Ponto de Vista
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A relação com os filhos dentro do relacionamento
Por Mauro Valeri Junior
O nascimento de uma criança é um grande divisor de águas na vida de qualquer pessoa, não apenas no relacionamento afetivo. São muitas mudanças, mesmo que não apareçam externamente a pessoa muda por dentro. A sensação de ser pai é indescritível, não existe outro sentimento igual e não consigo imaginar algo para comparar. Surgem preocupações, responsabilidades novas e muitas dúvidas.
As dúvidas são inúmeras e geralmente não existe resposta correta para as perguntas, nem sempre é possível resolver as coisas dentro da dicotomia do “sim” e “não”. As crianças são como esponjas, principalmente nos primeiros anos de vida, então o seu comportamento na frente delas definirá a maneira como ela vai agir, definirá o caráter e pode ou não gerar traumas que são carregados ao longo da vida da pessoa.
Isso impacta o relacionamento marido e mulher? Com certeza, pois são duas pessoas com criações, crenças, experiências e valores diferentes. Sendo assim, é fundamental ter que discutir e alinhar como será a criação e educação dos filhos. Nem sempre essa conversa acontece de forma planejada, então, a gente tem que trocar o pneu com o carro em movimento mesmo e está tudo certo. Acredito que se for feito com amor funciona para todos, principalmente para as crianças.
Outro fator que impacta é quando os pais são separados. Imagine que a criança tem acesso a uma maneira de pensar e viver com o pai e outra maneira com a mãe. Isso pode criar uma confusão na cabeça da criança. São horários, regras e costumes que são tratados de formas diferentes. Novamente nesse caso não tem certo e errado. São apenas maneiras diferentes de fazer a mesma coisa.
As crianças são sedentas por regras, elas precisam e pedem limites. Então, definir o horário para acordar, dormir, tomar banho, almoçar etc. É algo importante. Definir a ordem que as tarefas devem ser executadas também é importante para a criança entender a prioridade das coisas. Conheço casos de amigos em que é nítido o impacto que a falta de rotina e regras gera na criança. Não se trata de rigidez ou de ser mais flexível, é mais o fato de conhecer o seu filho e adaptar o dia a dia de maneira que atenda às necessidades dele.
Um exemplo simples que tenho é o horário que o meu filho acorda para ir à escola. Eu sempre acreditei que entre 50min e 1h seria o tempo suficiente para ele tomar café, se trocar, escovar os dentes e ficar pronto para ir à escola. Mas, ele não é um cara matinal, ele gosta de acordar e fazer as coisas no tempo dele, sem correria, então eu acordo o meu filho geralmente com cerca de uma hora e meia antes do horário da aula. Assim ele se troca com calma, toma o café com calma enquanto assiste desenhos e vídeos no YouTube, escova os dentes e conseguimos chegar no horário correto para a aula.
Eu faço isso com todas as atividades, não gosto de fazer nada correndo com eles, pois não quero passar para eles a impressão de que a vida é uma correria sem fim. A minha ideia é que eles aprendam desde cedo a administrar o tempo e consigam ter qualidade de vida.
Mauro Valeri Junior é escritor e autor do livro autobiográfico “A história do que aconteceu com a gente”
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