Espero nunca descobrir quem sou de fato, assim posso me permitir estar em constante transformação!
Por Andréa Fernandes Guenka
Conciliar vida pessoal e profissional é um grande desafio.
Manter um estilo de vida, contemplando administrar o “Eu” e as adversidades que nos são impostas é um convite para pensarmos em nossas escolhas. Ao fazermos parte desse mundo real, percorremos uma trilha difícil, mas que pode ser encarada com mais leveza. É só querer!
Assim, inicio o capítulo nº 22 – Qualidade de vida e trabalho: ser essência é essencial – do livro “Um novo olhar para o secretariado – mudanças e transformações”, lançado em março de 2023, pela Literare Books International.
Outro dia, vi um vídeo, estilo “meme”, onde uma personagem se compara a outra, que sempre exibe em suas redes sociais como conseguir brilhantemente conciliar família, vida amorosa, tarefas domésticas, trabalho, malhação, beleza, enfim, o que parece ser uma vida surreal. A primeira mostra-se plena e realizada, sendo que a outra, só de acompanhar aquela trajetória de vida perfeita, fica destruída.
Por experiência própria, posso dizer que essa plenitude e realização pode não ser alcançada por completo ao mesmo tempo, mas pode ser administrada, de forma que tudo se torne mais leve e equilibrado.
Enquanto profissional, escolher trabalhar com aquilo que se identifica, que lhe dá prazer e te impulsiona a estar sempre em constante aprendizado, já é um bom começo para se ter sucesso e ser feliz.
O profissional de secretariado, por exemplo, tem em seu “DNA” o dom de servir e estar a serviço do outro com empatia. É uma tarefa para quem ama o que faz. Desempenhar o papel de agente facilitador contribuindo para o desenvolvimento das organizações e das relações humanas, proporcionando entregas de excelência, nos coloca em evidência.
Estabelecer relacionamentos e ambientes saudáveis em nossos locais de trabalho requer o que chamamos de “gerenciar as emoções” ou “inteligência emocional”.
Costumo dizer, que em nossa trajetória nem sempre será só amor ou só dor. Para se evoluir na vida profissional e pessoal sempre haverá muitos obstáculos, mas temos de visar nossos propósitos, especialmente no que diz respeito às nossas realizações.
Equilíbrio entre vida pessoal e profissional parece difícil, mas é possível. Adequar-se as adversidades que nos são impostas, sendo resiliente, perseverante, não se entregando, pode ser o caminho.
Estabelecer uma rotina com práticas saudáveis de bem-estar e constante busca de conhecimento, deslocando seu olhar para o novo e permitindo-se fazer a diferença, nos torna protagonista de nossa história.
A perspectiva muda a realidade. Estarmos em mutação constante sobre nossas emoções e as tendências impostas pela sucessão de eventos sociais, econômicos e tecnológicos, fazem com que um turbilhão de pensamentos nos leve a avaliar o quanto podemos agregar na vida do outro e em nossa própria vida.
Gosto muito de uma mensagem de Sêneca, célebre filósofo estoico do início do século I, que diz: “Devemos viver nossas vidas como se todo mundo pudesse nos ver, como se os mais secretos recantos de nossas almas estivessem expostos ao olhar alheio. Por que haveríamos de esconder o que quer que seja? Não se pode esconder nada. Todo o conhecimento divino e humano pode ser resumido em uma só verdade: a de que somos membros de um imenso corpo. A natureza nos uniu em uma imensa família e devemos viver de forma intensa, ajudando uns aos outros”.
Confesso que já fui uma pessoa que se dedicava metade ao trabalho e metade à família, às vezes mais um do que o outro, e esquecia que nessa relação também existia “Eu”. Logo, me sentia desolada, com relação à saúde física, mental, emocional, ao ambiente familiar e a autoestima. Cheguei ao fundo do poço. Até que, quando me dei conta o quanto isto estava fazendo mal para quem me amava e o quanto estava fazendo mal a mim mesma, dei o primeiro passo para me conscientizar. Eu precisava virar a chave desse estilo de vida que não faziam parte dos meus desejos, sonhos e propósitos.
Descobri que minha vida pessoal deveria estar além daquela foto que estava no porta retrato sobre a minha mesa de trabalho, demonstrando algum momento em que fui feliz, mas que estava ali, somente de lembrança, para me torturar. Não sentia mais vontade de seguir, me entreguei à tristeza. Algumas vezes, esqueci-me de mim por estar mergulhada no trabalho, outras vezes por estar engajada em projetos que não eram meus.
No trabalho, descobri que poderia ser tão dedicada, cumprindo meu expediente sem exceder meu horário, gerindo melhor e otimizando minhas tarefas, com ferramentas e soluções ágeis. Saber o momento de falar “não” e me posicionar diante de algumas situações, também foi crucial, a fim de manter uma comunicação transparente para ambas as partes, ou seja, “Eu” e a organização.
Descobri que se não cuidasse de minha saúde física, mental e emocional, talvez não pudesse viver momentos intensos e felizes. A vida é um sopro!
Não tive medo ou vergonha de procurar ajuda. Encontrei-me na espiritualidade e nas terapias. Muitas pessoas ainda são reticentes em buscar um caminho que lhes façam sentir-se melhores, talvez por medo de julgamentos. Acredite, se despir destes medos, pode te ajudar a se desvencilhar de bloqueios ou gatilhos que impeçam sua felicidade.
Descobri que tinha que afastar de minha vida relacionamentos tóxicos, que só me fizeram mal.
Descobri que existe amor verdadeiro, que você pode andar com aqueles que amam sempre a seu lado, nunca a sua frente ou atrás de você.
Aprendi que o voluntariado é impactante, a partir do momento que você se identifica com uma causa, se doando em prol do outro, tudo se multiplica em energias boas a seu favor.
Aprendi que temos que pensar antes em nós do que nos outros, como a premissa das instruções em um voo, que se houver algum incidente, primeiro você deve colocar a máscara em você e depois ajudar o outro.
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiança; todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades.” – Luís de Camões
Que “Um novo olhar para o secretariado – mudanças e transformações”, seja um convite para novas perspectivas e mudanças de chave. Acredite, você pode!
Andréa Fernandes Guenka é profissional do Secretariado Executivo com MBA em Gestão de Pessoas e pós-graduada em Gestão, Governança e Setor Público. Desde 1998, faz parte do corpo funcional do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo, atuando no assessoramento da diretoria executiva e do conselho diretor. É empreendedora na área de Secretariado Remoto e Mentoria e fundadora do “Secretariado Sem Segredo”. Atua também como palestrante e instrutora no curso para Assessores e Secretários de Conselhos de Classe, ministrado pela Torres Educação, coautora do livro “Um novo olhar para o secretariado – mudanças e transformações“
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