Dividir a cama é dividir mais do que lençóis. É dividir calor, rotina, sonhos… e, em muitos casos, silêncios. Quando o assunto é sexo, esse silêncio costuma ser ainda mais pesado. Mulheres costuma falar sobre prazer, dúvidas e fantasias com amigas, em grupos online ou até com desconhecidos, mas muitas vezes se percebem desconcertas justamente na hora de conversar com quem deveria ser o seu espaço mais seguro: o próprio parceiro.
E por que essa dificuldade?
Mais uma vez eu me apoio nas questões culturais para responder parte dessa pergunta.
A maneira que fomos ensinadas a lidar com a sexualidade, além do fato de muitas mulheres crescerem ouvindo que sexo era proibido, pecaminoso ou assunto para ser evitado impactou bastante na forma de se comunicar consigo sobre esse assunto.
Outras aprenderam que “boa moça não fala dessas coisas” e, assim, chegaram à vida adulta com pouca ou nenhuma linguagem para expressar o que sentem, desejam ou não desejam. O resultado é que, mesmo em relacionamentos de anos, falta vocabulário e sobra insegurança.

Outra barreira comum é o medo da reação do outro. “Será que ele vai me achar estranha se eu disser que não gosto de determinada posição?” ou “E se ele pensar que sou exagerada por querer experimentar algo diferente?”. Esse receio de julgamento paralisa muitas mulheres. A insegurança com o próprio corpo, a comparação com padrões irreais e a pressão para “ser boa de cama” só reforçam a ideia de que é melhor ficar quieta do que arriscar uma crítica.
A grande questão é que quando não falamos sobre sexo, abrimos espaço para frustrações silenciosas. Pequenas insatisfações vão se acumulando até se transformarem em distância emocional. Não se trata apenas de orgasmo ou frequência, mas de vínculo: se não conseguimos compartilhar nossos desejos mais íntimos, também vamos criando barreiras para compartilhar sentimentos, vulnerabilidades e até projetos de vida.
Lembrando que o silêncio não protege, ele distância.

Falar sobre sexo não significa sentar com planilhas na mão. Muitas vezes, basta criar pequenos espaços de diálogo. Pode ser um bilhete carinhoso, uma conversa fora da cama, um “check-in” semanal em que cada um diz o que tem gostado e o que gostaria de experimentar. O mais importante é abrir a porta: depois que o primeiro passo é dado, o diálogo se torna cada vez mais natural.
É importante lembrar: sexo bom não acontece apenas por instinto, mas pela construção diária de intimidade. E prazer não é responsabilidade de apenas uma pessoa, mas de quem divide a relação. Quando os dois entendem que se trata de parceria, fica mais leve assumir desejos, falar de limites e propor novidades.
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Até uma próxima!