Além do horizonte pálido há algo inexplorável pela razão que nos encanta com uma beleza inebriante. Só é alcançável pela imaginação e nos faz sonhar com uma outra realidade que tenha um significado final para tudo o que vemos e sentimos.
Outro Dia
Um outro dia se acaba
E a melodia se torna música
Olhando o que passa e nada
Só uma mera visão rústica
E os segredos onde estarão?
Cada um pensa que sabe o que faz
Sem temer o tudo, jamais
Na embriaguez do outro dia
Vejo o teu olhar e o desejo
De me transformar no ideal
Num complexo tom musical
E os segredos onde estarão?
Mascarados por um leve toque da paz
Diz tudo o que ainda não faz
Diz tudo o que ainda…
E no teu sentido do outro dia
Sempre a mesma morbidez
Nunca traduz a alegria
Da minha fraca e clara lucidez
E os segredos onde estarão?
Todos repassados numa monótona visão
Em um outro dia que será amanhã
Em um outro dia
Amanhã
Levitar
Dizer coisas tristes, falar de amores
São muitas as vezes que me vejo assim
No escuro não falo, no silêncio não vejo
Minhas poucas palavras em um desejo
Te procuro não sei onde, me imagino perdido
Mas sei que abro os olhos onde piso
Se talvez me escuta, me entende o possível
Não guardo segredos no invisível
Me coloco num jogo do vazio e abstrato
Procuro estar onde ninguém está
Minha fala corrente não espera o medo
As palavras jogadas no tempo
Quero ir agora, viver uma saída
E tirar meu peito do frio
Tranquilo Querer
Realidade, governando a vida
Felicidade, sempre escondida
Que caminhos devo tomar
Se eu quiser te encontrar
O que penso eu desse destino
Que aconteceu num desatino
Sem forçar seu coração
Para a minha ilusão
Eu quero viver
Tranquilo querer
Estar no prazer
Tranquilo querer
Tentar ocupar todo o espaço
Fazer ocultar o meu cansaço
Sem me preocupar com tolices
Que vem ao encontro
A grande cidade jurou para mim
Que a liberdade era meu fim
Como posso aceitar
Sem argumentar
Eu quero viver
Tranquilo querer
Estar no prazer
Tranquilo querer
Cada Vez Mais
Abrindo as portas do deserto
Exorcizando todos os mistérios
Reduzindo o caos
Viajando no incerto
Vazio
Cada vez mais
Fácil
Atitudes no olhar
Festejando no sonhar
Quando vencidas as tentações
Reparamos nossas direções
E tudo
Cada vez mais
Alívio
Gerações do passado
Corações atrasados
Todas essas mutações
Pardas claras ilusões
E o jogo
Cada vez mais
Aberto
Poucas São As Palavras
Poucas são as palavras que em meditação consigo achar pra me expressar
Poucos são os momentos em que finjo só estar para me retirar
Poucos foram os corações em que eu pude me sentir
Pouco é tudo o que eu tenho a dizer sobre mim
Nada é o que importa para apontar os defeitos do meu bem-estar
Nada é o que pensa a pessoa que
Pensa que tem muito a falar
Nada é o conceito do mundo que estamos a consumir
Nada é o bastante que se pode conseguir
Tudo é o universo que representa seu abstrato
Tudo é a parte em que se pode tocar
Todos são os nomes, as verdades e as mentiras
E poucas são as palavras que em silêncio consigo ouvir
Poucas são as palavras que na confusão
Consigo expressar pra me encontrar
Liberdade, Eternidade
Esperar que a lua traga a nós esta noite
Todo o sonho atrevido no instante
Em que os corpos se inflamem de alegria
E o sexo seja outra folia
Reviver e sentir o dourado do espaço
Repartir com o tempo o passado
Onde os nossos horizontes no presente
Reflitam o acaso do futuro
Ah! Seja assim a liberdade
Ah! Pra quem procura eternidade
Esperar que a lua faça cena de novo
E as estrelas iluminem seu rosto
E deixem brilhar todo o riso
E viva quem queira viver
Vou dizer: sigo agora os seus passos livres
Escutando sua imaginação
Que sempre servirá de lição
A um mundo acorrentado na ilusão
Ah! Seja assim a liberdade
Ah! Pra quem procura eternidade
Lógico Cantor
Acabaram-se os passos e eu não o conhecia mais
Vieram de outros lados, mas vieram imortais
E sempre há desculpas
Desculpas a mim mesmo
Não posso aceitar seus segredos
Quando descartam flores, recarregam o seu fuzil
Começam os rumores de uma era vã e vil
E sempre há retalhos
Retalhos da moral
Não posso acreditar no normal
Não perca seu espaço, reforce seu calor
Reative sua voz, meu lógico cantor
O sangue vagueia pelas veias de seu corpo
E cruzam quase sempre algum caminho torto
E sempre há mentiras
Mentiras originais
Vivemos aceitando prazeres marginais
Não perca seu espaço, reforce seu calor
Reative sua voz, meu lógico cantor
O Grande Vitral
A paisagem do grande vitral não é real
É peça de um sonho musical
O fato vivido tão doce e esquecido
Passa o tempo todo assim
E a memória que esteve sempre à mão
Não possui mais o fôlego da paixão
A música que antes eu escutava
Desafinada não significa mais nada
Você esteve lá e eu vi
Como acordei? Juro que não sei
Os ventos continuam a mentir
E a alegria do nosso passado
Ficou entre os nossos passos
E a paisagem do grande vitral
De sonho musical
Passou à peça de uma vida normal
Você esteve lá e eu vi
Como acordei? Juro que não sei
O Instante do Sentido
O sol
Criança corre inocente
Os deuses observam
Cada dia contente
O mundo que os homens levam
A paz
O caos não tira a razão
As preces loucas pedem
O ar sozinho é vão
Os lobos desaparecem
O grito
Assusta no ar
Sustenta um pedido
Um homem promete
Traduz um tempo perdido
O livre
Eterna busca eterna
O jogo nunca começa
A libido numa caverna
Descansa a brisa terrena
A cor
Da emoção ao corpo
Da mente à canção
Da boca à palavra
Dá aos homens a paixão
Os olhos
Desvendam o mistério
Assumem a forma
Julgam o secreto
Esquecem o escuro
Você
O sol da paz, o grito livre, a cor dos olhos
Paulo Maia é publicitário, um pensador livre e morador do Morumbi que mantém sua curiosidade sempre aguçada
Imagem destacada da Publicação:
Imagem por Claudio Schwarz
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