Camuflagem no autismo feminino

O silêncio por trás de um comportamento invisível

Design Dolce sob imagem por Engin Akyurt em Canva

Você sabe o que é "masking"? É também conhecida como camuflagem social. A camuflagem no autismo feminino é uma luta invisível: uma adaptação que esconde traços e silencia identidades, cobrando um preço alto na saúde mental das mulheres autistas.

No universo do autismo feminino, há um fenômeno intrigante e, muitas vezes, silencioso: a camuflagem (masking). Trata-se de uma habilidade complexa que mulheres autistas desenvolvem para ocultar traços do autismo, ajustando-se às expectativas sociais. Desde a infância, elas observam, imitam e adaptam comportamentos neurotípicos para se integrarem melhor, navegando por uma sociedade que não reconhece facilmente suas diferenças.

Camuflar significa esconder suas verdadeiras dificuldades atrás de uma fachada cuidadosamente construída. Essas mulheres aprendem a imitar expressões faciais, gestos e até mesmo reprimir comportamentos que possam ser percebidos como “diferentes”.

“O que chama mais atenção nessas mulheres dentro do espectro autista, é a capacidade de vestir várias máscaras para se sentir acolhida nos diferentes grupos sociais, nas diferentes tribos. Conversando com minhas adolescentes, descobri que se você tiver na escola tribos que falem, por exemplo, sobre música sertaneja, elas vão se esforçar ao máximo para serem aceitas naquele grupo. E se essa adolescente sai desse grupo e entra em um outro em que os indivíduos gostam de rock, ela vai mudar de personagem para ser aceita no novo grupo. Ela passa por diferentes grupos tentando ser aceita nessas diferentes características”, explica a Dra. Gesika Amorim, mestre em Educação Médica, Pediatra pós-graduada em Neurologia e Psiquiatria, com especialização em Tratamento Integral do Autismo, Saúde Mental e Neurodesenvolvimento.

Design Dolce sob imagem por axelbueckert em Canva

Por que as mulheres autistas camuflam mais?

Historicamente, os critérios de diagnóstico do autismo foram moldados por estudos focados em meninos, ignorando as nuances do autismo em mulheres. Socializadas desde cedo para serem empáticas e comunicativas, as meninas aprendem a camuflar, muitas vezes sem sequer perceber. Isso faz com que muitas permaneçam sem diagnóstico ou sejam diagnosticadas tardiamente, enfrentando desafios sem o suporte adequado.

Embora a camuflagem ajude a evitar o bullying e facilite a inclusão em certos grupos, o preço é alto. Essa tentativa de se adequar pode ser exaustiva, tanto fisicamente quanto emocionalmente, pois não é natural para elas. Pesquisas mostram que o esforço da camuflagem social está relacionado aos maiores índices de depressão, ansiedade e exaustão – Alerta a Dra. Gesika Amorim.

Pressão para se encaixar

 

A pressão para se encaixar e parecer “neurotípica” pode ser avassaladora. A camuflagem social envolve imitar comportamentos considerados socialmente aceitos, como manter contato visual, interpretar expressões faciais e seguir regras não escritas.

Burnout e exaustão

A camuflagem social consome energia mental e emocional. O esforço constante pode levar ao burnout, prejudicando o bem-estar geral.

Imagem em Wallhere.com

Impactos na saúde mental

Ansiedade e estresse: a constante preocupação em se comportar “corretamente” pode levar a altos níveis de ansiedade e estresse.

Depressão: os maiores índices de depressão são resultado da exaustão emocional causada pela camuflagem social.

Baixa autoestima: a sensação de não ser autêntica pode afetar negativamente a autoestima.

Pensamentos suicidas: alguns estudos indicam que mulheres autistas que camuflam seus traços têm maior risco de pensamentos suicidas.

Soluções e recomendações

A Dra. Gesika Amorim sugere que “é importante criar ambientes mais inclusivos e compreensivos, onde meninas e mulheres autistas possam ser elas mesmas sem a necessidade de camuflagem”. Ela também recomenda “terapias focadas em habilidades sociais e suporte emocional para ajudar a reduzir o estresse associado à camuflagem”.

Extremamente importante é o diagnóstico correto e o mais precoce possível.

“O diagnóstico correto é crucial para entender esses padrões e trabalhar com os limites de cada paciente. Compreender esse fenômeno é fundamental para promover uma melhor qualidade de vida. Reconhecer e apoiar mulheres autistas na aceitação de sua autenticidade é fundamental para preservar sua saúde mental. A sociedade deve valorizar a diversidade e promover ambientes inclusivos, onde a camuflagem social não seja uma exigência implacável”, finaliza a Dra. Gesika Amorim.

Dra Gesika Amorim é mestre em educação médica, com residência médica em Pediatria, pós-graduada em Neurologia e Psiquiatria, com formação em Homeopatia Detox (Holanda), especialista em Tratamento Integral do Autismo. Possui extensão em Psicofarmacologia e Neurologia Clínica em Harvard. Especialista em Neurodesenvolvimento e Saúde Mental; Homeopata, pós-graduada em Medicina Ortomolecular – (Medicina Integrativa) e membro da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil.

@dragesikaautismo

Colaboração da pauta:

ADIM | Assessoria de Imprensa Médica

contato@assessoriadeimptensamedica.com.br

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