Como falar sobre suicídio de maneira segura?

Especialista alerta para a maneira como falar da maneira incorreta sobre suicídio pode piorar os números atuais dele

Design Dolce sob imagem de Mykhailo Pervak em Canva

Há dias fora noticiada a morte por suicídio de um menino de 14 anos, aluno de um tradicional colégio de São Paulo. Juntamente com a notícia, foi compartilhado o áudio de despedida deste garoto.

A psicóloga especializada em suicidologia, palestrante TEDx e fundadora do Instituto Vita Alere, Dra. Karen Scavacini, explica os perigos que envolvem compartilhar as despedidas de pessoas que morreram por suicídio: “Compartilhar as despedidas – seja em formato de carta, áudio ou da maneira que forem – é uma atitude bastante preocupante. O que poucos sabem – e precisamos educar a população sobre isso – é que a divulgação dessas despedidas pode funcionar como gatilho a pessoas mais vulneráveis, àquelas citadas no vídeo, o que pode levar ao que chamamos de suicídios de contágio, ou seja, levar outras pessoas à morte por suicídio”.

Uma das principais formas seguras de falar sobre o suicídio é não informar como a pessoa morreu, ou seja, a maneira que escolheu terminar a sua vida. Esse é um detalhe que, para pessoas em sofrimento, pode ser um gatilho desencadeador de novos atos. 

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Muitas especulações têm surgido sobre as possíveis causas por trás dessa tragédia, e neste momento, os corações devem estar com a família do menino, que enfrenta uma dor inimaginável. É fundamental que quaisquer gatilhos, violências, preconceitos ou exclusões que possam ter ocorrido sejam devidamente investigados, mas é importante lembrar que o suicídio nunca resulta de uma causa única. Trata-se de uma questão complexa e multifatorial, que exige uma abordagem sensível e cuidadosa para que possamos entender e prevenir situações tão devastadoras como esta: “Embora parecer ser mais fácil apontar um único culpado em um caso de suicídio, é preciso entender que ele tem causa multifatorial, ou seja, são diversos fatores que levam uma pessoa a morrer por suicídio”, explica Dra. Karen.

“Também não é recomendado fazer análises levianas, especialmente quando não se é especialista em saúde mental. Compartilhar a notícia como alerta, como uma forma de trazer para a luz um tema ainda tão tabu pode ser feito, mas com responsabilidade e empatia. Estamos falando de uma pessoa que estava em sofrimento profundo”, continua a especialista.

Design Dolce sob imagem por Pixelshot em Canva

Quer ajudar? Fale sobre o tema com consciência, compartilhe materiais de instituições sérias e que dominam o assunto, jamais compartilhe fotos, áudios e cartas, acolha o sofrimento de quem está ao seu redor, aprenda a identificar os sinais de alguém em sofrimento. “Praticar a escuta ativa, falar mais do que ouvir, ser ativo na resolução de violências escolares e indicar ajuda profissional é a melhor maneira de ajudar alguém que está sofrendo. Além disso, é preciso ter responsabilidade e ética com a voz que cada um de nós tem e, em tempos de redes sociais, ressoa de forma ainda mais poderosa”, finaliza Dra. Karen.

O Instituto Vita Alere disponibiliza diversos materiais gratuitos que ajudam e educam sobre o suicídio. Esses materiais podem ser acessados pelo link: https://vitaalere.com.br/conteudos/cartilhas-e-manuais/.

Dra. Karen Scavacini é idealizadora, cofundadora, coordenadora e responsável técnica do Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio. Formada em psicologia, Karen é doutora em “Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano” pela USP e mestre em “Saúde Pública na área de Promoção de Saúde Mental e Prevenção ao Suicídio” pelo Karolinska Institutet, localizado na Suécia. 

É representante do Brasil no IASP (International Association for Suicide Prevention), membro da American Association for Suicide Prevention, nos Estados Unidos; do LIFE (Living is for Everyone), na Austrália; do Global Mental health Action Network (GMHAN),   e do Global Psychology Network, além de autora de um livro que auxilia pais e educadores a conversarem sobre suicídio, “E agora? – Um livro para crianças lidando com o luto por suicídio”. Além disso, é membro do “SSI Advisory Commitee” do Facebook e grupo Meta.

Palestrante – inclusive TEDx Speaker, Dra Karen participou de eventos nacional e internacionais falando sobre a importância de se falar sobre saúde mental, prevenção e posvenção do suicídio. Entre os eventos participantes estão o Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sirio Libanês, o IPQ USP – Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e a Faculdade Getúlio Vargas (FGV).

O Instituto Vita Alere tem por visão uma sociedade mais aberta e atenta à saúde mental dos indivíduos, organizações e da própria sociedade, onde a promoção da saúde mental seja um objetivo contínuo, reduzindo preconceitos, criando consciência pública, falando abertamente, valorizando a vida, promovendo formas mais saudáveis de se relacionar e enfrentar os sofrimentos existenciais, facilitando a recuperação e tratamento. Pioneiro no Brasil em sua área, foi fundado em 2013 com a missão de promover a saúde mental do indivíduo, organizações, instituições e sociedade, com o foco na promoção de saúde mental, prevenção e posvenção do suicídio e autolesão, sendo referência na área através do desenvolvimento de projetos, tratamento especializado, pesquisa e atividades de educação, suporte e apoio, com inovação, dedicação, respeito e cuidado. 

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