Entre sacrifícios e esperanças: a jornada de Maria, a mãe, neste Natal

Você já parou para observar a história do nascimento de Jesus sob a perspectiva de Maria? É uma narrativa muitas vezes centrada no milagre, mas é essencial lembrar que Maria foi uma mulher com sentimentos, sonhos e desafios. Ela, prometida a José, encontrou-se grávida do Espírito Santo antes mesmo de se unir a ele. Como divulgar essa notícia em uma época em que os casamentos eram arranjados, e a reprovação social era severa? Quem acreditaria que um anjo tinha falado com ela? Tentando me colocar no lugar dela, não sei o que eu faria. Conseguem imaginar isso nos dias de hoje?

Imagine o que Maria deve ter sentido diante dos olhares de reprovação e condenação. Não vivemos isso também nos dias de hoje? Mães solos muitas vezes enfrentam julgamentos por suas decisões, sendo vistas como erradas por não saberem escolher o pai de seus filhos ou por saírem de relacionamentos abusivos, são condenadas diariamente por “destruírem suas famílias”. Essa realidade ecoa em minha vida e na de tantas outras mulheres. Quantas vezes não fui convidada para eventos de amigos e familiares porque acham que não consigo lidar sozinha com meus filhos?

Quantos olhares julgadores Maria deve ter recebido? Quantas Marias existem hoje em dia, que lutam pelos seus filhos, assim como ela lutou. Ela enfrentou tudo e a todos, por um amor incondicional. As Marias de hoje lutam pela educação de seus filhos, por tratamentos exaustivos de filhos deficientes ou por um futuro melhor, assim como ela que lutou até o fim pelo futuro de seu filho.

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Maria não estava sempre sozinha, pois teve José ao seu lado, alguém que acreditou e desconsiderou os comentários alheios. Infelizmente, essa presença de apoio é raridade nos dias de hoje. São poucos os Josés dispostos a caminhar ao lado das Marias, independentemente das circunstâncias. A família, os amigos, devem ter dito inúmeras vezes a ele: “Saia desse relacionamento, ela não presta, você merece coisa melhor, não foi para isso que te criei!”

E esse tipo de comentário perpetua nos dias de hoje, o preconceito não acabou. Acontece com inúmeras mulheres diariamente e são raros os Josés que que estão dispostos a caminhar junto, por amor independentemente de quem seja o pai do filho dela, são poucos os que sabem a força de uma mãe e que estão dispostos a estarem ao lado das Marias.

Acontece comigo. Homens que parecem ser interessantes, ao chegarem em minhas redes sociais somem depois de verem que tenho dois filhos pequenos, inclusive uma com Síndrome de Down. Acreditam que estou em busca de um pai para eles ou não sei o que passa na cabeça desses homens fracos e inseguros. O fato é que me julgam, sem nem conhecerem minha história e minha luta, que é solo e não deles. Para mim é livramento, para eles, uma oportunidade perdida de conhecer a força de uma mulher incrível.

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Maria provavelmente se sentiu tão sozinha durante os nove meses de gravidez, apesar de ter José ao seu lado. Ela não teve a chance de aproveitar a magia da gestação, tendo que enfrentar desafios imensos, como viajar montada em um jumentinho. Sem amigas ou confidentes, estava disposta a aceitar seu caminho por amor ao seu filho.

Hoje, quero dizer a você, que se identifica com Maria: não precisa se sentir sozinha. Busque apoio emocional, cuide de si mesma. Conte comigo, não precisamos fugir das dificuldades em um jumentinho como Maria fez. Este caminho pode ser desafiador, mas lembre-se que, assim como Maria suportou imensas tragédias, você também é forte e pode superar os obstáculos. Pode ser que você ainda encontre seu José, ou não, mas tem muita gente do bem por aí disposta a pelo menos um abraço ou ser um bom ouvinte.

Neste Natal, uma época de renascimento e esperança, convido você a refletir sobre sua própria jornada. Busque seguir à exemplo de Maria, fortalecendo-se através do amor — não apenas pelo amor aos filhos, mas, essencialmente, pelo amor-próprio. Renasça e viva plenamente! E se precisar, lembre-se: estou aqui, conte comigo!