Os 5 estados da mente

Dolce Yoga

Michelle Duarte

O conceito de mente é entendido e estudado de diferentes formas em diversas tradições culturais filosóficas e religiosas. Algumas relacionam a mente com o cérebro e o sistema nervoso; outras especulavam que a mente seja a própria alma. É fato que para o hinduísmo, a mente, assim como o cérebro é matéria, corpo denso, um aglomerado de ideias que cria o Eu; um conceito do Eu, que assume diferentes papéis e nos diferencia uns dos outros através do ego.

Os antigos sábios buscaram entender a mente identificando seus variados estados e atividades, já que só temos como perceber a mente através deles e nós provavelmente já experimentamos cada um destes estados em momentos diferentes.

Toda a prática de Yoga é voltada para essa observação, onde se possa criar condições de levar a mente de um estado acelerado de pensamentos e ideias e de confusão para um estado mais relaxado e tranquilo onde se possa ter clareza e quem sabe alcançar Nirodha, o mais elevado nível de atividade mental, segundo descreveu o sábio Patanjali. Nirodha traduzido do sânscrito como limite, restrição ou estado de equanimidade, onde a mente não está distraída por pensamentos aleatórios, mas direcionada a uma área onde está tão absorvida nela que nenhuma outra atividade mental pode perturbá-la.

Ksipta, o primeiro e o mais baixo nível de atividade da mente pode ser comparado a “um macaco bêbado balançando de galho em galho”. A mente é agitada, pensamentos e percepções vem e vão rapidamente e a confusão é tanta que não conseguimos encontrar alguma conexão entre eles.

No segundo nível, chamado de Mudha, a mente está pesada em inércia como quando comemos demais e ficamos com sono. Estamos em luto ou extremamente frustrados por alguma situação que após grande esforço não ocorreu como desejávamos. Observar, agir e reagir se tornam tarefa impossíveis de serem realizadas.

Viksipta nome dado ao terceiro nível de atividade da mente. Nesta condição ela se movimenta mediante algum propósito; recebe informações, mas parece incapaz de processá-las. A mente ainda fragmentada está em estado de indecisão; permanece num dialogo interno entre “quero fazer tudo, mas não posso” e alterna entre a certeza e a dúvida sobre o que quer e como deve agir; ora sente autoconfiança, ora insegurança.

No quarto nível chamado de Ekagrata, a mente está relaxada, mas não sonolenta; está clara e as distrações exercem pouca influência. Temos uma direção e podemos seguir atentos e adiante. É um estado de Dharana, quando estamos aptos para a meditação – Inteligência e percepção estão conscientes e não oscilam. (Leia o artigo anterior para entender melhor do que estou falando).

Quando Ekagata está altamente desenvolvida pode se alcançar Nirodha, como falei anteriormente, o quinto e último mais elevado estado em que a mente pode operar. Patanjali define o Yoga como Citta Vrtti Nirodha, pela tradução: Citta = mente, Vrtti = oscilações ou movimentações da mente, pensamentos e ideias, e Nirodha = restrição, estado onde todas as atividades mentais estão suspensas e a mente está exclusivamente em uma única direção, sem interrupções e assim se mantém sem qualquer distração.

Nirodha não pode ser descrito em palavras, somente quem o atingiu pode compreender sua natureza. Ocorre geralmente durante a meditação ou quando estamos totalmente engajados em algo e qualquer atalho para se atingir esse estado é pura ilusão.

Todas as faculdades mentais podem ser positivas ou negativas. Observação, imaginação, memória, inatividade e hiperatividade são necessárias para a vida desde que encontrem estabilidade e clareza dentro da mente. Quando não cultivada a mente funciona de forma automatizada e está sujeita a influências externas, caindo em armadilhas dentro de si mesma, nos deixa além da presença e agimos sem pensar.

A prática física do Yoga, além de promover a saúde, sugere que devemos cultivar a mente através do corpo para que ela funcione como um objeto e não confunda o observador com o objeto observado. Tal processo que ocorre sempre do mais denso para o mais sútil. Da matéria a consciência pura, de quem estamos para quem somos.

Namastê

Este e outros artigos meus são escritos com base nos meus estudos com o professor Osnir Cugenotta e leitura dos livros: “O coração do Yoga”, T.K.V Desikachar, “A Árvore do Yoga”, B.K.S. Iyengar e “Os Yoga Sutras” de Patanjali.

Se você está gostando desses artigos e sentiu vontade de experimentar uma aula de Yoga, entre em contato comigo pelo WhatsApp ou Instagram. Eu te convido a participar de uma de minhas aulas.

Michelle Duarte é professora de Hatha Yoga e Meditação, empreendedora e mãe. Formada em design gráfico, encontrou no Yoga seu verdadeiro propósito de vida: levar autoconhecimento, bem-estar e realização ao maior número de pessoas.

Conheça seus perfis:

Assine

Nossa Newsletter

Inscreva-se para receber nossos últimos artigos.

Conheça nossa política de privacidade

vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (1)
vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (2)
vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (3)
vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (4)
vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (5)
vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (6)
vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (7)
vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (8)
vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (9)
Anterior
Próximo

Artigos recomendados

Comentários

  1. […] acordo com o sábio Patanjali, todo prazer conduz a dor, isso por que nunca estamos livres de Avidya ou compreensão incorreta. Experimentamos as coisas e a nossa percepção sobre o mundo está relacionada em algum de seus 4 […]


Deixe uma resposta para Sukha e Duhkha – Dolce MorumbiCancelar resposta