O que esperar da agenda ESG em 2023?

Nos últimos tempos, o termo ESG vem ganhando grande visibilidade, resultado da pressão da agenda global que estabeleceu a data de 2030 para que o mundo corporativo se ajustasse às questões ambientais, sociais e de governança, que passaram a ser consideradas essenciais. É preciso assumir uma mentalidade estratégica e incorporar as questões ESG aos negócios, transformando práticas, processos e estruturas para viabilizar um futuro dentro dos padrões desejados.

Em 2023, o ESG deve ganhar ainda mais protagonismo no que se refere ao papel das empresas como agentes transformadores. Com a COP-27, tópicos como meio ambiente cresceram ainda mais na boca da população e há cada vez mais, um consumidor em busca de soluções mais sustentáveis. Por isso, é urgente a necessidade da implementação de ações ESG.

Dessa forma, reunimos 9 empreendedores de diversos setores para dizer o que esperar da agenda ESG em 2023:

Imagem de Freepik

Interesse dos investidores

As empresas que cumprem a agenda ESG têm um enorme espaço para recebimento de capital dos investidores em 2023, afinal, elas já pensam no futuro do planeta com soluções ligadas a preservação do meio ambiente através de medidas que possam combater ao desmatamento, emissão de gases do efeito estufa, entre outras medidas eficientes que necessitem de tecnologias verdes com enorme potencial de retorno financeiro. Segundo Amure Pinho, fundador do Investidores.vc, este ano a plataforma acompanhou muitas startups dos setores de cleantech, energias sustentáveis e novos fundos de investimento como o da Votorantim, focados em soluções ESG e esse ponto deve permanecer no radar de investidores por pensar em um futuro mais verde. “É provável que o mercado de startups cada vez se preocupe mais com o tema, pois a estratégia ESG das empresas vai estar cada vez mais na mira dos investidores, que por sua vez podem se portar mais exigentes e atentos a métricas e segmentos mais específicos nesse sentido”, completou.

Além disso, há inúmeras evidências de que os fundos de longo prazo destinados à agenda ESG contribuem para uma geração de recursos mais estáveis e duradouros. Para Nicolaos Theodorakis, fundador e CEO da Noah, startup que oferece soluções tecnológicas para a construção civil, os investidores devem desmistificar o mindset de que investir em empresas, fundos ou índices associados à agenda ESG trata-se de boa ação. “Ser sustentável é imprescindível no mercado, por isso, em um futuro próximo, malvisto será quem ainda não se adequou aos aspectos ambientais, sociais e de governança. Tornar os critérios de sustentabilidade intrínsecos à rotina da empresa em 2023 trará ainda mais lucratividade, valor de mercado e, sobretudo, transparência”, afirma Theodorakis.

Mobilidade Urbana

A maneira como se entende a mobilidade urbana mudou muito com a chegada de novas tecnologias. Com soluções inovadoras, a mobilidade inteligente passa a ser essencial para garantir o cotidiano das cidades e ajuda a promover um futuro sem congestionamentos, que acaba interferindo diretamente na quantidade de pessoas que escolhem utilizar a tecnologia e deixar o carro em casa pensando ainda mais no meio ambiente. Segundo Rodrigo Petroni, CEO e co-fundador da UPM2, startup paulista que oferece soluções de mobilidade urbana para desburocratizar transações por meio de QR Code, o transporte público muitas vezes é ineficiente e a infraestrutura existente é insuficiente para garantir boas condições de transporte urbano. “Acreditamos que a tecnologia do nosso app SP Pass é uma ferramenta para estabelecermos um ambiente mais sustentável na mobilidade urbana visando às soluções ESG, além de oferecer mais comodidade aos usuários, que conseguem carregar o Bilhete Único diretamente do celular ou pagar a tarifa via QR Code, sem precisar utilizar dinheiro físico”, finalizou.

Eventos

Pensando na transformação da capital paulista em uma Smart City, o Ibraworkhub de open innovation, foi fundado em 2021 para desenhar programas personalizados de inovação, cultura e gestão para empresas dos mais diversos setores. Desde a inauguração, promove eventos e encontros em sua sede para especialistas, executivos e profissionais com a intenção de impulsionar diversos segmentos. Segundo Tania Gomes, diretora de inovação da empresa, a expectativa é que em 2023 os eventos realizados e apoiados pela Ibrawork estejam focados em ESG. “Esse ano promovemos eventos para entender qual o nosso papel na sociedade civil, especialmente atendendo as agendas de sustentabilidade, responsabilidade social e governança. Para o próximo ano, é possível prever que a agenda ESG estará na maioria dos eventos, especialmente aqueles que abrem espaço para palestrantes, discussões e painéis. Isso acontecerá porque não há desenvolvimento em qualquer setor sem considerar este tópico “, completou.

Compliance Ambiental

Debates sobre a implementação da agenda ESG têm estado cada vez mais presentes no mundo corporativo, e nunca se falou tanto sobre a importância da preservação do meio ambiente. Neste sentido, o compliance ambiental vem ganhando destaque dentro das corporações. “Com a presença do ESG, temos notado que as empresas têm sido estimuladas a investirem na responsabilidade social e em atividades como a de compliance ambiental. 2023 é o ano em que o controle de impacto ao meio ambiente estará na linha de frente de grandes empresas. Afinal, ninguém deseja relacionar a sua marca a atividades que podem causar danos à natureza, comprometendo a sua imagem e, ainda, correndo o risco de ser multado por órgãos ambientais”, comenta Eduardo Tardelli, CEO da upLexis, empresa de tecnologia especializada em mineração de dados.

Gestão de resíduos eficiente

Para se ter uma ideia, 41% dos resíduos são destinados incorretamente e apenas 3% são reciclados ou reaproveitados, resultando em mais de 700 acidentes ambientais por ano. Um dos principais fatores que levam a esse baixo índice é a dificuldade das indústrias em fazer o controle e a gestão de resíduos, garantir que seus resíduos sejam destinados de forma correta, estando compliance com a legislação. E para sanar essa dor latente do mercado que a Vertown nasceu. “Por meio de nossa plataforma, as empresas conseguem acompanhar toda a rastreabilidade de seus resíduos, podendo utilizar a inteligência de dados para gerar melhorias em todo esse processo e auxiliar os clientes a reportar os principais indicadores de ESG, entre outros pontos. “Acredito que devemos promover, cada vez mais, discussões relevantes sobre ESG e desenvolvimento sustentável nos negócios em nosso país”, comenta Guiarruda, CEO da Vertown.

Construção Civil

Segundo a PAIC (Pesquisa Anual da Indústria da Construção), o setor de construção (um dos pilares da economia nacional) movimentou, em 2020, mais de R$344 bilhões. Diante desse cenário, vemos os olhares atentos de gestores do setor para entender melhor o ESG e qual é seu real papel na construção. De acordo com Vinicius Callegari, co-fundador da GaussFleet, maior plataforma de gestão de máquinas móveis para siderúrgicas e construtorasum exemplo é a digitalização de documentos, reduzindo drasticamente o volume de papéis utilizados e, consequentemente, a necessidade do corte de novas árvores.

“Além disso, quando as indústrias do segmento apostam na automação, muitas vezes por meio de IoT e geoprocessamentos, conseguem diminuir o índice de erros humanos, gerando insights mais assertivos para tomadas de decisões e, claro, ganho de performance e escala em campo. Outra mudança que pode ser implementada, ainda seguindo a linha de aplicar tecnologias na construção, é o monitoramento em tempo real das máquinas em campo, com a possibilidade de observar índices importantes, como queima de combustíveis, ociosidade das máquinas e até mesmo a forma de direção de cada motorista”, explica.

Atenção às leis de incentivo fiscal

O investimento em iniciativas socioambientais também é uma oportunidade de aproveitar as leis de incentivo fiscal existentes no Brasil para fortalecimento da agenda ESG e geração de impacto positivo. No entanto, existe um gargalo entre o investimento social privado através de leis de incentivo e a captação de recursos para projetos financiados por essas leis.

“Em 2023, é possível que as leis de incentivo fiscal para iniciativas socioambientais sejam reforçadas. Entretanto, seu aproveitamento ainda é desafiador, porque é necessário realizar um diagnóstico e um mapeamento do potencial das empresas para que elas saibam como fazer uso desses incentivos. Cada negócio tem potencial para direcionar seus impostos para diferentes iniciativas, de acordo com seu perfil tributário. Aliado ao desconhecimento sobre a própria existência dessa legislação, a eficiência tributária com foco em projetos sociais é subutilizada. Por isso, é importante contar com uma consultoria para ajudar a encontrar o caminho certo”, diz Douglas Nicolau, CEO da Incentiv.me. A startup é graduada no InovAtiva Brasil, maior programa de aceleração de startups da América Latina e trabalha para realizar a conexão empresas e projetos, através de um ecossistema de impacto social.

Economia circular

A economia circular aos poucos vem conquistando espaço, principalmente no ambiente empresarial e legislativo, afinal, diante de um consumo mundial mal distribuído e descontrolado, debater sobre o consumo consciente tornou-se inevitável. “As novas gerações priorizam marcas ambientalmente mais atuantes. O atual consumidor é mais consciente em seus hábitos de consumo, isto é, está mais atento às suas escolhas. Para 2023, empresários e investidores deverão ouvir e mapear atentamente estas novas gerações para entender e atender suas reais necessidades, com o objetivo de apoiá-las”, conclui Pamela Paz, CEO do Grupo John Richard, detentor das marcas: John Richard, maior empresa de mobiliário como serviço do Brasil, e Tuim, primeira empresa de móveis residenciais por assinatura no país.

Colaboração da pauta:

PiaR Group

Juliana Oliveira
[email protected]

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