Alegria, vigor e sempre com um sorriso no rosto, esse é o nosso querido Terto

Tricolor na Dolce

com Mara Casares

Foi um jogador muito raçudo, que colocava medo nos zagueiros adversários. Quando perdia a bola corria incessantemente para recuperá-la.

Foto: Blog São Paulo Futebol Clube

Tertuliano Severiano dos Santos, mais tarde conhecido com o apelido de “Terto” nasceu em Recife (PE), no dia 29 de dezembro de 1946. Iniciou sua caminhada esportiva em 1965, como meia-atacante nas fileiras do Santa Cruz Futebol Clube, de Recife, PE, e logo se destacou chamando a atenção dos dirigentes do São Paulo.

Chegou ao clube em 1967, porém, só estreou em 1968 contra o XV de Piracicaba. Neste jogo o São Paulo venceu por 3 a 1 e Terto fez uma boa partida, apesar de só ter entrado aos 40 minutos do segundo tempo. No segundo jogo contra o Juventus fez o gol da vitória, 1 a 0 Tricolor, firmando-se entre os titulares.

Foi um dos destaques da linha de ataque tricolor formada por ele, Paulo Nani, Pedro Rocha, Toninho Guerreiro e Paraná. “Era fantástico aquele ataque pela diferença de atitudes. Terto era um jogador raçudo que sempre procurava a vitória. Quando eu jogava pela meia-esquerda sempre colocava a bola em seu pé. Daí, o zagueiro vinha por trás, trombava com ele e rebatia. Um belo dia, ele encostou em mim e disse: – Olha, gringo, não me dê mais a bola no pé. Você joga em cima do zagueiro que eu atropelo e vou para o gol“, conta Pedro Rocha.

Um dos jogos mais memoráveis foi contra o São Bento, fora de casa, Terto jogou muito naquele dia, meteu um golaço e o São Paulo saiu com a vitória por 3 a 0, fortalecendo o favoritismo Tricolor para a conquista do campeonato daquele ano.

Apesar de ter se firmado no São Paulo só dois anos após sua chegada (isso porque em 1968 ainda oscilava e não era 100% titular), Terto tinha muita disciplina e geralmente não ia com seus companheiros para as baladas. Foi muito importante na Libertadores de 1973 contra o Independente da Argentina. No primeiro jogo da final, o São Paulo ganhou por 2 a 0, mas no segundo perdeu por 1 a 0 levando para o terceiro jogo. Infelizmente Terto foi expulso no segundo jogo e não jogou o terceiro onde o São Paulo foi derrotado.

Pelo São Paulo foram 500 jogos, 243 vitórias, 151 empates e 106 derrotas, marcou 84 gols, conquistou os Campeonatos Paulistas de 1970, 1971 e 1975 e o Taça dos Campeões Estaduais Rio-São Paulo de 1975, além dos torneios que participou. Depois que se aposentou trabalhou nas categorias de base do Tricolor, na formação de novos jogadores.

Naqueles tempos, os torcedores do tricolor paulista poderiam até questionar sua habilidade! Poderiam dizer que Terto não era craque, que não tinha intimidade com a bola nos pés e que seus gols eram fruto da própria superação.

Contudo, entre braçadas, tropeços e solavancos, Terto transbordava dedicação. Um autêntico batalhador em campo! Assim, o jovem e promissor pernambucano foi conquistando seu espaço no exigente cenário paulista.

Conforme matéria publicada nas páginas da revista Placar em 22 de outubro de 1976, Terto passou por momentos difíceis até alcançar o reconhecimento como jogador de futebol.

Na juventude, o rapazola viveu um drama pessoal pela separação dos pais e foi morar com os tios. Sua grande fase no futebol pernambucano aconteceu em 1967, quando conquistou o Torneio Hexagonal Norte-Nordeste pelo Santa Cruz.

Em janeiro de 1968, o São Paulo Futebol Clube precisou desembolsar 150 mil cruzeiros para contar com uma das maiores revelações do futebol nordestino!

Terto chegou em uma época difícil para o torcedor do São Paulo, que amargava mais de uma década sem o prazer de comemorar um título paulista.

Na época, grande parte dos recursos financeiros do clube eram destinados para a conclusão do Estádio do Morumbi. Mesmo assim, o time quase chegou ao título paulista em 1967.

Assim como outros desavisados que desembarcam na ameaçadora “Selva de Pedra” paulistana, Terto viveu dias de puro deslumbramento na vida noturna da cidade grande. Chegava atrasado nos treinamentos e com os olhos inchados.

Para tentar justificar, Terto dizia que ficou assistindo televisão até mais tarde, que tinha insônia, que sofria com saudades dos familiares e coisa e tal.

Durante a temporada de 1969, seu rendimento em campo desabou. Os exames realizados no Hospital Santa Catarina revelaram uma dura realidade, decerto originada nas dificuldades vividas na mocidade!

De acordo com a mesma matéria da revista Placar de 22 de outubro de 1976, a equipe médica do Doutor Dalzel Freire Gaspar diagnosticou uma espécie de “verminose múltipla” instalada em seu organismo.

Todavia, os medicamentos eram tóxicos demais e isso o enfraqueceu de forma significativa. Na recuperação, Terto pulou de 63 para 78 quilos e precisou fazer um regime especial.

Com outras opções na ponta-direita, como Nicanor, Miruca e Paulo Nani, Terto continuou aproveitado pela meia-direita, até a chegada do técnico Zezé Moreira, que logo percebeu que a velocidade de Terto poderia ser útil em outras posições da linha de ataque. O valente pernambucano era um atacante sem medo de “cara feia” e extremamente útil para romper retrancas!

Quando o Morumbi foi completamente inaugurado em 25 de janeiro de 1970, um novo ciclo foi iniciado. Agora era necessário levantar o “caneco” paulista e dessa forma os dirigentes decidiram fortalecer o plantel.

O reforço do elenco começou bem antes. No dia 17 de julho de 1969, Gerson “O Canhotinha de Ouro” assinou contrato com o São Paulo. Pouco depois, no mês de agosto, Toninho Guerreiro deixou o Santos e foi apresentado no Morumbi.

Por ocasião da chegada do astro uruguaio Pedro Rocha, Terto foi definitivamente aproveitado como ponta-direita, um momento especial ao lado de Toninho Guerreiro e Paraná.

Jogando pela ponta-direita, Terto aprendeu rapidamente como tirar proveito dos lançamentos perfeitos de Gerson “O Canhotinha de Ouro”. Mais tarde, soube aproveitar também o toque sempre refinado de Pedro Rocha.

Entre tantos talentos, Terto era a espoleta de impetuosidade, o atacante da conclusão! Uma energia vigorosa que completava aquela memorável linha de ataque.

Terto entrou para os livros de história do clube como o autor do primeiro gol do São Paulo no campeonato brasileiro. Foi no dia 14 de agosto de 1971, na derrota por 3 a 1 para o Santos.

O jogador permaneceu no Morumbi até 1977. Negociado com o Botafogo Futebol Clube da cidade de Ribeirão Preto (SP), Terto viveu grandes momentos ao lado de Lorico e Sócrates.

Terto também passou muito bem pelo Ceará. Jogou no Ferroviário Atlético Clube em 1979 e foi campeão cearense. Na temporada seguinte defendeu o Fortaleza Esporte Clube até deixar os gramados. Algumas fontes registram ainda uma passagem pelo Grêmio (RS).

Hoje é orientador do COD no SPFC, departamento Futebol Society e tem uma escolinha de futebol no bairro de Jardim Umarizal, zona sul de São Paulo. Paralelamente, segundo o jornalista Fábio Pizzato, é funcionário do tricolor desde a década de 80, atuando na função de professor de futebol dos sócios do clube.

Até a próxima!

Mara Casares é Advogada, Conselheira Eleita no São Paulo Futebol Clube e à frente da Diretoria Feminina do Clube Social.

Fundado em 25 de janeiro de 1930, o São Paulo Futebol Clube é o time brasileiro com o maior número de títulos internacionais, único no país a ostentar três títulos mundiais (1992, 1993 e 2005) e o primeiro time do Brasil a se consagrar três vezes campeão da Taça Libertadores da América. Com uma base cerca de 20 milhões de torcedores, é reconhecido mundialmente pelas suas três cores (vermelho, branco e preto) e por ser também um celeiro de craques de nível internacional e que defenderam e foram campeões mundiais com a Seleção Brasileira.

São Paulo Futebol Clube
Av. Jules Rimet, Portão 7. Morumbi, São Paulo – SP. CEP 05653-070.

Assine

Nossa Newsletter

Inscreva-se para receber nossos últimos artigos.

Conheça nossa política de privacidade

vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (1)
vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (2)
vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (3)
vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (4)
vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (5)
vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (6)
vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (7)
vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (8)
vinheta-janeiro-2012-banner-v1 (9)
Anterior
Próximo

Artigos recomendados

Ainda não há comentários. Deixe o seu abaixo!


Deixe uma resposta