A professora nos mandou escrever sobre algo que presenciamos no nosso dia a dia e me pego em busca de um ponto de partida
Por Beatriz Figueiredo
No canto da sala, vejo as pessoas à minha volta, todas rindo e se divertindo, conversas vão e vem e eu mais um dia, apenas observo.
A professora nos mandou escrever sobre algo que presenciamos no nosso dia a dia e me pego em busca de um ponto de partida.
O barulho das conversas entra em meus ouvidos me ensurdecendo ao se misturarem com meus pensamentos de forma que se torna difícil compreendê-los. Pego um papel e uma caneta e escrevo. Tento organizar as ideias, mas mais uma vez a confusão me invade com a dificuldade para me concentrar com a vozearia, como conseguirei fazer uma nova história assim?
Já passam das duas da tarde quando decido levantar, bebo água, lavo o rosto, dou uma olhada no celular e retorno ao meu lugar, torcendo para que tudo se acalme um pouco mais.
Tento voltar a escrever, mas dez minutos se passam sem nem uma palavra sendo colocada no papel, será que só eu estou incomodada?
Decido voltar a observar o ambiente, em busca de uma história ou de alguém que pareça estar sentindo o mesmo que eu.
Observo enquanto dois amigos conversam, eles não param de rir e chego a me questionar se estariam rindo de mim, será que conseguem ver minha frustração?
Eles voltam suas atenções aos papéis em suas frentes, mas diferente de mim, seus lápis se movem em um ritmo constante, deixando claro que todo aquele barulho não os incomoda em nada.
Vejo tantos sorrisos que passo a me questionar, será que só eu me aborreço por isso? Ninguém à minha volta parece notar o que está acontecendo, a confusão e a barulheira ficam ainda maiores, mas ninguém se mexe.
Volto o olhar para minha folha de papel, continua quase toda em branco.
Penso se devo pedir ajuda, mas mudo de ideias ao olhar novamente aos dois garotos. Eles seguem, assim como os outros, escrevendo incansavelmente e sinto que irei atrapalhá-los se mostrar a eles os problemas que estou tendo.
Tento respirar fundo, mas o ar chega a ficar preso na garganta. Não sei em que momento a sala encheu tanto para parecer tão sufocante, mas novamente ninguém mais parece se angustiar com isso.
O barulho parece que aumenta cada vez mais, e a minha folha fica ainda mais em branco quando decido apagar o que já havia escrito. Se os outros estão com as ideias fluindo tão bem, as minhas não devem ser boas o suficiente.
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A vontade de desistir me aperta, não acho que serei capaz de encontrar uma boa história nesse lugar, onde tudo parece igual e só eu me encontro deslocada.
Olho novamente para frente, as bocas não estão mais se mexendo, então assumo que o ambiente está finalmente quieto. Mas se sim, por que então ainda me sinto tão confusa ao escutar tanto barulho?
Paro e respiro, será que só eu escuto? Será que o barulho está vindo todo da minha cabeça? E por isso só eu me incomodo com ele?
Tento pensar, talvez eu não esteja conseguindo encontrar uma boa história, pois ela não está nos outros. Talvez, a história que tanto busco já esteja comigo diariamente.
Coloco meus fones de ouvido e dou play na primeira playlist que vejo, como uma tentativa de silenciar as vozes que insistem em perturbar minha mente.
Pego o lápis e me preparo para começar, já na linha do título escrevo: “A ansiedade”.
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