Diversidade Dolce
Caroline Vargas Barbosa
A estimativa da Associação Brasileira do Déficit de Atenção sugere que entre 5% e 8% da população mundial enfrenta o desafio do TDAH, um dos distúrbios mais prevalentes atualmente. Nesse cenário, a inclusão desses indivíduos no ambiente de trabalho pode ser um desafio, dadas as dificuldades de manter o foco e controlar impulsos
Os artigos assinados não traduzem ou representam, necessariamente, a opinião ou posição do Portal. Sua publicação é no sentido de estimular o debate de problemas e questões do cotidiano e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo
As deficiências ocultas, como transtornos mentais, distúrbios do desenvolvimento, condições neurológicas e doenças crônicas invisíveis, podem ser especialmente difíceis de lidar em um ambiente profissional devido à falta de consciência e compreensão por parte dos empregadores e colegas.
Um dos principais desafios é o estigma associado às deficiências ocultas. Devido à sua natureza invisível, as mulheres que vivenciam essas condições muitas vezes enfrentam falta de reconhecimento e compreensão por parte de colegas e empregadores. Isso pode levar à discriminação, isolamento e dificuldade em acessar acomodações e apoios necessários para desempenhar suas funções de trabalho de maneira eficaz.
Além disso, as mulheres com deficiências ocultas podem enfrentar dificuldades em comunicar suas necessidades e desafios no local de trabalho. Muitas vezes, há uma relutância em divulgar informações sobre suas condições de saúde devido ao medo de estigmatização ou discriminação. Isso pode resultar em falta de apoio e compreensão por parte dos empregadores e colegas, dificultando ainda mais a obtenção de ajustes razoáveis e acomodações necessárias para seu bem-estar e desempenho profissional.
Outro desafio é a falta de flexibilidade e sensibilidade por parte dos empregadores em relação às necessidades das mulheres com deficiências ocultas. Muitas vezes, os ambientes de trabalho não são adaptados para acomodar as necessidades específicas dessas mulheres, como horários flexíveis, espaços de trabalho adequados e políticas de licença médica abrangentes. Isso pode levar a uma sobrecarga de estresse e dificuldades adicionais no equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
Além disso, as mulheres com deficiências ocultas podem enfrentar barreiras adicionais ao avanço em suas carreiras devido à falta de reconhecimento de suas habilidades e contribuições. O estigma em torno das deficiências pode resultar em oportunidades limitadas de promoção e desenvolvimento profissional, impedindo-as de alcançar seu pleno potencial no local de trabalho.
Para superar esses desafios, é fundamental aumentar a conscientização, promover uma cultura de inclusão e implementar políticas e práticas que apoiem as necessidades específicas dessas mulheres no ambiente profissional.
Impacto na saúde laboral
As deficiências ocultas podem ter um impacto significativo na saúde laboral das mulheres que as enfrentam. Em primeiro lugar, o estigma e a falta de compreensão podem levar a um aumento do estresse e da ansiedade no local de trabalho. Sentir-se incompreendida ou discriminada pode causar preocupação constante e afetar negativamente o bem-estar emocional das mulheres, contribuindo para problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade.
Além disso, a falta de apoio e acomodações adequadas no trabalho podem levar a um aumento da carga de trabalho e da pressão para lidar com as demandas profissionais, o que pode resultar em esgotamento e burnout. As mulheres com deficiências ocultas podem sentir-se sobrecarregadas ao tentar equilibrar suas necessidades de saúde com as expectativas do trabalho, o que pode ter um impacto adverso em sua saúde física e mental a longo prazo.
A falta de flexibilidade e sensibilidade por parte dos empregadores também pode dificultar o acesso a cuidados médicos adequados e gerenciamento de condições de saúde no trabalho. Isso pode levar a uma deterioração da saúde física e emocional das mulheres, além de dificultar a recuperação e o tratamento de suas condições de saúde.
Além disso, os desafios enfrentados pelas mulheres com deficiências ocultas no mercado de trabalho podem afetar negativamente sua autoestima e confiança. A falta de reconhecimento de suas habilidades e contribuições pode minar sua motivação e senso de valor próprio, o que pode ter consequências adversas para sua saúde mental e bem-estar geral.
Podem ter um impacto profundo em sua saúde laboral, afetando não apenas seu desempenho e produtividade no trabalho, mas também sua saúde física, emocional e mental. Para promover uma saúde laboral adequada para todas as mulheres, é fundamental aumentar a conscientização sobre as deficiências ocultas, promover uma cultura de inclusão e implementar políticas e práticas que apoiem as necessidades específicas dessas mulheres no local de trabalho.
O machismo recaí sobre as deficiências ocultas também
Mulheres com deficiências ocultas enfrentam uma série de reflexos machistas que podem agravar os desafios que enfrentam no mercado de trabalho. Uma dessas manifestações é a descredibilidade de suas experiências e sintomas. Muitas vezes, suas dificuldades são minimizadas ou desvalorizadas devido a estereótipos de gênero que subestimam suas capacidades e experiências. Além disso, as expectativas sociais de desempenho impostas às mulheres podem ser ainda mais desafiadoras para aquelas com deficiências ocultas, levando a críticas injustas ou falta de reconhecimento por suas realizações.
Assédio e discriminação também são reflexos machistas enfrentados por mulheres com deficiências ocultas. Elas podem ser alvos de comentários depreciativos, exclusão social e até mesmo violência verbal ou física devido à interseção de sua identidade de gênero e deficiência. Essas situações podem ser ainda mais difíceis de enfrentar e denunciar devido ao machismo exacerbado no ambiente de trabalho.
Além disso, as mulheres com deficiências ocultas muitas vezes são sobrecarregadas com expectativas adicionais de cuidar de colegas, gerenciar conflitos e manter a harmonia no ambiente de trabalho, devido às expectativas tradicionais de gênero. Isso pode resultar em uma carga emocional e mental extra, prejudicando sua própria saúde e bem-estar no trabalho.
Uma alternativa utilizada para o combate são os treinamentos sobre violência com base em gênero, deficiência e direitos humanos. A prática têm sido não apenas um mecanismo de oportunidades para aprender mais sobre esses temas e direitos, mas também espaços fundamentais para compartilhar desafios e situações enfrentadas pelas pessoas que trabalham nos serviços, especialmente diante da falta de orientações claras para lidar com essas questões. Conforme dados da ONU Mulheres (2021) após três meses de treinamento, 83% dos participantes relataram uma mudança em suas ideias, percepções e atitudes em relação a gênero, deficiência e direitos humanos, enquanto 87% dos profissionais afirmaram estar aplicando o conhecimento adquirido em seu trabalho diário.
Caroline Vargas Barbosa é advogada, docente universitária e pesquisadora. Doutorando em Direito pela UnB, Mestra em Direito Agrário pela UFG e especialista em Processo Civil pela UFSC. Atua em pesquisas e assessoramentos de diversidade, inclusão e ESG.
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