Caminho para o fim

Hipnotizada…

Fixada no tom metálico e ardente de teu olhar

Onde o bronze incandesce em silêncio profundo

Há mais que cor — há feitiço

Há sentença velada em brasas que crepitam sob as sombras

Tuas íris, auréolas de ouro em combustão

Cintilam como fagulhas do fim

Do fim da razão, da margem, do nome.

Aquela luz…

Aquela cor…

Não pertence ao mundo dos homens

É crepúsculo profano, é invocação

É voz de um tempo esquecido

Que sussurra em línguas mortas ao ouvido da carne

Há magia em ti

uma fome antiga que não fere — devora

Com ternura, com fervor.

Me perdi.

Me rendi.

Foto de Alexander Krivitskiy na Unsplash

Afundei nas espumas douradas

Que se encrespam em ondas no mar dos teus cabelos

Serpentes doces deslizando pela torre do teu pescoço

Exalando um perfume — doce demais

Como néctar proibido

Que embriaga a alma e desperta os instintos.

Ao tocar teus fios, mergulho

Sem pressa, sem volta

Ali não há margem

Só vertigem

Um desejo sem nome

Que se sente, se sofre, se adora.

Nos teus braços de alabastro

Descobri que até a pureza abriga o caos

Não eras abrigo — eras altar

E tu, divindade incandescente

Ateavas incêndios com a pele

Teu toque… sentença e delírio

O estopim da entrega.

Foto de Alexander Krivitskiy na Unsplash

Ali, onde a paz não ousa entrar

A paixão dança nua

As vontades, insaciáveis, regem a música

E eu

Inteira, me dou

Devota, condenada.

Porque ali, onde a razão se desfaz

Só o desejo reina

E ele…

Ele conhece bem o caminho para o fim.