Estávamos eu, meu filho e sua mãe conversando sobre diversas coisas quando surgiu o assunto sobre crenças que temos acerca das coisas. Sabe, aquilo que pensamos existir sem que jamais tenha dado qualquer prova concreta sobre sua existência? E, na falta delas, tomamos as teorias como justificáveis para nossa crença, numa mistura de lógica e magia. Bom, sem entrar em devaneios ainda, citamos a clássica crença de que exista vida alienígena. E não apenas isso! Mas que seus representantes já nos visitaram várias vezes e aqui deixaram seus rastros entre desenhos extensos em áreas que poderiam ser perfeitamente pistas de pousos para naves ou pirâmides que servem de portais que encurtam caminhos para seus planetas pelo vasto universo.
Não vou exatamente descrever nossa conversa, claro. Apenas citei o momento para dizer que ele me inspirou a escrever esse texto e que convido você, leitor e leitora, a acompanhar meu raciocínio e minha lógica nesta viagem da mente e ver se faz, ou não, algum sentido. Claro, se não o fizer para você, não tem problemas. É mais uma teoria. Sem nenhuma pretensão de apresentar provas ou refutar opinião contrária. Tomamos apenas como um exercício de pensar. Tudo bem?
Meu ponto de vista começa considerando que até o século XIX, grosso modo, alienígenas não habitavam o imaginário humano. Os astros e o próprio espaço ainda era morada de deuses e forças sobrenaturais que nos subjugavam. Passamos a considerar a existência de seres extraterrestres com a literatura especialmente a do século XX e mais precisamente a partir de sua segunda metade com a corrida espacial e sua exploração científica. Pois bem, voltando ao meu ponto, o que temos até o momento de conhecimento concreto sobre o que há para além da atmosfera da terra é bastante, sem dúvida, ainda que provavelmente tenhamos mapeado apenas uma ínfima parte do Universo. Não sabemos exatamente seu tamanho e nem se é algo singular: não sabemos seque se há fronteiras, ou seja, um ponto onde indique que não haja nada, absolutamente nada além dele. Mas o que temos mapeado é simplesmente vasto se tomarmos por referência nosso entendimento de espaço.
Nossas sondas e cálculos da distância de luz nos levaram a mapear pontos que estão a milhões de anos-luz daqui. Lugares onde simplesmente não conseguiríamos chegar, mesmo se tivéssemos recursos materiais para tal, considerando viajar na velocidade da luz. E nesta imensidão toda, já nos deparamos com estrelas, planetas, magnetismo, radiações, gases, poeiras estrelares de diversos tamanhos e formas e aos montes. Mas vida, como a que conhecemos, até agora nada. Nesta imensidão toda, ainda não temos nenhuma evidência ou prova de que haja ou se já houve vida em algum lugar ou em algum momento desde o início, ou seja, desde o Big Bang.
Sempre que surge algum indício de que em algum lugar no universo haja, ou em algum momento tenha havido, pelo menos condições para abrigar vida, comemoramos com um fundo de sentimento de esperança de que não estamos sozinhos no Universo. Não nos importamos sequer que possa não ser um tipo de vida consciente e com uma suposta inteligência, como a nossa. Qualquer coisa que se mexa e possa se reproduzir organicamente em bases carbônicas, já é suficiente para nos fazer sentir sermos próximos e parentes. Há um grito rouco e surdo dentro de nós que clama por uma resposta, uma mensagem indicando que algo no Universo tenha nos ouvido. E que tenha nos entendido.
Para mim, este devaneio sugere que temos sim, que considerar que possa haver vida ou algo parecido em algum canto longínquo do Universo, em algum lugar que ainda não conseguimos chegar. E que também sim, considerar que possa ter havido vida em algum distante ponto, ainda que tenha sido extinta por qualquer razão e que não tenha deixado rastro, inclusive porque seu planeta ou lugar em que esteve, também fora extinto, explodiu ou fora engolido por algum buraco negro.
E sugere mais ainda: que ao contrário de planetas e estrelas, a vida é, de fato, algo extremamente raro. Muito, mas muito raro! Não surge e acontece em qualquer lugar ou de qualquer maneira. Exige uma centena de milhares de situações e detalhes que surgem ao mesmo tempo e, provavelmente ao acaso, que criam uma condição impar para que uma matéria se levante, olhe ao redor, contemple aquilo que se apresenta diante de si e que ainda reúna condições de se reproduzir.
Se vale de conforto para esta época que vivemos diante de pandemias e líderes trôpegos que relutam em negar o que veem diante de seus narizes, é que perante o que concluo de minha teoria parida de um devaneio intencionalmente livre e numa tentativa de estar despedido de crenças, superstições, preconceitos e suposições sobrenaturais, é que temos que sorrir diante da experiência de viver, do gosto e do gozo que a vida nos proporciona, e que temos que considerar que isso tudo possa ocorrer apenas essa vez e que eu, você e a humanidade inteira, jamais venha a experimentar tal aventura novamente.
Portanto, meu caro leitor e leitora, busque viver de forma plena, satisfeita, explorando todo o sentimento que se tem nesta experiência; busque também levar paz, satisfação e o valor da vida a um outro ser como você, especialmente aquele próximo, do qual descende ou para o qual você passou seus genes. E assim, quem sabe, todos nós possamos realizar esta jornada com certa honradez e dar o devido valor a esse bem precioso e único que nos fora dado por alguma força que jamais entenderemos, mas para a qual temos que reverenciar e agradecer. Sempre!
Feliz Natal!
PS: Quis com o título fazer uma alusão ao livro “Eram os Deuses Astronautas?” de 1968 do escritor suíço Erich von Däniken, que teoriza a possibilidade das antigas civilizações terrestres serem resultados de alienígenas (ou astronautas) que para as épocas relatadas teriam se deslocado. Talvez sejamos nós, esses tais alienígenas.
Paulo Maia é publicitário, um pensador livre e morador do Morumbi que mantém sua curiosidade sempre aguçada
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