Não quero ter filhos: o que está por trás dessa decisão?

Jornalista lança livro abordando diferentes aspectos da não maternidade e esmiúça os aspectos sócio patriarcais que envolvem o não desejo de ser mãe

Imagem por pixelshot em Canva Fotos

Minha decisão de não ter filhos se mantém firme desde os 8 anos de idade“, relata Bruna Maia em seu livro “Não quero ter filhos: e ninguém tem nada com isso”, lançado pela Editora Nacional no último dia 23. A jornalista, escritora e cartunista busca, a partir de relatos de 19 mulheres e um homem trans, questionar aspectos religiosos, sociais, biológicos e culturais da história ocidental, mirando na universalização dos direitos reprodutivos para que mulheres possam escolher não ser mães (ou ser mães) de forma autônoma.

Em quase 300 páginas, Bruna Maia conecta diversos pensadores e pensadoras para explicar a construção da maternidade contemporânea. O desejo de ter filhos é inato? Ou apenas uma imposição social? Buscando fazer refletir sobre os motivos das mulheres quererem ser mães ou não, a autora mescla sua experiência com a de outras vinte pessoas, compondo um mosaico de razões individuais e coletivas.

Meu principal objetivo com esse livro é fazer com que mulheres que não querem ter filhos se sintam acolhidas, tenham um material com o qual elas possam se identificar, entender melhor a decisão delas, mostrando que elas não estão sozinhas. O livro também tem um propósito político importante de falar sobre justiça reprodutiva e da importância dos direitos reprodutivos para a sociedade, para as mulheres, para o feminismo“, diz Bruna Maia.

Imagem por Inside House Creative em Canva Fotos

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Sucesso na Internet, Bruna Maia possui mais de 80 mil seguidores e ganhou notoriedade ao compartilhar tuítes e quadrinhos de humor ácido (feitos por ela mesma), por meio dos quais fala de feminismo, liberdade sexual, relacionamentos, dramas geracionais, política e mais. No lançamento da Editora Nacional, a cartunista é responsável também pelas mais de 90 ilustrações presentes na obra.

A justiça reprodutiva é um instrumento importante para a existência das mulheres e de todas as pessoas que podem gestar porque ela diz respeito a ter acesso às ferramentas que podem fazer com que elas sejam ou não mães, de forma livre de coerção, em condições dignas para isso“, explica Bruna sobre o livro.

A autora complementa dizendo que “falar em justiça reprodutiva é falar em um contexto muito amplo que também diz respeito à sociedade se responsabilizar pela criação das crianças e por disponibilizar meios para que mulheres possam tomar essa decisão de forma autônoma, o que inclui acesso a contraceptivos, educação sexual e aborto legal“.

A discussão presente em “Não quero ter filhos: e ninguém tem nada com isso busca abranger diversos aspectos e é um convite que traz contexto histórico e provoca reflexão.

Bruna Maia é jornalista, escritora, cartunista e artista plástica. Em 2020, publicou o quadrinho “Parece que piorou”, pela Companhia das letras. Já em 2022, foi a vez do romance “Com todo o meu rancor“, da editora Rocco. É autora da página de cartuns @dabrunamaia no Instagram. Assina a coluna X de sexo para o site F5 da Folha de São Paulo.

Colaboração da pauta:

Exclame!

Xanndi Poletto | alexandre@exclame.cc

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