A importância do sono na aprendizagem durante a quarentena

Por Prof. Daniel Christino de Almeida

A pandemia, do novo coronavírus, tem tirado o sono de muitas pessoas. Medo, angústia e ansiedade são sentimentos que se tornaram comuns entre os brasileiros, os quais tiveram a sua rotina mudada drasticamente.

Um estudo feito pelo Ministério da Saúde com duas mil pessoas revelou que 41,7% dos entrevistados apresentaram algum distúrbio de sono durante essa pandemia. Outra pesquisa recente, da Universidade de Harvard, apontou que aproximadamente 60% da população mundial possui alguma dificuldade para dormir, como dificuldade para pegar no sono, sonambulismo, ronco, bruxismo, síndrome da perna inquieta, apneia e terror noturno. Ou seja, esses problemas são mais comuns do que imaginamos, mas se agravaram significativamente durante o período de quarentena.

O fisioterapeuta Eduardo Partata destaca que esse período de confinamento gera uma ansiedade maior que o normal, o que interfere diretamente na qualidade do sono, levando a noites mal dormidas. “Caso você esteja com dificuldades para dormir na quarentena, é preciso atenção, porque dormir mal, além de afetar o sistema imunológico, deixando-o mais suscetível ao vírus, provoca alterações no humor, dores de cabeça e até mesmo uma vulnerabilidade maior a problemas cardiovasculares”, explica.

No caso das crianças, alguns hábitos inadequados também podem agravar esses distúrbios, por exemplo, o uso excessivo do celular, videogame e televisão. Esses aparelhos ativam áreas cerebrais que não deixam as pessoas descansarem, porque a adrenalina demora a diminuir. Outro fator que contribui para isso é a má alimentação, que se for rica em carboidratos e gorduras, estimula o nosso corpo, deixando-o mais agitado. Para entender melhor como isso acontece, temos que compreender como os hormônios agem no nosso organismo.

Quando acordamos, produzimos um hormônio chamado cortisol, responsável pelo aumento da frequência cardíaca e pressão arterial, provocando o nosso despertar. Aumenta também a produção de adenosina, um hormônio estimulante que nos mantém ativo durante o dia todo. No final da tarde, o organismo começa a produzir a melatonina (que é conhecido como o hormônio do sono) e ao mesmo tempo diminui a produção da adenosina. Quando a melatonina está em grande quantidade ficamos com sono e dormimos. Se nosso cérebro está muito ativo à noite podemos demorar mais para pegar no sono e consequentemente ficamos mais suscetíveis a todos os distúrbios relacionados a ele. É durante o sono que produzimos os hormônios que vamos utilizar no dia seguinte, que nos ajudam a ter entusiasmo e disposição, como a endorfina, a adrenalina, a noradrenalina e a gaba. Se esse ciclo for quebrado, na manhã seguinte, ficamos sonolentos, perdendo foco, concentração, raciocínio e memória, prejudicando, assim, a aprendizagem.

É muito importante que a criança estabeleça uma rotina durante o dia. O nosso cérebro precisa disso para garantir que o aprendizado aconteça de forma significativa. Ter horário para dormir, para acordar, uma boa alimentação e exercícios físicos regulares são fundamentais para isso. Cabe aos pais ajudarem os seus filhos a criar esses bons hábitos para que consigam aprender melhor e se concentrar nas atividades escolares.

Algumas dicas que ajudam o corpo a relaxar e ter uma boa noite de sono:

  • Um banho quente ou morno 30 minutos antes de deitar relaxa os músculos e promove a diminuição das células de ansiedade;
  • A música 8D ajuda na produção de melatonina, pois são indutoras do sono;
  • Meditação e leitura;
  • Alimentos ricos em triptofano, como: peixe, ovos, mel, grão de bico e peito de peru, pois estimulam a produção de serotonina;
  • Não comer muito e fazer exercícios intensos perto da hora de dormir;
  • Quarto arejado;
  • Alguns chás também são relaxantes, como maracujá, melissa, camomila, valeriana e cidreira.

Recomenda-se dormir em média 8h por dia ininterruptamente e de maneira profunda, para que a memória se concretize no cérebro. As informações que adquirimos durante o dia fazem um trajeto físico nele, saindo de uma área de memória de curta duração (localizada na parte anterior do cérebro) para a memória de longa duração (localizada no centro do cérebro). Logo, para que esse processo aconteça e a aprendizagem ocorra, devemos dormir essas 8h. Caso contrário, a informação não será absorvida de maneira eficiente, e o aprendizado será prejudicado. Mais importante do que quantas horas dormir, é a qualidade do sono, pois isso influenciará positivamente na aprendizagem.

Portanto, pais, a aprendizagem está intimamente ligada à qualidade do sono. Cuidemos de nossas crianças para que possam se desenvolver plenamente!

As imagens desta matéria foram cedidas pelo Colégio Anglo Morumbi e algumas tiradas antes da Pandemia. 

Prof. Daniel Christino de Almeida – Educação Física Anos Iniciais no Colégio Anglo Morumbi

@tiodanyell

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Telefone: (11) 3740-1000

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