No cerne do conceito de liberdade, encontram-se questões fundamentais sobre o livre-arbítrio, a autonomia, a moralidade e o papel do indivíduo na sociedade
Por Edgard Falcão
Tenho por hábito ler diariamente vários portais e sites de notícias de várias correntes ideológicas e filosóficas. Busco incessantemente me contrapor às minhas certezas revendo, reafirmando-as, eventualmente gerando alterações, talvez atualizando e faço isso de forma recorrente, entendo ser este um privilégio da minha liberdade de pensar e decidir sobre minha vida.
Diante disso, parei para refletir sobre o que é a liberdade?
A liberdade, um dos conceitos mais venerados e debatidos na filosofia, encerra em si uma multiplicidade de interpretações e significados, variando grandemente conforme o contexto cultural, político e individual.
No cerne do conceito de liberdade, encontram-se questões fundamentais sobre o livre-arbítrio, a autonomia, a moralidade e o papel do indivíduo na sociedade.
Versando sobre o determinismo, que é a tese segundo a qual tudo o que acontece é determinado por causas anteriores, por acontecimentos passados, e o confrontamos com o livre-arbítrio, onde as pessoas possuem a capacidade de realizar escolhas genuínas e não completamente determinadas por causas antecedentes, estamos no cerne do que poderia ser a liberdade. Essa visão sustenta a noção de responsabilidade moral, pois se as nossas escolhas são livres, somos responsáveis por elas. Em contrapartida está o determinismo que, como já colocado, argumenta que cada evento, incluindo as decisões humanas, é o resultado inevitável de eventos anteriores em combinação com as leis da natureza. Assim, a liberdade seria uma ilusão, uma vez que nossas ações estariam predeterminadas. Algo para refletirmos…
No campo da ética, a liberdade é intrinsecamente ligada à responsabilidade. Se somos livres, somos também responsáveis por nossas ações e pelas consequências que elas acarretam. Este vínculo é essencial para o desenvolvimento de uma sociedade moralmente consciente.
Politicamente, a liberdade é um valor fundamental, manifestando-se no respeito aos direitos humanos, na democracia e na proteção das liberdades civis.
Sob outra ótica, olhando o mundo em que vivemos hoje, a liberdade enfrenta novos desafios, especialmente com o advento da tecnologia digital. Questões sobre privacidade, vigilância e controle da informação têm colocado em xeque as noções tradicionais de liberdade. A tecnologia, apesar de potencializar a expressão individual e a comunicação, também pode ser uma ferramenta para restringir e monitorar comportamentos, suscitando debates intensos sobre o equilíbrio entre segurança e liberdade.
A ascensão incontrolável da inteligência artificial abre um leque de possibilidades empolgantes para o futuro da humanidade, entretanto, essa tecnologia inovadora também levanta preocupações sobre seus impactos na liberdade individual e na autonomia humana.
É crucial analisarmos essa questão de forma crítica e ponderada, buscando compreender os riscos potenciais da Inteligência Artificial que opera com base em algoritmos que podem perpetuar e amplificar vieses existentes na sociedade, levando à discriminação contra grupos minoritários em áreas como recrutamento, concessão de crédito e justiça criminal.
Há uma séria preocupação quanto ao monitoramento e rastreamento do comportamento das pessoas, gerando preocupações com a privacidade, a liberdade de expressão e o controle social.
Além da questão dos empregos que serão extintos existe o risco de que o uso excessivo de sistemas de Inteligência Artificial na tomada de decisões pode levar à diminuição da autonomia individual e à perda de controle sobre nossas próprias vidas.
A relação entre Inteligência Artificial e a liberdade é complexa e multifacetada. É crucial que tenhamos um debate aberto e honesto sobre os desafios e oportunidades que essa tecnologia apresenta. Ao trabalharmos juntos, podemos construir um futuro em que a Inteligência Artificial seja utilizada de forma responsável, ética e transparente, promovendo o bem-estar humano, a justiça social e a liberdade individual.
Jean-Paul Sartre, conhecido filósofo francês, defende a liberdade como a “condenação do homem”, pois o ser humano está constantemente livre para escolher, mas também é responsável por suas escolhas e pelas consequências delas. Para Sartre, a liberdade reside na ação, na escolha autêntica e na responsabilidade por construir sua própria vida.
Gosto dessa ideia, somos responsáveis por nossos atos, por nossas escolhas e portanto por nossas decisões. Haveremos de cuidar e buscar o conhecimento que possa suportar tão árdua tarefa…
“Nunca se é homem enquanto não se encontra alguma coisa pela qual se estaria disposto a morrer.” Disse Jean-Paul Sartre
Edgard Falcão Engenheiro Eletrotécnico pela Escola de Engenharia Mauá e atua como mentor empresarial e educacional, em que aplica conhecimento em gestão de pessoas e produtividade. Ministra cursos de pós-graduação, além de palestras e cursos livres, sempre com o propósito de disseminar conhecimento e inspirar o desenvolvimento pessoal e profissional
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