Mulheres estão mais propensas a terem relacionamentos abertos
Muitas mulheres também estão explorando relacionamentos não monogâmicos e encontrando tanto prazer quanto os homens
Os textos, artigos e opiniões publicados nesta seção não traduzem ou representam a opinião ou posição do Portal. Sua publicação é no sentido de estimular o debate de problemas e questões do cotidiano e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo
Por Laís Melquíades
A ideia de que os homens têm mais vontade de abrir o relacionamento do que as mulheres é uma discussão cheia de nuances. Esse assunto envolve muitos fatores culturais, sociais e biológicos. Com o aumento de casais públicos assumindo que vivem em relacionamentos abertos, o debate sobre os motivos por trás dessa escolha tem ganhado destaque.
Culturalmente, os homens são frequentemente incentivados a explorar a sexualidade como um sinal de virilidade, enquanto as mulheres, por outro lado, enfrentam julgamentos quando se mostram mais abertas sexualmente. Isso pode fazer com que os homens se sintam mais à vontade para expressar esses desejos, ao mesmo tempo que muitas mulheres nem sempre se sentem confortáveis em fazer o mesmo.
Os estereótipos de gênero têm um papel importante na escolha de abrir ou não um relacionamento porque o masculino sempre foi associado à ideia de “conquistar” e de explorar sexualmente. Essa questão vem mudando, com mais homens questionando esses estereótipos e buscando relações mais equilibradas.
A busca por variedade sexual é uma das razões mais comuns, afinal, “novidade é o tempero da vida”! Outros fatores incluem o medo da monotonia ou até fetiches (como a fantasia de estar com mais de uma mulher ou homem ao mesmo tempo). Também pode ser uma forma de explorar a liberdade e a independência ou até lidar com insatisfações na relação atual.
Em termos biológicos, algumas teorias sugerem que os homens têm uma tendência natural a buscar variedade sexual, enquanto as mulheres seriam mais focadas em estabilidade e segurança. Porém, essas ideias estão longe de serem definitivas e a ciência adora questionar essas afirmações.
Um estudo de 2016 do Journal of Sex Research mostrou que os homens são mais propensos a considerar um relacionamento aberto. No entanto, as mulheres que experimentam essa dinâmica relatam níveis altíssimos de satisfação, tanto emocional quanto sexual.
Atualmente, é possível notar que a mentalidade está mudando, com mais liberdade para falar sobre seus desejos. Por isso, muitas mulheres também estão explorando relacionamentos não monogâmicos e encontrando tanto prazer quanto os homens. Logo, as mulheres estão mais abertas para esse modelo de relacionamento. Com isso em mente, o importante é que, para qualquer um dos dois, a decisão de abrir o relacionamento deve ser feita com muito respeito e comunicação.
Além disso, o relacionamento aberto tem sido entendido como uma alternativa que exige comunicação clara e acordos estabelecidos entre os parceiros, elementos que muitas vezes contribuem para relações mais transparentes. Essa forma de vivência afetiva também é associada à ideia de que não existe um único modelo ideal de relacionamento, e que os vínculos podem ser construídos com base nas necessidades e expectativas de cada indivíduo ou casal.
Um estudo de 2017 do Kinsey Institute apontou que cerca de 30% das mulheres considerariam um relacionamento não monogâmico. Ou seja, as coisas estão mudando! As mulheres estão mais dispostas a explorar novas formas de conexão sem a pressão de seguir o modelo tradicional.
O que considerar antes de abrir um relacionamento?
Se um casal está considerando abrir o relacionamento, aqui vão algumas dicas para saber se é uma boa ideia. Comece com uma comunicação aberta e honesta, perguntando para si e para o seu parceiro(a): “O que você espera com isso?” “Quais são seus medos?”. A partir disso, explorem as motivações de ambos. Será que a relação está buscando variedade sexual ou uma nova conexão emocional?
Avaliem a confiança e os limites de cada um, afinal, confiança é a base de qualquer relacionamento, ainda mais de um aberto. E lembre-se, lidar com o ciúmes é fundamental para que um relacionamento aberto possa ser bem-sucedido.
Não há um momento exato para tomar decisões, mas é mais fácil acertar quando o casal está em sintonia. A ideia de abrir o relacionamento pode ser boa ou não, dependendo de como é abordada. Por isso, após uma decisão em conjunto, é fundamental revisar constantemente.
Os sentimentos podem mudar, então, é importante checar regularmente como cada um está se sentindo em relação ao que foi combinado. E, claro, estejam preparados para enfrentar as reações de amigos, familiares e outras pessoas à volta.
Em resumo, a decisão de abrir um relacionamento pode ser positiva, desde que seja feita com maturidade, respeito e comunicação. O importante é que a escolha seja feita juntos, de forma consciente e respeitosa. E, quem sabe, se ambos estiverem alinhados, o relacionamento aberto pode ser um novo tempero na vida a dois.
Laís Melquíades é psicóloga cognitivo comportamental. Terapeuta individual e de casal especialista em sexualidade e relacionamento. Palestrante e apresentadora do quadro “Meu amigo perguntou”, onde aborda temas de sexualidade de forma leve e divertida, respondendo as dúvidas do público da rádio.
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