Dharana, Dhyana e Samadhi

Dolce Yoga

Michelle Duarte

Namastê! Se você chegou neste artigo e não leu o anterior será mais interessante se der um passo atrás para então voltar neste aqui.

Quando praticamos Yoga por um tempo e nos aprofundamos, seja estudando com professores ou lendo os textos clássico da filosofia, entendemos que o objetivo último do Yoga é a iluminação ou Samadhi.

Iluminar-se tem mais a ver com aceitarmos as coisas como elas são e não querer que elas sejam do jeito que gostaríamos, do que com alguma experiência sobrenatural que possa passar pela sua imaginação. Como diz meu mestre, iluminar é alcançar maturidade! Deixar o mimimi de lado e observar tudo com clareza e precisão, olhar de forma neutra, sem pensar se aquilo vai te beneficiar ou não, e então agir de modo que mais tarde nossas ações não nos tragam arrependimentos. Estar em estado de Yoga é educar a mente para que se mantenha focada, presente e sem distrações que nos impeçam de ver a realidade.

De acordo com o Yoga Sutra de Patanjali, a prática constante de asanas e pranayama vão criar as condições adequadas para que a mente possa estar em estado de Dharana ou concentração. Em Dharana estabelecemos o contato com algum objeto, podendo este ser alguma coisa externa, como a uma imagem de um deus, santo, um som, um mantra ou interna como uma parte do próprio corpo ou a respiração. Dharana é, portanto, quando focamos a nossa atenção em uma única coisa, um único ponto para então partir para a contemplação desse objeto observado ou Dhyana, estado de meditação.

Quando há muitas coisas passando pela mente e ela está agitada, e sob o comando dos sentidos não há espaço para Dharana e Dhyana. É como se olhássemos para um rio em que a água esteja em movimento. Não temos como olhar o que há no fundo. Somente quando a água estiver calma é que podemos enxergar algo sem esforço.

Quando não estamos mais escravos dos estímulos externos alimentando os nossos sentidos e atraindo a mente, mas sim estando no comando, quando os sentidos não se excitam com o que está ao nosso entorno, estamos em Pratyahara e a mente está tranquila. Podemos buscar um foco de atenção e nele permanecer.

Foto de ArtHouse Studio no Pexels

Evidentemente que isso não acontece de um dia para o outro, e nem exatamente nesta ordem, podemos retrair os sentidos a partir de um estado de Dharana ou ao contrário, nossos sentidos quase que ignoram o que está em nossa volta, pode ser um cheiro atrativo ou uma imagem interessante, mas estamos tão conectados em algo que eles não nos influenciam, estão a serviço da mente, este é um estado de Pratyahara.

Mas claro que não é porque decido me sentar e entrar em Samadhi que isso irá acontecer, a prática de Yoga influência as atividades mentais abrindo espaço para que Dharana, Dhyana e Samadhi possam fluir, não é algo que ocorre quando nos forçamos a isso, mas sim algo que simplesmente acontece em condições apropriadas.

Ao focar nossa atenção, sem interrupções em nosso objeto de meditação, estaremos em Dharana, onde se estabelecerá a conexão com esse objeto. E quando adentramos mais profundamente e nos sentirmos completamente absorvidos, em contemplação com este algo, estaremos em Dhyana.

A mente cria um vínculo com o objeto e ali permanece, até fundir-se com ele e então alcançamos o estado de Samadhi. Em Samadhi a nossa identidade pessoal desaparece. Não importam nome, sobrenome, profissão, estado civil etc. Tudo isso deixa de existir. Não existe separação entre a mente e o objeto de contemplação, nos tornamos em unidade com ele.

Não é necessário um lugar certo ou uma hora certa para alcançarmos estes estados de Dharana, Dhyana e Samadhi. Eles podem ser alcançados de diversas formas, inicialmente buscando objetos externos; podemos estar caminhando e nem nos darmos mais conta de que temos pernas, fazendo um asana onde o objeto é o corpo ou podemos observar um pôr-do-sol e nos tornar tão imersos naquele processo que nada mais existe além do pôr-do-sol, isto também é um estado de Samadhi.

Um estado onde existe a compreensão sem pensamentos, pois esses não se fazem necessários. A conexão com o objeto observado é tão intensa que é irrelevante dizer “isto é assim desse jeito”. Enquanto observadores absortos no objeto de meditação, o entendimento se dá quase que automaticamente sem que se tenha que analisar.

Existem vários graus e intensidades de Samadhi, o que também poderíamos chamar de atenção plena. Geralmente alternamos entre esses estados de Dharana, Dhyana e Samadhi e a agitação e confusão da mente. Quando estamos em Samadhi esquecemos que já fomos confusos, quando estamos na mente agitada Samadhi é apenas uma memória, quanto mais desenvolvemos a nossa prática passamos mais tempo em estado de Samadhi e menos tempo com a mente agitada e confusa, este é afinal o estado que desejamos alcançar.

Este e outros artigos são escritos com base nos meus estudos com o professor Osnir Cugenotta e leitura dos livros: O coração do Yoga, T.K.V Desikachar, A Arvore do Yoga, B.K.S. Iyengar e Os Yoga Sutras de Patanjali.

Até a próxima.

Namastê!

Se você está gostando desses artigos e sentiu vontade de experimentar uma aula de Yoga, entre em contato comigo pelo WhatsApp ou Instagram. Eu te convido a participar de uma de minhas aulas.

Michelle Duarte é professora de Hatha Yoga e Meditação, empreendedora e mãe. Formada em design gráfico, encontrou no Yoga seu verdadeiro propósito de vida: levar autoconhecimento, bem-estar e realização ao maior número de pessoas.

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