Queixas tais como: “meu filho fica até alta madrugada conversando pelo computador, depois não consegue levantar-se para ir à escola”; “meu filho nem toma conhecimento das lições de casa”; “meus filhos estão engordando muito, só comem o que querem”; “eu tenho uma filha que quer brincar o dia todo na escola, tenho recebido reclamações” etc.
É comum ouvir essas queixas, tanto no consultório quanto no convívio social. Críticas sobre a falta de regras, de disciplina, de organização, ou seja, sobre a absoluta falta de rotina das crianças e adolescentes.
Parece que os jovens de hoje estão sendo educados com o conceito de que a rotina é algo nefasto e enjoativo, que deve ser evitado a qualquer custo. Poucos parecem perceber que, na verdade, a rotina é o que sustenta a própria liberdade – porque só através da dedicação paciente e contínua que o ser humano pode explorar adequadamente suas potencialidades. A rotina é fundamental para se ter uma vida plena e organizada.
Se tomarmos o termo “rotina” por mera repetição mecânica de atos, sem consciência, realmente não teremos resposta mais adequadas dos jovens. Assim, vejamos a rotina como atos introjetados através de experiências de vida, erros, acertos e descobertas. Durante a formação da criança, possui singular relevância a prática reiterada de hábitos a partir dos modelos paternos e sociais.
A rotina é uma organização consciente que a criança apreende desde o nascimento e que se inicia com o exemplo de ações ensinadas pelos pais, fazendo junto e cobrando suas repetições. O exercício da rotina deve ser iniciado através das práticas mais simples, tais como horários para dormir e acordar, cuidados com alimentação e higiene etc. Progressivamente, a criança é condicionada à disciplina e organização, arrumando brinquedos e objetos pessoais, até que tenha condições para selecionar a utilização do seu tempo; nessa fase, aprender a utilizar uma agenda mesmo que eletrônica.
É preciso ter muita paciência. Nenhum filho incorpora com facilidade uma nova rotina. A interiorização da disciplina é um processo lento, a partir de um constante aprendizado junto aos pais, através da imposição de regras. A melhor forma de aprender ainda é através do exemplo. A criança evolui naturalmente quando entende seu papel em uma casa organizada, com regras claras de condutas constantemente explicadas e cobradas pelos pais, que ainda são os educadores por excelência dos seus filhos. E isto é muito importante de ser falado, não é a escola, não é a babá e nem a avó que deve educar os filhos e sim os pais.
É sabido que o corpo necessita de rotina para seu funcionamento adequado. Da mesma forma, a mente precisa de tempo e calma para organizar o pensamento lógico, que reúne elementos, avalia cenários e toma decisões. O processo acadêmico, portanto, se desenvolve a partir de rotina para os estudos, de forma que basta a sua carência para comprometer significativamente o processo de aprendizagem do jovem, além de afetar sua integridade emocional. Ora, a espontaneidade nunca deixará de ser valiosa – mas nada se constrói sem disciplina e organização.
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