Dia das Mulheres: o valor de dizer não

Dolce Mulher

Ana Kekligian

Agora, no dia 08 de março, comemoramos o Dia das Mulheres. E quero dividir com vocês a importância histórica desta data e como ela está ligada ao valor de dizer NÃO e de estabelecermos limites.

O Dia das Mulheres tem uma história por trás muito profunda e é celebrada desde 1975, quando foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Contudo, sua origem remonta do início do século 20, quando milhares de mulheres se uniram em protestos pelos Estados Unidos e Europa a fim de reivindicarem por melhores condições de trabalho e igualdade de direitos.

Na época, era recorrente a disparidade entre as condições de trabalho enfrentadas pelas mulheres em relação aos homens. E, no Brasil, é muito comum a data estar ligada ao incêndio ocorrido em 25 de março de 1911, em Nova York, na Triangle Shirtwaist, onde 146 trabalhadores morreram, entre eles 21 homens, em maioria judeus, e 125 mulheres.

Este terrível acontecimento, trouxe luz a um tema frequente da época: Más condições enfrentadas pelas mulheres desde a Revolução Industrial. E, como não era um fato isolado, ajudou a levantar temas importantíssimos que até hoje persistem de diversas maneiras.

Com o estouro desses acontecimentos, as mulheres despertaram em busca da igualdade no mercado de trabalho e começaram a se posicionar e a dizer: NÃO! CHEGA! BASTA!

Portanto, o que devemos entender é que antes e após estes episódios sempre encontraremos diversas mulheres que não se calavam diante de injustiças e que dedicaram suas vidas a causas nobres e abriram caminhos para todas nós. Inclusive nossas antepassadas familiares.

Este é o caso de Bertha Lutz, reconhecida como a maior líder na luta pelos direitos políticos das mulheres brasileiras. Nascida em 04 de agosto de 1894, se uniu a outras mulheres pioneiras da época e, juntas, se empenharam pelo direito de as mulheres votarem e serem votadas. Criando assim, a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher.

Esta Liga que, primeiramente, tinha a intenção de dar poder de voto às mulheres, foi o primeiro passo para a criação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), que além do direito ao voto, também lutava pela autorização de se trabalhar sem a autorização do marido.

Photo by Polina Kovaleva from Pexels

E, assim como Bertha Lutz, que cada vez deu passos maiores em direção a uma sociedade mais justa e com equidade para as mulheres de sua época, também se pode citar outros exemplos:

Maria Lenk nos esportes como a primeira mulher sul-americana a disputar uma Olimpíadas em 1932.

Carmen Miranda como a cantora que colocou o Brasil no show business internacional e foi a mulher melhor paga de sua época com seu talento.

Irmã Dulce como um dos símbolos de ativismo humanitário mais importantes do século 20.

Chiquinha Gonzaga que, cansada dos maus-tratos do seu marido o abandona e começa a compor, de forma autodidata, obras no piano. Hoje, o dia 17 de outubro é declarado como Dia Nacional da Música devido a sua data de aniversário.

E, o que percebemos em todos estes casos é que, estas mulheres que atuaram em áreas tão distintas, não se calaram diante de abusos, preconceitos, injustiças e compreenderam a importância de se conseguir falar sobre os problemas do universo feminino.

Com isto, esta importância se torna ainda maior quando entendemos que estes problemas não foram completamente resolvidos até hoje. Violência contra a mulher, diferenças de oportunidades no trabalho, assédio, feminicídio e a diferença salarial ainda fazem parte do nosso dia a dia.

Houve uma constante evolução em que conseguirmos levantar estes temas que tanto nos permeiam de forma negativa e apontarmos em como eles não deveriam fazer parte de nossas vidas. Pois, anteriormente, estes problemas eram escondidos, não falados e acabavam como aceitos dentro da sociedade.

Isto porque vivemos em uma sociedade paternalista, onde estamos inseridas em ambientes com leis, regras, costumes culturais e ações que limitam nossa autonomia e liberdade.

E, é aqui que devemos entender o valor do nosso posicionamento, porque, todos os atos realizados por mulheres e em prol das outras aconteceram porque de uma certa forma foi dito NÃO a diversas injustiças. E isto fez com que a sororidade se desenvolvesse pelo mundo.

Se no dia a dia temos dificuldades em nos posicionarmos e darmos limites aos outros, este comportamento também pode se estender em situações de injustiças, críticas e humilhações.

Muitas vezes nos colocamos no final da lista de prioridades, nos calamos em situações desagradáveis para evitarmos conflitos ou exposição e estamos inseridas em ambientes hostis onde nos querem submissas e vemos injustiças sendo cometidas com nossas amigas, mães, filhas e colegas de trabalho.

Esta aceitação acontece porque a maioria de nós pode ter crescido dentro de uma estrutura familiar onde foi ensinado que devemos evitar, agradar, calar e suprir a necessidade de outros em prol da nossa.

E, com isso, nosso padrão de pensamentos pode encontrar dificuldades em se posicionar de maneira enfática diante de situações desagradáveis e de violência física ou emocional.

É necessário continuar amadurecendo a ideia de que, nossa comunicação, união e posicionamento diante de todas estas situações apresentadas é uma das chaves para levantarmos temas importantes e que precisam de uma mudança com prioridade.

Devemos levar em consideração que, quando priorizamos o nosso próprio crescimento intelectual e emocional, ajudamos na criação de uma sociedade segura e justa para todas, criamos modelos de representatividade e colocamos em prática a lógica de que, ambientes com condições favoráveis, farão com que cada vez mais mulheres prosperem e se desenvolvam de forma saudável.

NÃO precisamos, NÃO devemos e NÃO podemos nos submeter a injustiças em nenhuma esfera. É fundamental que aprendamos a usar nossa voz com inteligência e nos posicionar em prol da criação de sistemas que propiciem o bem-estar, aprendizado e amadurecimento de todas as mulheres.

Mulher, parabéns pelo seu dia!

Ana Kekligian é Master Coach de Desempenho e Especialista em Inteligência Emocional com foco na vida pessoal e profissional. Idealizadora da EBC (Empresa Brasileira de Coaching). Atualmente, possui cinco importantes certificações internacionais pelo IBC (Instituto Brasileiro de Coaching): Professional & Self Coaching, Coaching Ericksoniano, Master Coach, Inteligência Emocional e Análise Comportamental. Conta também com a certificação de Especialista em Inteligência Emocional pela SBIE (Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional), Especialista em Produtividade com: Triad Certified Productivity Specialist, formada pela TriadPS e Master Analista Comportamental pelo Instituto ILG. Atuou por quase 20 anos no mercado corporativo como executiva de marketing com destaque para o marketing direto e publicitário. E é CEO de suas emoções.

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