A exposição virtual “Cinco pintores visitam Hercule Florence”, a ser lançada no dia 7 de setembro de 2021 (terça-feira) na plataforma digital Google Arts & Culture, apresenta uma seleção de imagens do artista e inventor Hercule Florence (1804-1879) e de trabalhos visuais de outros artistas, realizados no início do século 20 a partir dos originais de Florence. Tais imagens deram origem à construção de um panorama visual do passado oitocentista da província de São Paulo.
A mostra é uma parceria entre o Instituto Hercule Florence (IHF) e o Museu Paulista da Universidade de São Paulo (MP/USP), mais conhecido como Museu do Ipiranga. O projeto para reunir essas obras foi idealizado pelo historiador Afonso d’Escragnolle Taunay (1876-1958), diretor do Museu Paulista entre 1917 e 1945, no contexto das comemorações do primeiro centenário da independência do Brasil.
Ao longo de sua gestão, Taunay selecionou 120 desenhos de Florence da primeira metade do século 19, que foram então registrados em reproduções fotográficas, em negativos de vidro ou cópias em papel, entre 1917 e 1943. A partir desses negativos foram executados 91 trabalhos (entre pinturas, desenhos e azulejos), encomendados por Taunay a renomados artistas atuantes no estado de São Paulo. No dia 7 de setembro de 1922, após um período de reforma, o Museu Paulista foi reaberto, com a inauguração de cinco salas de exposição, entre elas a Sala A12, “Consagrada à antiga iconografia paulista”.
Denominado por Taunay como “Patriarca da Iconografia Paulista”, Florence retratou em seus desenhos e aquarelas temas como a rota das monções (expedições fluviais), fazendas, igrejas, tipos sociais, festas, o trabalho na lavoura e as moradias. Os registros, de notável importância histórica, formam um raro conjunto iconográfico sobre o interior do estado e têm papel fundamental na formação do imaginário paulista.
A mostra on-line destaca uma seleção de telas da Sala A12, suas matrizes e documentos textuais. São oito telas pintadas por cinco diferentes artistas: Alfredo Norfini (1867-1944), Henrique Távola (1851-?), Oscar Pereira da Silva (1867-1939), Adrien Henri Vital van Emelen (1868-1943) e Niccoló Petrilli (datas de nascimento e falecimento desconhecidas). Os trabalhos retratam os temas Cavalhadas em Sorocaba, em 1830; Monções, navegação para o Mato Grosso; e Tipos antigos. Completam a mostra quatro negativos de vidro, uma fotocópia, cinco desenhos (todos de Florence), além de dois recibos.
A curadoria da exposição é da Dra. Ana Paula Nascimento, pesquisadora colaboradora do MP/USP, com pós-doutorado pela FAU/USP. Ana Paula explica que “buscou-se destacar nas telas escolhidas os acréscimos, as retiradas e as junções de trabalhos de Hercule Florence. A exposição igualmente destaca escritos de Florence sobre as Cavalhadas de Sorocaba, que ele assistiu em 1830, e alguns dos recibos das encomendas efetuadas – material pouco explorado nas pesquisas tanto sobre Florence como dos artistas evidenciados”.
Ainda segundo a pesquisadora, “[…] destes artistas, Alfredo Norfini e Henrique Távola foram os que realizaram mais encomendas naquele período: oito e dez, respectivamente. As duas obras selecionadas fazem parte da série Cavalhadas em Sorocaba, em 1830. Por sua vez, Oscar Pereira da Silva produziu, além de outras telas, duas obras para a série Monções, navegação para o Mato Grosso. Já Adrien Henri Vital van Emelen, para Tipos antigos, assim como Niccoló Petrilli”.
PARCERIA IHF E MP/USP
A parceria entre o Instituto Hercule Florence e o Museu Paulista da USP teve início em 2011, com a digitalização, o restauro, a transcrição e a tradução do manuscrito Caderno de notas de Amado Adriano Taunay (http://www.adrientaunay.org.br/portugues/), pertencente ao acervo do MP/USP. Em 2015, com o apoio do Instituto de Física da USP, a pesquisa pôde ser aprofundada com a possibilidade de leitura da escrita a lápis que se encontrava oculta sob a tinta ferrogálica do manuscrito, revelando uma nova camada de registros sobre a História do Brasil no século 19.
Durante 2019 e 2020, a parceria teve continuidade com o projeto Hercule Florence: Patriarca da Iconografia Paulista, por meio de pesquisa coordenada por Ana Paula Nascimento (Profa. Dra. Pesquisadora colaboradora do MP/USP), com supervisão de Maria Aparecida de Menezes Borrego (Profa. Dra. do MP/USP e supervisora técnico-científica do Museu Republicano de Itu – USP) e Francis Melvin Lee (Diretora do IHF).
Essas pesquisas resultaram no seminário internacional Museu Paulista e as memórias das narrativas de Aimé-Adrien Taunay e Hercule Florence, realizado em novembro de 2019, que discutiu os resultados da pesquisa sobre o Caderno de notas de Amado Adriano Taunay e a ampliação do conhecimento a respeito de Florence e seus trabalhos como ponto de partida às encomendas de pinturas para o Museu Paulista. A versão em texto desse seminário está publicada em um e-book homônimo, incluindo artigos de Jacques Leenhardt (EHESS/ Paris), Maria de Fátima Gomes Costa (UFMT) e Iara Lis Franco Schiavinatto (IA Unicamp/ MP/USP), entre outros participantes. O e-book pode ser baixado gratuitamente nos sites do Museu Paulista, do Caderno de notas de Amado Adriano Taunay e do IHF (https://www.ihf19.org.br/pt-br/notas-reflexoes/e-book-museu-paulista-e-as-memorias-narrativas-de-aime-adrien-taunay-e-hercule-florence,19).
Em fevereiro de 2021 foi realizado, ainda, o webinário Hercule Florence, a produção de imagens e as exposições do Museu do Ipiranga e do Museu Republicano, disponível no YouTube do IHF (https://youtu.be/eSeypOr4i5k) e também a editatona Hercule Florence em pintura – Museu Paulista da USP, igualmente disponível do YouTube do IHF (https://www.youtube.com/watch?v=NfggUO_qyZ4).
SOBRE HERCULE FLORENCE
Nascido em Nice, França, em 1804, e cidadão de Mônaco, Hercule Florence foi desenhista e pintor de formação autodidata. Jovem inquieto e curioso, leitor de Robinson Crusoé e apaixonado por viagens, em 1824 desembarcou no Rio de Janeiro, sendo contratado com apenas vinte anos de idade como segundo desenhista da Expedição Langsdorff (1825 a 1828), missão científica que percorreu mais de 13 mil quilômetros de São Paulo ao Grão-Pará, a maior parte por navegação fluvial, do Tietê até ao rio Amazonas. Florence documentou em seus diários e desenhos as impressões sobre a paisagem, os índios, a fauna e a flora dos locais por onde passou.
No Brasil, a referência fundamental para o estudo da trajetória de seu legado é o livro do historiador Boris Kossoy, Hercule Florence: a descoberta isolada da fotografia no Brasil (Edusp/2006). Florence tem sido também cada vez mais reconhecido internacionalmente como um dos pioneiros do processo fotográfico, com citações em importantes publicações internacionais sobre história da fotografia, como A World History of Photography, de Naomi Rosenblum (Abeville, Nova York, 1984); Les Multiples Inventions de la Photographie, org. Jean-Pierre Bady, com artigo de Boris Kossoy (Association Française pour la Diffusion du Patrimoine Photographique, Paris, 1989); Seizing the light: A History of Photography, de Robert Hirsch (McGraw-Hill, Nova York, 2000); e The Thames & Hudson Dictionary of Photography, editado por Nathalie Herschdorfer (2015). Sua obra foi tema, ainda, de uma mostra no Nouveau Musée National de Monaco, entre março e setembro de 2017 (http://www.nmnm.mc/index.php?option=com_k2&view=item&id=347:hercule-florence-le-nouveau-robinson-villa-paloma&lang=en).
SOBRE O INSTITUTO HERCULE FLORENCE
O Instituto Hercule Florence (IHF) foi fundado em São Paulo em dezembro de 2006 e certificado como Organização Social de Interesse Público (OSCIP) em 2009. Seus objetivos são a coleta, organização, conservação e divulgação da bibliografia e de documentos sobre o século 19 brasileiro, reunindo um acervo próprio composto por biblioteca e arquivos especializados. O centro de seus interesses consiste no estudo dos diversos viajantes do século 19 e suas narrativas, bem como na produção científica e cultural da Expedição Langsdorff (1825-1828), e na vida e obra do artista e inventor franco-monegasco Hercule Florence (1804-1879), dispondo de uma bibliografia atualizada sobre o autor: bit.ly/HF-Bibliografia Entre suas realizações estão o lançamento do fac-símile do livro L’Ami des Arts livré à lui-même (http://www.ihf19.org.br/pt-br/hf-lami-des-arts.asp), de Hercule Florence, e a exposição O olhar de Hercule Florence sobre os índios brasileiros (http://www.ihf19.org.br/expo/).
Site: www.ihf19.org.br
SOBRE O MUSEU PAULISTA DA USP
O Museu Paulista pertence à Universidade de São Paulo, parte do conjunto de museus estatutários da Universidade. Foi integrado à USP em 1963, e desde então o Edifício-Monumento (popularmente conhecido por Museu do Ipiranga), bem como o Museu Republicano de Itu, extensão no interior paulista, passaram a ser administrados pela Universidade. Atualmente, o Museu Paulista da USP possui um acervo com cerca de 450 mil itens, a partir dos quais promove seus cursos, palestras e eventos acadêmicos e culturais. No mesmo bairro, possui outros imóveis como a Biblioteca, o Centro de Documentação Histórica e as atividades educativas, acadêmicas e de cultura e extensão da unidade. Em Itu, além da sede expositiva, compõem ainda o Museu Republicano o Centro de Estudos, conhecido por “Casa do Barão”, que abriga a Biblioteca, os setores de Documentação Textual, Iconografia e Objetos e a área administrativa, e a Casa da USP, espaço de reserva dos acervos.
Colaboração da Pauta:
Cecília do Val | +55 11 99932 2699 | e-mail: ceciliadoval.01@gmail.com
Magali Martucci | +55 11 95982 9018 | e-mail: lumiere1eventos@gmail.com
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