XX e ainda perdura atualmente no campo da Literatura, das artes plásticas, da música, das construções arquitetônicas, da mentalidade brasileira, possibilitando ao Brasil uma nova forma de olhar para sua identidade cultural.

Logo, manter viva a memória da Semana de Arte Moderna de 1922 possibilita a estudantes e o público em geral reflexões sobre a importância da construção de uma arte que buscava retratar o ser brasileiro, ainda no século XX, e que compreendesse que a arte nacional brasileira da época, por mais que tenha vindo com uma proposta de repensar os padrões estéticos e sociais, não necessariamente refletia todas as questões e problemáticas da sociedade.

Inclusive, no Colégio Anglo Morumbi, com o intuito de refletir sobre permanências e mudanças proporcionadas pela Semana, os alunos do 9º ano realizaram pesquisas sobre o impacto cultural da Semana e da obra “Manifesto Antropofágico”, de Oswald de Andrade, já tido como desdobramento do movimento, justamente por ter sido escrito em 1928, com o intuito de utilizar a inspiração europeia, devorando-a, mas, ao mesmo tempo, transformando-a em algo nacional, ou seja, efetivamente brasileiro.

Para revisitar e viver um pouco mais da Semana de Arte Moderna no Brasil, temos, na cidade de São Paulo, diversos eventos e manifestações com o intuito de celebrar o movimento, por exemplo, no Teatro Municipal, com a exposição “Modernistas e Novos Modernistas” e outros eventos; no Museu Catavento com o “Ateliê de Brecheret”; no Instituto Moreira Salles, com a exposição “Constelação Clarice”; na Pinacoteca com a Mostra “Modernismo. Destaques do Acervo”; na Fundação Oscar Americano com seu acervo, que também apresenta obras modernistas; no Memorial da América Latina com a exposição “Pilares de 22”, além do Projeto 22+100, o qual apresentará uma série de atividades até 01 de maio, além de diversas construções arquitetônicas espalhadas por São Paulo com forte influência modernista.

Aula de Iniciação Científica, 9B - Pesquisa sobre a Semana da Arte Moderna e suas relevâncias científicas | Imagem cedida pelo Colégio Anglo Morumbi
Bruna Silva Mota | @brusilvamota

Bruna Silva Mota e Leda Costa são professoras do Colégio Anglo Morumbi

Leda Costa | @leda_gcosta

Há mais de 27 anos, o Colégio Anglo Morumbi vem transformando vidas e abrindo caminhos para um mundo em transformação. A proposta pedagógica é pautada nos três pilares: acadêmico (Sistema Anglo de ensino, treinamento contínuo de professores, High School, Plataforma Bilíngue Cultura Inglesa (Imersão na língua inglesa), socioemocional (Líder em Mim, Parceria Unesco) e inovação (Cultura Maker, Sala Google, Aplicativos de gamificação).

Os alunos, desde a Educação Infantil, passando pelo Ensino Fundamental até o Ensino Médio, são incentivados a desenvolverem suas lideranças, responsabilidades e o protagonismo para sua formação. Recebemos o título de Escola Farol, um reconhecimento internacional da excelência atingida pela escola em termos de resultados escolares, desenvolvimento do senso de liderança, autonomia e autoconfiança dos alunos.

O Colégio Anglo Morumbi é Escola Google Referência, reconhecidos por desenvolver soluções curriculares inovadoras e tecnológicas, que colocam o aluno no centro do processo de aprendizagem. Os professores são capacitados e certificados para utilizarem as ferramentas Google, tornando a aula mais envolvente e dinâmica.

R. Diogo Pereira, 324
Vila Suzana, São Paulo – SP
Telefone: (11) 3740-1000

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