ONG localizada no bairro do Campo Limpo, em São Paulo, já atendeu mais 144 mil pessoas e estimula a atitude empreendedora por meio de aulas e atividades gratuitas que incentivam a criação do próprio negócio entre jovens e adultos da comunidade
O Projeto Arrastão, uma organização sem fins lucrativos que acolhe e dá suporte às famílias da região do Campo Limpo, que vivem em condição de vulnerabilidade social e econômica, realiza diversas atividades nas áreas de educação, cultura, geração de renda, desenvolvimento comunitário e qualidade de vida, com o objetivo de capacitar e desenvolver as pessoas da comunidade, além de oferecer melhores condições de sobrevivência. Todas as iniciativas são gratuitas e usam a educação como ferramenta de transformação.
Em destaque entre as capacitações estão as iniciativas do núcleo de ‘Empreendedorismo e Inovação’, realizadas com o intuito de aprimorar competências básicas voltadas para as carreiras profissionais de diversos segmentos, autoemprego e/ou negócios próprios, usando como base o estímulo à atitude empreendedora inserida em diversos contextos, desde a juventude. As formações da área acabam sendo fundamentais para a população regional, que sente os impactos de estar afastada dos bairros mais desenvolvidos, além de, assim como todo País, ter enfrentado um cenário de contração econômica, com mais de 2 anos em pandemia, quando muitas famílias ficaram desempregadas, precisando encontrar alternativas como fonte de renda.
De acordo com um levantamento do Sebrae, a abertura de pequenos negócios em 2022 superou os números do período pré-pandemia. Só no ano passado, foram criados 3,6 milhões de novos empreendimentos, sendo 78% na categoria microempreendedor individual (MEI), dado que aponta para uma melhora no ambiente de negócios, mas também pressupõe que a categoria é vantajosa para a economia, sobretudo a local, uma vez que demanda menor valor de investimento e processos burocráticos para funcionar. “Com planejamento e capacitação profissional em dia, a população encontra caminhos para geração de emprego e renda de forma mais fácil. O que buscamos aqui é justamente isso, usar a educação como ferramenta para garantir a preparação desse cidadão de modo que ele possa aproveitar oportunidades de forma independente e consciente, superando adversidades, se reinventando e aplicando o conhecimento que recebem por aqui em diversas situações. A sala de aula vira um ambiente de acolhimento, troca e escuta, que ultrapassa o básico do processo acadêmico de ensino-aprendizagem que geralmente as pessoas conhecem”, comenta Gabriela Vieira, Coordenadora de Empreendedorismo no Projeto Arrastão.
Um dos tantos casos de sucesso do Projeto e que demonstra bem o que a ONG faz na região é a história da Sandra Koptar, dona do ‘Cozinha da Horta’ e aluna do curso de gastronomia na instituição. Ela tinha o sonho de construir uma cozinha coletiva, mas alguma dificuldade para estruturar o negócio, principalmente pela falta de fundamentos básicos de gestão e administração. “Antes do Projeto Arrastão, não conseguia controlar meu faturamento e acabava sem renda. Hoje, estabeleço um salário de 6 mil reais, que utilizo para ajudar meu marido a pagar as contas em casa. Toda a gestão do meu negócio foi construída a partir dos meus aprendizados no curso, que além de ensinar o preparo das refeições, mostrou a importância das fichas técnicas e padrão de produção para o sucesso do negócio. Consegui me organizar melhor na hora da produção e, assim, consegui investir na compra de um freezer para armazenar as comidas prontas e pré-preparadas, o que diminui o tempo gasto na cozinha e melhora o tempo e alcance do meu atendimento, por exemplo”, conta Sandra.
Ano passado, a empreendedora passou por um período difícil com o negócio por conta de um problema de saúde que a impedia de cozinhar. Ela desenvolveu uma epicondilite — irritação do tecido que liga o músculo do antebraço ao cotovelo, que pode ser causada por movimentos repetitivos do pulso e do braço, e traz dor intensa. Com os conceitos aprendidos nas aulas de gastronomia, encontrou uma alternativa trabalhando com marmitas congeladas, para agendar as entregas e diminuir sua carga de trabalho, mantendo lucratividade. “Se não fosse o Arrastão, estaria impossibilitada de trabalhar, pois não tinha essa visão estratégica de, por exemplo, diminuir o cardápio para realizar as atividades com mais qualidade, em menos tempo e preservando meu bem-estar. Foi conversando com meus mentores, além dos assuntos acadêmicos, que encontrei uma boa solução para melhor para mim, personalizada, mais condizente com a minha realidade”, relata.
Tatiane Alves, outra aluna do curso de gastronomia, e hoje dona da ‘Taty Alves Confeitaria’, também representa bem a potência da dobradinha educação profissional mais acolhimento social. Ela conta que conheceu o Projeto Arrastão quando ainda era adolescente e fazia aulas de Graffiti, interrompidas por uma gravidez não planejada, aos 15 anos. “Hoje, meus filhos participam das atividades na ONG e amam. O Projeto realmente ajuda muitas famílias, além da formação educacional, dá um alívio para as mães que não tem um lugar seguro deixar seus filhos, por exemplo”, diz emocionada. Ela segue contando que não gostava do antigo trabalho e, então, começou a vender salgados como uma alternativa de renda, mas com o tempo, se interessou pela produção de bolos e doces, quando então buscou auxílio nas aulas da instituição. “Lá aprendi muito sobre precificação, manipulação adequada dos alimentos, e principalmente, em como pensar na comida relacionada com a cultura do meio onde vivemos, o que pode fazer ainda mais sentido para um comércio em comunidade”, completa.
“Estimular o empreendedorismo regional é crucial para o crescimento econômico, pois melhora a condição de vida das pessoas, gera empregos e consequentemente, aumenta a renda da população. Mas não é só isso, nossas iniciativas acontecem no sentido de potencializar os conhecimentos que eles já possuem e aproveitar a vivência deles para oferecer um caminho mais condizente com a realidade, mostrando que ter um negócio próprio, por exemplo, também é possível para quem baixo poder aquisitivo ou mora em regiões desprivilegiadas”, explica Gabriela.
No ano em que completará 55 anos, o Projeto Arrastão comemora essas e outras histórias de sucesso entre cerca de 48 mil atendimentos já realizados para as pessoas, famílias e comunidades do Campo Limpo e adjacências, além de 14.376 atendidos nos programas educacionais e sociais na região, mais de 3mil atendidos na sede da organização e público de 14 escolas, OSCs, hospitais, unidades de saúde, serviços essenciais e universidades beneficiadas e/ou articuladas para trabalho em rede.
A programação de cursos e atividades é aberta o ano todo e o calendário pode ser acompanhado pelo site da ONG www.arrastao.org.br, nas redes sociais ou ainda presencialmente no setor de atendimento, na secretaria.
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