Por entre corais e algas, flutuo como um sonho perdido, não desejando mais voltar
Por Simone Rodrigues
Aquela noite algo mágico me aconteceu. Uma habilidade especial, passada de geração em geração em minha família, despertou em mim de maneira repentina.
Não imaginava que chegaria a mim, o dom de ver além do comum.
Meus olhos foram abertos para ver o mundo além do visível.
Encantada, eu observei a emenda quase imperceptível tecida entre o céu e o oceano.
Estavam interligados pelo alinhavo por pouco invisível, que as mãos da noite cuidadosamente entrelaçou enquanto eu a observava chegar.
Placidamente, ao findar de todos os dias, eles se tornavam um.
Isso se dava logo após o crepúsculo, (um dos meus episódios favoritos).
No período exato em que o sol, com sua variedade de pincéis coloridos, faz do céu uma aquarela de laranja, vermelho e até tons rosados, antes de retirar-se do céu.
Não me resta dúvidas de que o mar me traz emoções diversas!
Mesmo antes de enxergar as maravilhas que transcendem o ordinário…
Infelizmente, não me recordo o dia em que estivemos frente a frente pela primeira vez. Só sei que ele fez e faz parte de mim a vida inteira.
Durante o dia, pelas manhãs, eu o enxergo alegre e receptivo sem deixar de impor sua grandiosidade ameaçadora.
O mar, cheio de vaidade, sempre exibe orgulhoso as naus distantes da praia, que navegam suas águas no horizonte enquanto o sol brilha radiante no céu azul sem nuvens.
No decorrer da tarde, suas ondas se tornam mais suaves e ele replica um espelho dourado de dimensões profundas.
Todavia, quando a lua o beija suavemente, sua impetuosidade implacável se instala.
Sua imagem é temível!
Ele usa sua dualidade entre o assustador e o tranquilo.
Se divide entre o sombrio e o sereno.
Isso funciona como um convite enigmático e perigoso para mergulhar naquilo que é desconhecido e real.
Nas profundezas do mar, onde a luz desvanece, moram criaturas inimagináveis de beleza e mistério jamais descritas.
Elas dançam entre as sombras, entre peixes e sereias, onde o desconhecido encontra seu lar.
Diante dele, minha mente veleja entre as funduras e entranhas do breu do oceano.
Eu viajo sob o olhar de Poseidon, eu flutuo entre as maravilhas e perigos das profundezas.
Envolta nos braços das águas salgadas, sinto-me em um reino antigo onde os monstros são lendas e as sereias são guardiãs de segredos inacessíveis.
Por entre corais e algas, flutuo como um sonho perdido, não desejando mais voltar.
Em suas correntezas meu destino, meu coração de vidro, imenso e soturno como o fundo do oceano, brilha inquebrável como um tesouro escondido.
Simone Rodrigues é nascida e criada em São Paulo e há mais de 20 anos é moradora da cidade de Guarulhos; é visagista, hairstylist e maquiadora cuja jornada vai além dos salões de beleza. Em 2018, conquistou o 5º lugar no Prêmio de Literatura Guarulhos com seu primeiro livro, abrindo as portas para uma série de cinco obras subsequentes. Enquanto seu talento se destaca na arte dos cabelos, sua verdadeira paixão se revela nas páginas em que escreve, repletas de histórias de amor e fantasia destinadas a inspirar mulheres. Seus livros não são apenas uma expressão artística, mas uma extensão dos seus sonhos e de sua vida, dedicada a encantar e transformar.
Conheça seu mais recente livro, “Filha de Circe”, lançado em janeiro 2024.
Uma história de mistério, romance, magia e erotismo envolve o leitor em a “Filha de Circe”
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