A exaustão materna
Maternidade Dolce
Gisele Ribeiro
Por alguns instantes procure refletir e entender a situação em que se encontra como se fosse uma espectadora e algumas soluções vão surgir de forma mais simples do que você imagina
Os artigos assinados não traduzem ou representam, necessariamente, a opinião ou posição do Portal. Sua publicação é no sentido de estimular o debate de problemas e questões do cotidiano e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo
Mudei os planos de última hora e decidi compartilhar minhas experiências sobre a exaustão materna. Após enfrentar momentos desafiadores nos últimos dias, percebi como é difícil equilibrar tantos pratinhos. Embora nada grave tenha ocorrido, as responsabilidades aumentaram e a exaustão se tornou uma realidade.
Assim como eu, ouvi relatos de mães de sobrecarga e cansaço diante das inúmeras tarefas diárias. Aqui vivi um momento onde as crianças ficaram doentes, aumentaram as consultas, exames, medicamentos e em meio a tudo isso sozinha, o tempo para trabalhar reduziu, a renda caiu e as contas aumentaram… Estou expondo essa situação para que entenda que todas nós temos essas fases na vida, principalmente quando somos mães e temos pequenos que dependem exclusivamente de nós. independentemente da idade dos nossos filhos. As demandas mudam conforme eles crescem, mas a sensação de estar sobrecarregada permanece.
Quando nos deparamos com o caos, a exaustão pode se intensificar. É normal sentir-se como se estivesse no olho do furacão, cansada e sozinha. Em meio a esse caos, ficamos mais ainda exaustas por não sabermos por onde começar, como dar conta de tudo, o que fazer primeiro. Eu sei, não é fácil.
Há alguns dias atrás, cheguei de uma consulta onde havia levado os dois doentes, tinha apenas uma hora até levá-los para suas respectivas escolas e nesse tempo precisava comprar medicamentos online, enquanto tentava marcar exames que eram urgentes e dar almoço enquanto falava para se arrumarem e preparar as lancheiras… sem falar do trabalho que precisava entregar pela manhã e estava com várias telas abertas, quando de repente, olhei para o computador e não conseguia enxergar nada. Tudo começou a ficar embaçado, o coração disparou, senti uma tontura e achei que iria desmaiar. Pensei “deve ser fome”, comi algo enquanto tentava finalizar algumas das tarefas que estava fazendo mas não consegui. Estava começando a ter uma crise de ansiedade.
Foi então que parei tudo. Apenas levei eles para suas escolas, voltei e não fiz mais nada do que “devia”. Fiquei refletindo, conversando comigo mesma e vou te revelar um dos meus segredos: sempre que alguma situação me deixa desconfortável, desde a menor até a mais extrema como esta, eu paro para refletir. Procuro entender o que desencadeou aquelas sensações, sentimentos e reações do meu corpo. Isso me ajuda muito a voltar ao meu estado normal. Na raiz do problema sempre encontro a solução.
Nesses momentos, pare. Por alguns instantes que seja, procure olhar para a situação em que se encontra, como se fosse uma espectadora, do lado de fora, Reflita e busque entender o momento e que você diria para você mesma. Qual conselho daria? O que te fez chegar naquele ponto em que não vê saída? Aos poucos as respostas vão vir, você vai começar a encontrar soluções e algumas delas vão ser mais simples do que você imaginava.
Outra coisa que faço é tirar do caminho algumas coisas, deixo para os momentos de exaustão apenas o que é totalmente indispensável. Adio algumas tarefas. Quando não estou dando conta, abro mão daquilo que não vai ter tanto prejuízo, se for preciso não os levo para a escola ou deixo eles comerem alguma besteira para não precisar preparar a comida; deixo pra trás uma louça ou a limpeza da casa. Tento descansar, principalmente a mente me distraindo com algo que me faz bem, me recluso do convívio social e me conecto com a natureza (que é algo que restaura minha energia).
E principalmente me eximo da culpa. Sentimento que mães adoram carregar é a culpa, achamos que não estamos sendo uma boa mãe, que aquilo pode fazer falta na vida de nossos filhos, enfim, nossa mente nos sabota o tempo todo e é isso que faz com que nos sintamos esgotadas e exaustas, o que pode te levar até a ficar doente. Então mude seus pensamentos, organize-os e não se sabote!
Acalme sua mente, você está fazendo o seu melhor, seus filhos sabem disso e isso é o suficiente. Converse com seus filhos, eles compreenderão. E para os mais novos, aceite ajuda sempre que possível. Aproveite momentos de descanso, como a soneca da tarde, para recuperar suas energias. O resto pode esperar.
Já falei muitas vezes aqui sobre práticas que uso e que podem te ajudar a ter uma vida com mais bem-estar. Se estiver saudável conseguirá dar conta de tudo com qualidade e sair do estado de exaustão para uma vida mais leve, tudo é fase, e tudo passa!
Conte comigo!
Gisele Ribeiro é escritora, palestrante e terapeuta integrativa; autora do livro “Diário de uma mãe nada especial – Desmistificando a mãe idealizada” onde compartilha detalhes íntimos da sua trajetória na maternidade e como isso mudou sua vida, principalmente a profissional.
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