Empreender no setor de cultura requer coragem e resiliência

Bia Toledo e Tati Bueno cuidam de uma produtora cultural, uma companhia de teatro e, mais recentemente, do Alvenaria Espaço Cultural - local que reúne bar, brechó e salas para eventos culturais. Consultorias especializadas ajudaram e ainda ajudam a tornar o negócio diferenciado e, sobretudo, sustentável

Em 2018, com R$ 20 mil e muita vontade, a atriz e produtora cultural Bia Toledo, de 47 anos, e a também produtora cultural Tati Bueno, de 44 anos, criaram o Alvenaria Espaço Cultural Colaborativo. Localizado na rua Turiassu, em São Paulo, o local reúne bar, loja colaborativa e salas para apresentações artísticas e cursos.

Cada um desses espaços foi pensado para oferecer aos visitantes uma experiência diferenciada. O bar é aconchegante: tem mesas no salão, onde também há minijogos para aumentar a diversão, e no “quintal”, como as empresárias gostam de citar. Nesta área externa, tem até cadeiras de praia e rede para quem quer relaxar. O cardápio de bebidas e comidas também mereceu atenção: os fornecedores, em sua maioria, são artistas independentes em busca de renda extra ou mulheres empreendedoras.

A loja foi instalada num cantinho do bar para que os produtos de artesãos e designers tivessem mais destaque. E as salas são destinadas a peças teatrais, ensaios, shows, saraus e cursos, entre outras atividades. O Alvenaria já abrigou cerca de 200 eventos nos dois primeiros anos de existência, antes da pandemia. Agora, as atividades presenciais estão sendo retomadas.

O Alvenaria é o terceiro negócio das sócias. O primeiro deles foi fundado em 2013, a produtora Clube do Mecenas. “Além de produzir espetáculos de teatro, fazemos curadoria de projetos especiais”, conta Tati Bueno. Em seguida, no mesmo ano, surgiu a companhia de teatro Nossa Companhia. “O Alvenaria nasce como sede da companhia cinco anos depois de sua criação. No fim, os três negócios, apesar de independentes, se fundem”.

“O projeto do Alvenaria começou a ser idealizado dois anos antes da abertura, em 2016, quando participamos de um projeto de mentoria do Sebrae voltado para negócios de economia criativa”, lembra Tati. “E mesmo durante a pandemia, buscamos uma consultoria de gestão financeira, um dos nossos pontos fracos. Foram seis meses de consultoria até conseguirmos organizar todos os processos. E ainda estamos organizando”.

Desafios – Bia Toledo ressalta que os investimentos no Alvenaria não param – o que ainda não possibilitou o retorno do montante investido. A equipe – composta atualmente por ela, Tati e Alexandra DaMatta, que integra o núcleo da Nossa Companhia – precisa crescer. O volume de eventos também. “No momento, estamos executando um edital de espaços independentes pelo ProAC Expresso Direto, destinado a realizar o fomento direto a profissionais do setor Cultural e Criativo”, explica. “Durante a pandemia, conseguimos o auxílio emergencial da Lei Aldir Blanc, assim como alguns parceiros que realizaram seus projetos no nosso espaço. Isso, inclusive, foi o que manteve o Alvenaria funcionando”.

Por fim, ela resume o que é empreender no setor de cultura no Brasil. “Mais que um desafio, é um ato de coragem e sobretudo de resiliência”, declara. “A famosa frase “quem vê close não vê corre” é muito real. Em um momento como o que estamos vivendo agora, que eu considero lastimável com pandemia, desgoverno e inflação altíssima, o cobertor é muito curto. Tão curto que não vemos outra alternativa a não ser continuar lutando e entregando sempre o nosso melhor”.

O Alvenaria Espaço Cultural Colaborativo está localizado no bairro de Perdizes, em São Paulo e reúne bar, loja colaborativa e salas para acolher todas as linguagens artísticas. Também é a sede da Nossa Companhia de Teatro. Para saber mais, acesse www.alvenaria.art.br.