Preocupação em desenvolvimento social e humano deve ser de todos!

Os anos passam, mas continuo trabalhando por justiça social em pró de pessoas menos favorecidas

Crianças cuidadas pela Associação Criança Brasil

Por Liana Muller

Meu primeiro olhar para as famílias mais necessitadas desta grande metrópole, que ė São Paulo, foi na década de 80 quando voltei de um período de 10 anos morando com minha família em Nova Iorque.

Ao retornar, me foi impossível não perceber o gigantesco contraste social, e muitos deles, estavam bem ao meu lado.

Como não ver crianças nas ruas pedindo comida e ajuda?!

Como não se indignar por assaltos feitos por crianças?!

E quanta fome podia ver nos seus corpinhos magros e famintos com seus olhos pedindo por socorro.

Dedico, desde então, meu tempo na tentativa de mudar esta situação. Ou, no mínimo, diminuir o abismo que as separam de qualquer dignidade humana.

Trabalho para estruturar creches e espaços para crianças e adolescentes, para que possam ter sonhos e planos para uma vida mais digna, mais justa.

A sociedade precisa de espaços para acolher as crianças em estado de risco social e educacional.

Sim, são as crianças que devemos dar mais prioridade! Elas precisam de um suporte para realizarem suas vidas! Com um pouco de ajuda na formação de cidadãos, elas desabrocham seus potenciais e, não apenas podem levar uma vida mais digna, mas certamente darão mais contribuição social!

Clamo por ajuda de qualquer um para um problema que é de toda a sociedade! Não adianta negarmos o que está em nossa face!

Jardim Panorama, Morumbi, São Paulo

Busco ajuda junto ao poder público, junto a sociedade como um todo, a empresários mais atentos e tocados por sua responsabilidade social. Há, entre estes, muitos que compreendem que estas crianças podem contribuir no mercado de trabalho, nos empreendimentos futuros como profissionais que ajudarão em crescimento econômico e, portanto, melhora social.

Há muita coisa que pode ser explorada para se fazer a diferença para nossas crianças. Ao dar-lhes oportunidades, elas se desenvolvem! Eu sei disso, por experiência de 30 anos trabalhando com elas!

Busco o poder público, o governo para ajudar, claro, mas tenho buscado também e, principalmente, a iniciativa privada, os empresários. Como citei acima, aqueles que tem visão genuína de empreendedor, que realizam projetos edificantes, conseguem enxergar o potencial humano nas crianças e verem que, com trabalho e formação social adequada, serão adultos que irão zelar pelo legado de todos.

Fizemos muito, mas não o suficiente.

Infelizmente, ainda hoje temos empresários que tem dificuldade em enxergar um pouco mais além. Uma certa miopia que, convenientemente, somente interessa a seus projetos em regiões mais valorizadas, mas não percebem que a deterioração começa justamente por excluir aqueles que podem lhe contribuir para um ambiente social saudável, mais justo, de forma a promover um futuro mais rico e vantajoso à toda sociedade, evitando justamente bolsões ou bolhas de alto padrão, cercadas por ambientes perigosos que geram insegurança e, na pressão social, violência.

Se pararmos para analisar, é assim que vivemos hoje. Se não atuamos, nós cidadãos que buscam a valorização humana, é a miséria, a tristeza, a violência, a barbárie e ao final o crime organizado que ocupam o vazio deixado por nós. Sim, eu e você!

E quando vivemos uma situação “de salve-se quem puder”, mais ou menos, como estamos hoje, vemos muita gente que pode e tem condições de ajudar, não se importando se tiram ou se destroem espaços usados para pessoas menos afortunadas que acabam por precisar morar em situação de miséria.

E aí é que está o ciclo pernicioso.

Associação Criança Brasil

A iniciativa privada não pode destruir uma igreja onde muitos se refugiam e abraçam sua fé para orar e pedir por dias melhores, por proteção à sua família e, por um futuro que tenha um verdadeiro significado.

A iniciativa privada não pode tirar a única quadra esportiva onde crianças e jovens desfrutam de algum lazer e praticam atividades esportivas. Será que não entendem que tais são mecanismos de socialização e cidadania?

Esta iniciativa privada, danosa à sociedade, precisa dialogar! Seus empreendimentos podem, e devem, ser considerados, afinal, sabemos todos que eles podem gerar riqueza, mas é necessário dialogar com todos ao redor! O que não podemos admitir é a destruição de espaços cuja intenção genuína é a de criar laços sociais e de civilidade.

Dirijo-me a toda iniciativa privada, porém, preciso neste meu depoimento, levar a público um caso em particular, do qual me refiro aos parágrafos anteriores.

Conduzo com diversas colaborações, ações sociais no Jardim Panorama, no Morumbi, em São Paulo. Há algum tempo, o grupo JHSF destruiu uma igreja e a quadra esportiva, como citei, nas quais tinham a comunidade local se utilizava.

Compraram o local e, somente por isso, simplesmente foram lá e tomaram o lugar, expulsando quem usava, sem qualquer aviso.

Não sou contra o progresso, creio que você que me lê já entendeu isso. Vejo ele como um elemento de geração de riqueza e fator decisivo na construção de uma sociedade mais justa, porém, não se pode subjugar as pessoas!

A JHSF tem todo o direito de adquirir o que precisam para seus empreendimentos, mas teria sido fundamental entender que o espaço já era ocupado por atividades lícitas e sociais! E, que com um mínimo de consciência, deveriam ter buscado interlocutores para tratar o que fazer, não com a igreja ou a quadra, mas com as pessoas e suas atividades nestes espaços.

Neste espaço, no Jardim Panorama, está a creche Associação Criança Brasil, fundada em 1988 e que cuida de crianças para que seus pais possam trabalhar para seus sustentos.

A bailarina Luana Menezes se apresenta na Sala São Paulo; ela cresceu e se desenvolveu muito com a ajuda Associação Criança Brasil e hoje, sua filha, frequenta a mesma creche, da Associação, em que ela um dia já esteve
Liana Muller com Luana Menezes e sua filha

A JHSF tirou o parquinho de tomar sol onde crianças brincavam e, no lugar, deixaram a insegurança e a desesperança nas famílias que vivem na região.

Até agora, esta empresa se recusa a dialogar e não demonstra qualquer responsabilidade social.

Destruíram patrimônios sociais, o que significa destruir condições mínimas para que estas famílias possam buscar um mínimo de dignidade e futuro aos seus filhos e, portanto, nossas crianças enquanto sociedade.

As pessoas que comandam o grupo JHSF se projetam achando que estão construindo um mundo novo e rico para muitos, quando na verdade, estão destruindo um mundo que já existe, que respira esperança e pede por apoio e ajuda.

A Associação Criança Brasil atende hoje mais de 900 crianças!

Quantas outras associações não estão sendo também atacadas e menosprezadas pela estupidez e miopia cívica e social de empresários? Quantos deles não entendem que tais ações vão contra o combate da miséria e da criminalidade?

O que ainda pretendem?

Luto há mais de 30 anos e não pretendo parar.

Espero ainda poder tocar o coração de pessoas para a construção de um futuro melhor.

Liana Muller é fundadora da Associação Criança Brasil 

@lianamborges | @criancabrasil

Jantar Solidário Associação Criança Brasil

A Associação Criança Brasil convida seu parceiros, doadores e vizinhos de alguma de nossas unidades para um jantar de confraternização e parceria. 

Será uma oportunidade de conhecer as pessoas que fazem a Criança Brasil e conversarmos sobre nosso trabalho e como contribuir com nossa missão.

Data: 05/06, das 18:30 às 22:30.

Local Restaurante Maremonti Vila Olimpia.

Rua Elvira Ferraz, 250

Convite individual R$200,00 

Parte da renda será revertida para a Criança Brasil 

As vendas estão sendo realizadas por esse link:

https://criancabrasil.colabore.org/jantarmaremonti

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