Como o endividamento pessoal atrapalha na experiência de trabalho

Pesquisa dos Lugares Incríveis para Trabalhar, da FIA Business School, destaca as variáveis fundamentais para as pessoas na vida profissional

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Design Dolce sob imagem de Sturti em Canva

Por Lina Nakata

Se você trabalha todos os dias para uma organização, provavelmente já teve dias bons, dias ruins, eventualmente dias péssimos, assim como momentos de muita produtividade. Tudo isso é bem normal, afinal não temos uma cabeça brilhante todos os dias. Muitas coisas podem influenciar nossa rotina de trabalho, como você deve imaginar.

Dormir bem, ter uma alimentação saudável, manter as atividades físicas com frequência e cuidar da própria saúde, de acordo com a pesquisa dos Lugares Incríveis para Trabalhar, da FIA Business School, mostram-se como variáveis fundamentais para as pessoas. Isso não apenas impacta suas vidas, mas principalmente a forma pela qual você percebe e avalia seu ambiente de trabalho. Isso faz sentido? De forma intuitiva, sim. E de forma quantitativa e racional, também.

Esse tipo de informação assusta as empresas, e é muito interessante observar a reação dos responsáveis por RH ao verem esses dados. Os números vão dando a certeza de que aquilo que era crença é realmente válido estatisticamente falando. Por exemplo, a pesquisa dos Lugares Incríveis para Trabalhar aponta que pessoas com problemas frequentes ou graves de saúde estão menos satisfeitas com suas empresas. E os colaboradores que dormem mal não apenas percebem o ambiente de trabalho de forma mais negativa, como também costumam apresentar insatisfação com as relações interpessoais. Quem aguenta o mau humor de alguém que não teve uma boa noite de sono, certo?

E outra variável que surpreende, nesse sentido, é o nível de endividamento pessoal relacionado à avaliação da experiência de trabalho. Há lógica em pensar que uma pessoa endividada não tenha foco 100% no seu trabalho, mesmo que seja alguém responsável e tenha a melhor das intenções, pois há uma grande chance de ela tenha outras preocupações frequentes com a própria saúde financeira.

Design Dolce sob imagem de Doucefleur's Images em Canva

Na pesquisa mencionada, uma das perguntas feitas aos mais de 200 mil profissionais em 2023 foi “qual o seu nível de endividamento hoje?”, e eles podem responder às seguintes alternativas:

  • Não tenho dívidas e consigo guardar dinheiro: são os poupadores, correspondem a 19,5% do grupo total.
  • Não tenho dívidas nem dinheiro guardado: são aqueles que ficam zerados, são 10,5%.
  • Tenho dívidas planejadas e estão sob controle: são o maior grupo, sendo 47,4% da amostra completa.
  • Minhas dívidas estão fora de controle: são os endividados, um grupo crítico que merece atenção, pois chegam a 10,5% do grupo pesquisado.

12,1% dos respondentes não apontaram a situação, seja por não alcançarem essa pergunta no questionário, seja por não terem a vontade para respondê-la. E como esses agrupamentos se comportaram quanto à avaliação do ambiente de trabalho?

Gráfico

O gráfico mostra que os poupadores são também mais felizes e engajados com o trabalho, pois sua experiência é mais positiva que dos outros grupos. O grupo que possui dívidas planejadas também é muito bom, pois está acima da média geral quanto à satisfação. Este é um pessoal que, mesmo com as dívidas, consegue fazer aquisições importantes e até realizar sonhos.

No entanto, pode-se notar que o grupo que fica empatado entre ganhos e gastos não conta com a mesma experiência favorável, com uma média ligeiramente abaixo do geral. E os colaboradores endividados sem controle preocupam mais, pois apresentam uma nota quase 10 pontos abaixo dos poupadores. Esses números mostram que o endividamento individual pesa bastante e serve como alerta às empresas. Os líderes sabem se seus liderados possuem esse tipo de problema financeiro?

Esses dados apontam que as dívidas sem planejamento dos colaboradores importam, sim, para as empresas. Dessa forma, cuidar da saúde financeira das pessoas deve ser também uma responsabilidade corporativa. Remediar o problema, por meio de empréstimos próprios ou um convênio para o consignado, pode ajudar temporariamente. Porém, o que vai solucionar de maneira mais efetiva é a educação financeira, que deveria ser melhor promovida pelo mercado. Todo mundo pode ganhar nessa.

Lina Nakata, professora da FIA Business School

@linankt

Curadoria por:

Colaboração da pauta:

Agência Fato Relevante

@agencia.fatorelevante

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