Disability Equality Index (DEI) e a tecnologia como inclusão

Diversidade Dolce

Caroline Vargas Barbosa

Em 2018, segundo pesquisa da Disability Equality Index (DEI), a adoção de práticas inclusivas no ambiente de trabalho trouxe resultado de 28% a mais em receitas. E ainda o dobro de lucro líquido e margens de lucro econômico 30% superior a de seus concorrentes que não contam com políticas de diversidade e inclusão de pessoas com deficiência.

A Disability Equality Index (DEI) é métrica internacional usada para avaliar as práticas e políticas de inclusão de pessoas com deficiência, visíveis ou invisíveis. Entre os pontos analisados na métrica, encontram-se questões de: desenvolvimento de cultura e capacidade de desenvolvimentos de lideranças inclusivas.

O acesso à empresa é verificado do aspecto ambiental – física e virtualmente – e pela promoção de vagas destinadas à inclusão de pessoas com deficiência em diversas áreas e cargos da empresa. As práticas de emprego, por sua vez, são verificadas em análise de benefícios, recrutamento, oportunidades internas, retenção, estímulo à educação e capacitação às vistas de progressos nos planos de compliance. Segue o parâmetro pela análise de diversidade de fornecedores, como também o envolvimento e reconhecimento da sociedade

O uso de tecnologias viabiliza e otimiza bons resultados como em quesitos avaliados pela métrica internacional de inclusão de pessoas com deficiência. A verificação de atividades que possam ser alteradas por automação, uso de aplicativos de acessibilidade e inteligências artificiais corroboram para o desenvolvimento e estímulo das capacidades (e potencialidades) diversas das pessoas com deficiência.

A tecnologia e algumas das suas possibilidades

Você sabia que há uma crescente busca por neurodivergentes em empresas de desenvolvimento tecnológico? Isso porque, muitas vezes, como ocorre com pessoas com espectro autista, desenvolvem características de hiperfoco. E em tempos de explosão de informações – e dispersões, o hiperfoco é característica valorizada.

Empresas de tecnologia têm promovido antes mesmo da contratação, programas de inclusão pela (neuro)diversidade, acelerando a entrada de pessoas com deficiências invisíveis no mercado de trabalho. Por exemplo, há o desenvolvimento de consultorias, como a Specialisterne, que capacitam e ajudam em seleções de pessoas com espectro autista em vagas de tecnologia.

E mais: você sabia que em 2021, o BigCorp Data, produzidos para o Movimento Web para Todos, concluiu um relatório em que identifica que apenas 0,8% de quase 17 milhões de websites no Brasil são acessíveis para pessoas com (alguma) deficiência?

E você sabia que, em 2015, o Estatuto da Pessoas com Deficiência (art. 63) determinou em lei como obrigatória a acessibilidade de sítios de internet para todos aqueles que são mantidos por empresas com sede ou representação nacional, e também aos órgãos do governo? E aqui funda-se o impulso no mercado corporativo para adequação digital para cumprimento de determinação legal.

Esse aspecto deu espaço para startups, como a EqualWeb que atua para reduzir a exclusão digital em websites brasileiros. Ela oferece um portfólio de mais de 3 soluções em acessibilidade. Por exemplo: comandos de voz que aproximam a acessibilidade de pessoas com limitações motoras, paralisias ou deficiências visuais. Outro exemplo é a descrição de imagem – essencial às pessoas com deficiências visuais. No Brasil, essa startup já atua em empresas como Coca-Cola, Motorola e Basf.

Outro grande exemplo tecnológico em inclusão é o Livox – sigla para Liberdade em Voz Alta. Em 2015, foi apresentado, mundialmente, na conferência do Google I/O, nos Estados Unidos. Uma tecnologia inclusiva, capaz de se ajustar de acordo com a deficiência, após autodeclaração do usuário em questionário inicial, voltada para a educação em que, por meio de um software, alunos podem dividir a mesma sala de aula, independente de suas limitações.

A Prefeitura de Recife adquiriu a licença e informa em seu sítio oficial que a “Tecnologia Assistiva facilita diretamente a comunicação de 260 estudantes com deficiência e, indiretamente, a todos os estudantes da Rede Municipal de Ensino do Recife que são recebidos nas salas de recursos multifuncionais.” E ainda, as estimativas orçamentarias e financeiras demonstram que após os três primeiros anos, o valor gasto como investimento de inclusão já havia retornado aos cofres públicos.

Ainda premiada pela ONU, pelo uso da tecnologia a serviço da acessibilidade, a Guiaderodas solucionou problemas de treinamento com perspectiva a uma atitude acessível.

O desenvolvimento da tecnologia, em prol da inclusão, ultrapassa as relações laborais, e podem trazer um mercado de infinitas possibilidades às empresas que querem promover a inclusão, fora do seu ambiente de trabalho. Visam alcançar processos inclusivos na sociedade e na comunidade. Ou como estímulo às práticas ESG ou para melhor formação e solidez no mercado de investimentos e reconhecimento social que promove a identificação de consumo.

O estímulo pode ser correlato às atividades da empresa, ou como banco de talentos ou visando a atuação direta de rompimentos de desigualdades. O desenvolvimento de negócio, ou atividade empresarial, busca resolver problemas específicos de sociedades, comunidades ou grupos de sujeitos.

É possível estimular um empreendedorismo inclusivo, que vise incluir pessoas com deficiências. Ou em suas propagandas de marketing sensorial, ou a acessibilidade de consumo em restaurantes e bares com desenvolvimento de aplicativos que facilitam a interação e a comunicação. Ou ainda, estímulos e desenvolvimentos de atividades tecnológicas que estimulem a autonomia e a liberdade do indivíduo.

Caroline Vargas Barbosa é advogada, docente universitária e pesquisadora. Doutorando em Direito pela UnB, Mestra em Direito Agrário pela UFG e especialista em Processo Civil pela UFSC. Atua em pesquisas e assessoramentos de diversidade, inclusão e ESG.

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