Projeto Arrastão capacita e encaminha milhares de adolescentes da periferia para o mercado de trabalho

ONG, localizada no bairro do Campo Limpo (SP), já atendeu mais 14 mil pessoas com os programas educacionais e sociais na região e oferece cursos e oficinas gratuitas que incentivam a autonomia e trabalham a confiança para o desenvolvimento pessoal e profissional, enquanto prepara e encaminha para o mercado de trabalho

Jovens recebem formação profissional e social no Projeto Arrastão

O Projeto Arrastão – uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que acolhe e dá suporte às famílias que vivem em condições de vulnerabilidade social e econômica no Campo Limpo e região – está prestes a completar 55 anos, e comemora a data com incontáveis histórias de sucesso, frutos dos cerca de 48 mil atendimentos já realizados na comunidade e adjacências. Só entre os beneficiados pelos programas educacionais e sociais, que inclui participantes de cursos e oficinas gratuitas que incentivam a autonomia e trabalham a confiança para o desenvolvimento pessoal e profissional, já contabilizam mais de 14 mil jovens.

Dentre as capacitações do projeto está o programa de formação, dedicado ao acolhimento e desenvolvimento das habilidades pessoais, profissionais e empreendedoras como educação complementar à escola. A iniciativa engaja alunos e familiares no fortalecimento de vínculos positivos dentro do espaço e prepara os jovens para o início de sua jornada profissional, inclusive com encaminhamento para o mercado de trabalho. Assim, o ambiente acaba sendo essencial para a formação completa do indivíduo, ao passo que ensina atividades técnicas entre oficinas de artes, aulas de educação financeira, empreendedorismo, corte e costura, gastronomia, administração básica, esportes e dança, além de outras ações focadas na preparação para a vivência no mercado de trabalho, como mentorias.

Para a consultora pedagógica do Programa de Formação de Jovens do Arrastão, Leila Moura, o projeto tem a missão de formar cidadãos capazes de transformar a realidade e o meio em que vivem, sempre considerando o bem coletivo. “Além das técnicas, procuramos acolher, escutar e cuidar dos nossos jovens, para que tenham um caminho e um futuro brilhante pela frente, tanto na vida pessoal quanto profissional. Em resumo, não damos o peixe, mas ensinamos a pescar”, declara.

Divulgação

Os estudantes têm uma oportunidade única de trocar experiências e ter o contato inicial com o mercado de trabalho. “Tive a possibilidade de adquirir vários conhecimentos por meio de palestras incríveis que o Projeto Arrastão proporciona para os jovens. Ao final dessas palestras aconteciam as mentorias, nas quais empresários podem conhecer os jovens do programa e convidá-los para participar do processo seletivo. Assim eu fui uma das escolhidas e hoje estou inserida no mercado de trabalho”, conta orgulhosa, Iasmyn Machado, de 17 anos.

No Brasil há cerca de 500 mil jovens aprendizes, segundo um estudo feito pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Contudo, esse número seria maior se mais empresas aderissem à Lei de Aprendizagem (10.097/00), contratando de 5% a 15% de jovens aprendizes.  todos entrem na regra, a estimativa é que o país teria entre 916 mil e 3 milhões de aprendizes. Dentro deste contexto, o Projeto Arrastão procura melhorar esse percentual, incentivando e educando os jovens para que possam dar início à jornada de trabalho com orientações de comportamento para entrevistas de emprego, palestras e rodas de conversa sobre profissões, entre outros tópicos.

Na prática, a indicação dos jovens ao processo seletivo funciona por meio de parcerias com empresas, que nos procuram apontando o perfil do profissional para preenchimento da vaga. Internamente, realizamos uma pré-seleção e encaminhamos os currículos dos selecionados para avaliação do RH da empresa, que daí em diante tem autonomia para contatar o candidato e seguir com o processo da maneira que mais adequada à sua cultura. Além disso, orientamos o cadastramento em plataformas que disponibilizam vagas para jovens aprendizes”, explica Hugo Ricardo, coordenador do Programa de Formação de Jovens no Projeto Arrastão.

Mirella Rodrigues Santos, de 16 anos, também participou do programa Arrastão e hoje trabalha na área de exportação marítima e conta como entrou na empresa. “O processo seletivo foi uma surpresa, minha educadora selecionou a mim e outros colegas. Fizemos a entrevista com os diretores da companhia contratante e a gerente de RH. Foram selecionados cinco candidatos para a segunda fase, incluindo eu”. E complementa em tom de saudosismo e agradecimento: “É muito difícil algum jovem sair do Arrastão sem ter tido a experiência de participar de pelo menos um processo seletivo. Além de eu já estar preparada pelas aulas e iniciativas da formação, tive a “sorte” de conseguir o emprego logo na minha primeira entrevista.”

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Além da capacitação profissional oferecida em cronograma acadêmico, o Programa também desenvolve soft skills, incentiva a integração e coletividade, sempre promovendo a aprendizagem por meio de um ambiente confortável e acolhedor, como conta a Isabella Ferreira, de 17 anos, que hoje trabalha como aprendiz no setor de design de uma empresa do agronegócio: “Os dias no Projeto Arrastão para mim são como um livro de colorir novo, com páginas em branco, e que a cada conhecimento obtido, foi ganhando cor. Lá dentro a sensação não era de estar na escola, mais do que isso, era como estar em família, amadurecendo. Eu cresci muito com tudo que aprendi lá, inclusive como pessoa”, recorda.

Outro dos tantos cases de sucesso do programa e que demonstra o quão longe um jovem pode chegar por meio da educação, está a história da Sara Carvalho, que hoje tem 20 anos, prestes a completar quatro anos como Analista de Suporte de Vendas. “Foi uma experiência bastante enriquecedora. Talvez, sem a preparação que tive, eu não estivesse aqui por tanto tempo, acumulando toda essa valiosa bagagem, fortalecendo minha trajetória no mercado de trabalho”, comenta Sara. 

No Projeto Arrastão, há uma extensa programação de atividades nas áreas de educação, cultura, geração de renda, desenvolvimento comunitário e qualidade de vida, desde a infância até a maturidade, com o propósito de oferecer melhores condições de sobrevivência. Todas as iniciativas são gratuitas e usam a educação como ferramenta de transformação. As vagas para cursos e atividades são abertas o ano todo e o calendário pode ser acompanhado pelo site da ONG www.arrastao.org.br, nas redes sociais ou ainda presencialmente no setor de atendimento, na secretaria. 

Colaboração da pauta:

Loures Consultoria

Anna Lambiasi | anna.lambiasi@loures.com.br

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