Desmistificando a Acessibilidade

Tricolor na Dolce

com Adalberto Nazareth

No texto de hoje irei falar sobre a acessibilidade de uma forma geral, dando ênfase na parte atitudinal.

Segundo as leis brasileiras, “Acessibilidade é a possibilidade de qualquer pessoa, com ou sem deficiência, acessar um lugar, serviço, produto ou informação de maneira segura e autônoma. Sem nenhum tipo de barreira”.

Esse projeto nasceu ainda na campanha eleitoral quando em muitos momentos não conseguia acompanhar algumas atividades devido as barreiras físicas que a topografia de nosso clube impõe para as pessoas com mobilidade reduzida. Em uma dessas atividades o conselheiro João, conhecido como Tupã, aventou a ideia para a criação deste departamento para nosso presidente, que se sensibilizou com o tema, e, após ganhar a eleição logo no início de janeiro de 2021 me convidou para a missão”, revela Adalberto.

Com objetivo de proteger as pessoas com deficiência assim como dar dignidade a elas, em 2006, a ONU, em assembleia geral aprova um instrumento internacional para esse fim.

Segundo a ONU, pessoas com deficiência são aquelas que tem impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial.

O IBGE, estima que hoje aproximadamente 24% da população brasileira tem algum tipo de deficiência, desse universo, 42% com deficiência visual, 27% motora, 16% intelectual e 15% auditiva.

Hoje, após 15 anos de tramitação no congresso (2000-2015), graças aos senadores Paulo Paim (autor), Mara Gabrilli (relatora), e Romário, o Brasil possui a LBI (Lei Brasileira de Inclusão), essa já alinhada as leis internacionais e incluindo questões importantes como Código Eleitoral, Código de Defesa do Consumidor, Estatuto das Cidades, Código Civil e a Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT.

Para esse primeiro ciclo que se finda em novembro de 2023 com as próximas eleições no clube, a missão do Departamento de Acessibilidade do SPFC será “Mobilizar a estrutura do SPFC para promover acessibilidade e a inclusão de pessoas com deficiência nas dependências, entorno e em todas as práticas do SPFC, através do convívio e conhecimento, mudando paradigmas e garantindo o pertencimento de todos”.

Nesse contexto, norteamos nosso trabalho no lema explicitado na LBI “Nada sobre nós sem nós”, e nesse sentido com a ajuda dos sócios e torcedores com deficiência que nos procuram, vamos tomando consciência das barreiras existentes que não vemos, e estudamos soluções possíveis em conjunto, sempre com a ajuda dos colaboradores do clube.

A tarefa não é simples, nosso clube e estádio são grandes e antigos, construídos em uma época em que não existiam regulamentações e diretrizes para a inclusão das pessoas com deficiência, tornando a tarefa de adequação complexa, mas não nos impedindo de criar soluções para o tema, que passa em um primeiro momento pelo conhecimento.  

Contextualizando, segundo a LBI artigo 3º, 1º parágrafo, “acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida”.   Para atingir tais objetivos de forma ampla, a acessibilidade inclusiva hoje é vista de vários pontos de vista e ou dimensões a saber:

Acessibilidade Atitudinal, se referindo como percebemos as pessoas com deficiência, sem estigmas e preconceitos, sendo essa a base para a transformação da sociedade em meu ponto de vista.  Hoje, o termo correto para se referir a essas pessoas é, “Pessoa com Deficiência” (PCD), que em outros momentos já foram chamadas de “Pessoas com Necessidades Especiais” (PNE), e “Pessoa Portadora de Deficiência” (PPD), hoje considerados termos incorretos e pejorativos.

Somente no século XX, o mundo começou a abordar o tema em uma visão inclusiva, porém trazendo junto todo um sistema de crenças enraizado em nossa cultura, que tratavam as pessoas com deficiência de forma discriminatória, as vendo como pessoas doentes e incapacitadas. A partir de 2015 aproximadamente, surge no Brasil o termo Capacitismo, para se referir ao preconceito e discriminação às pessoas que fogem dos padrões corporais e funcionais considerados “normais”, que muitas vezes estão em nosso inconsciente, focando na deficiência e não no ser humano. Quem nunca ouviu alguém usar a frase “dar uma de João sem braço”, ou em um outro contexto quando você está conversando com uma pessoa com deficiência física e se refere a ela como “um guerreiro” ou um “campeão” por “viver feliz mesmo com deficiência”. Por que guerreiro? por que campeão? Pessoas com deficiência são pessoas normais, que buscam e necessitam das mesmas oportunidades. Quando usamos essas expressões “capacitistas” acabamos por colocar a deficiência em primeiro lugar deixando a pessoa em segundo plano. Vamos repensar nossos conceitos?

Outras dimensões existentes que iremos falar no futuro são a arquitetônica se referindo a estruturas físicas em geral, programática que são as leis para as pessoas com deficiência, metodológica, referente a metodologias de ensino para esse público, instrumental, visando superação de barreiras no trabalho, recreação e lazer, comunicacional que garante a comunicação interpessoal como intérprete de libras por exemplo, e Natural que é o acesso a trilhas e praias.

 A ONU criou um símbolo Universal para se referir a acessibilidade e assim aumentar a conscientização sobre o universo da pessoa com deficiência, foi criada uma figura simétrica conectada por quatro pontos a um círculo, representando a harmonia entre o ser humano e a sociedade, e com os braços abertos, simbolizando a inclusão de pessoas com todas as habilidades, em todos os lugares.

Fiquem antenados na Dolce, na próxima coluna falarei sobre acessibilidade arquitetônica, e as diretrizes do SPFC para o tema.

Saudações Tricolores.

Prof. Adalberto Nazareth é formado em Educação Física e especialista em preparação física e mestre em biodinâmica do movimento humano, todos pela USP. Fez especialização em Gestão Esportiva pela FGV e tem formação em programação neurolinguística avançada.

Fundado em 25 de janeiro de 1930, o São Paulo Futebol Clube é o time brasileiro com o maior número de títulos internacionais, único no país a ostentar três títulos mundiais (1992, 1993 e 2005) e o primeiro time do Brasil a se consagrar três vezes campeão da Taça Libertadores da América. Com uma base cerca de 20 milhões de torcedores, é reconhecido mundialmente pelas suas três cores (vermelho, branco e preto) e por ser também um celeiro de craques de nível internacional e que defenderam e foram campeões mundiais com a Seleção Brasileira.

São Paulo Futebol Clube
Av. Jules Rimet, Portão 7. Morumbi, São Paulo – SP. CEP 05653-070.

Assine

Nossa Newsletter

Inscreva-se para receber nossos últimos artigos.

Conheça nossa política de privacidade

vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (1)
vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (2)
vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (3)
vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (4)
vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (5)
vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (6)
vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (7)
vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (8)
vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (9)
Anterior
Próximo

Artigos recomendados

Ainda não há comentários. Deixe o seu abaixo!


Deixe uma resposta