Podia simplesmente ser, sem o peso das expectativas, sem o temor do julgamento; não precisava caminhar em terreno minado ou medir cada palavra
Por Rosangela Marto
Olhando pela janela do trem que me levava do tribunal para casa de Luciana, um filme passou na minha mente.
Minha vida amorosa tinha sido marcada por uma ironia amarga. Havia dito “não” a quem realmente gostava de mim como eu era, e paradoxalmente, acabei por escolher um homem com quem sentia a necessidade constante de provar meu valor.
Como uma eterna competidora em um jogo que nunca desejei jogar, parecia estar em um palco, mostrando cada habilidade minha, tentando convencer Vagner de que eu valia a pena. Com Eder, a dinâmica era completamente oposta. Nunca senti a necessidade de provar o meu valor.
Era libertador ser amada por ele. Podia simplesmente ser, sem o peso das expectativas, sem o temor do julgamento. Não precisava caminhar em terreno minado ou medir cada palavra. Se ele cometesse um deslize, sabia que podia expressar minha chateação sem medo de represálias. O mesmo valia para ele. Esse era o poder do nosso relacionamento: a liberdade de ser.
Estava entendendo que, ao longo da vida, somos apresentados a diversos espelhos. Alguns refletem nossa imagem com clareza e precisão, enquanto outros distorcem cada traço, lançando sombras sobre nossa verdadeira essência. O perigo reside em confundir estas distorções com a realidade. Se você se descobre em uma batalha contínua para moldar-se, alterar-se e reinventar-se para caber na visão distorcida de alguém, é um alerta vermelho. É um sinal de que algo está errado. No entanto, por mais óbvio que isso possa parecer agora, levei anos para reconhecer e aceitar essa verdade.
Esta revelação, embora tardia, trouxe consigo uma mistura de alívio e melancolia.
É verdade que, hoje, sou uma mulher fortalecida e resiliente, esculpida por tudo o que enfrentei. Sou grata aos “professores” involuntários que encontrei no caminho, pois cada desafio, lágrima e batalha travada foram fundamentais para criar a força que corre em minhas veias.
No entanto, não posso evitar um sentimento de lamento por ter desperdiçado tantos anos tentando ser algo ou alguém que não era, procurando aprovação em olhos que se recusavam a ver minha verdadeira essência.
O que desejo transmitir é a importância da autenticidade e da autovalorização. Mesmo nos relacionamentos mais difíceis, sempre há lições a serem aprendidas, mas não é preciso permanecer afogada nesse lago de desvalorização e desamor
Ninguém deveria sentir a necessidade constante de provar seu valor. Somos quem somos, e isso é suficiente. A verdadeira conexão vem quando somos vistos, amados e aceitos em nossa essência mais pura, sem máscaras e sem pretensões.
E se alguém não está disposto a ver isso, talvez seja o momento de deixar a fila andar, com a certeza de que somos valiosos, simplesmente por sermos nós mesmos.
Rosangela Marto é autora do livro “De volta para o meu lugar”, uma autobiografia cujo propósito é propagar o poder do amor e inspirar mulheres a buscarem a própria essência e a coragem para ser feliz
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