Dependência química no Brasil: o desafio da ressocialização e a luta por uma nova chance
Um dos maiores desafios enfrentados pelos dependentes químicos em recuperação é a falta de oportunidades de ressocialização e capacitação
A dependência química é uma das maiores crises de saúde pública no Brasil e no mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 6% da população brasileira é dependente de algum tipo de droga, o que representa mais de 12 milhões de pessoas vivendo sem dignidade devido ao vício. Esse problema afeta não apenas a saúde dos indivíduos, mas também suas relações familiares, sociais e sua capacidade de reintegração no mercado de trabalho, criando um ciclo de exclusão.
Em escala global, o Relatório Mundial sobre Drogas, divulgado a cada 10 anos pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), revela que em 2020 aproximadamente 284 milhões de pessoas, entre 15 e 64 anos, usaram algum tipo de droga. Esse número representa um aumento de 26% em relação à década anterior, sendo a maioria dos usuários homens. Entretanto, o verdadeiro desafio vai além do tratamento para o vício: a ressocialização e a profissionalização são, muitas vezes, etapas negligenciadas, impedindo que esses indivíduos retornem à vida social de forma digna.
No Brasil, uma pequena parcela dos dependentes químicos tem acesso a tratamentos adequados e, mesmo após a recuperação, enfrentam grandes barreiras para serem aceitos novamente na sociedade. As oportunidades de emprego são raras, e o preconceito os impede de recomeçar suas vidas de maneira plena. Programas de reinserção que oferecem capacitação profissional são fundamentais para realocar esses indivíduos na sociedade, mas ainda são insuficientes para atender à enorme demanda.
Diante desse cenário alarmante, a Missão Batista Abrace se apresenta como uma esperança para inúmeras pessoas que enfrentam a dependência química. Essa iniciativa se destaca por seu papel transformador, proporcionando não apenas tratamento, mas também um esforço contínuo para reintegrar esses indivíduos à sociedade. O projeto acolhe homens que viviam em situação de rua, vítimas da dependência, e hoje conta com 60 em tratamento. Para proporcionar a eles uma nova chance de vida, a missão criou a marcenaria solidária, um espaço de capacitação que ensina um ofício enquanto promove a recuperação emocional e a reintegração social.
“A Missão Batista Abrace é um projeto maravilhoso. Eles trabalham na recuperação de dependentes químicos, acolhendo homens que viviam em situação de rua. Dentro desse projeto, nós montamos a marcenaria solidária, que não só capacita os participantes, mas também oferece a eles um propósito, uma forma de reconstruir sua autoestima e reiniciar suas vidas em sociedade“, afirma Adeilton Pereira, sócio administrador do Grupo Officina, um dos principais apoiadores da Missão.
Um dos maiores desafios enfrentados pelos dependentes químicos em recuperação é a falta de oportunidades de ressocialização e capacitação. Mesmo após vencer o vício, muitos ex-dependentes encontram dificuldades em retornar ao mercado de trabalho, o que os expõe novamente ao risco de recaídas. “O grupo Officina veio como uma resposta de Deus para nós, nos ajudando a implementar o nosso primeiro processo pedagógico acompanhado na capacitação, na área de marcenaria“, comenta o pastor Júnior Coordenador da Missão Batista Abrace.
Essa iniciativa exemplifica o papel fundamental que projetos humanitários desempenham na recuperação de dependentes químicos e na reintegração desses indivíduos na sociedade. “Projetos como esse são a prova de que é possível criar um impacto positivo e duradouro na vida daqueles que foram marginalizados pelo vício. No entanto, é preciso expandir esses esforços para que mais pessoas possam ter acesso a tratamento adequado e a oportunidades de ressocialização”, pontua Soni Cassiano, sócia-administradora do Grupo Officina.
Com milhões de brasileiros afetados pela dependência química, é urgente que a sociedade se una para criar e apoiar iniciativas como a Missão Batista Abrace. Capacitar e reintegrar esses indivíduos não é apenas uma questão de saúde pública, mas também de dignidade humana.
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