Ler não é decifrar, escrever não é copiar.
Emilia Ferreiro
Olá, leitor e leitora, como vão? (quem sabe também não o são escritor e escritora?) Se você consegue entender o que está escrito aqui, considere-se uma pessoa de sorte. Sim, ler e, principalmente escrever, ainda que sejam habilidades que qualquer humano pode desenvolver, é para poucos. Li dias atrás manchetes que indicavam que muitas crianças que tinham entrado na escola e que estavam no seu processo de alfabetização, haviam perdido o pouco que conseguiram aprender por conta dos desdobramentos da quarentena, tendo de ficar em casa. Ou seja, muitas crianças esqueceram como escrever e ler seu nome, por exemplo, e de reconhecer letras. Lamentavelmente, são consequências da trágica pandemia para quem ainda está vivo e praticamente no início da vida. Esperamos, como um todo, que em algum momento muitas dessas crianças consigam retomar seus aprendizados e sigam suas vidas.
Esse é o retrato da maioria. Sim, apenas uma pequena parte consegue tecnologia para ter escola online. E ainda nem toda a tecnologia garante bom aprendizado. Aprender sobre coisas é uma coisa; interagir, no mundo real, com pessoas é outra bem diferente. A experiência da interação social é única e própria dos animais. Insubstituível na formação pessoal e fundamental para aprendizado em qualquer nível, infelizmente, um tanto proibida para o momento. Triste.
Ler e escrever é uma experiência histórica muito nova para a humanidade. Nossa espécie está aqui, grosso modo, apenas nos últimos 200 mil anos. Nossa capacidade cognitiva só veio a ocorrer 70 mil anos atrás e a escrita só surgiu há 5 mil anos (ou seja, em termos evolutivos e na perspectiva da idade do planeta, isso e nada é a mesma coisa; representa menos do que um suspiro). E até há pouco tempo, a alfabetização na sociedade era a exceção, não a regra. E ainda em alguns rincões do mundo, há grupos inteiros de pessoas que sequer conseguem ler. No Brasil de hoje, a taxa é de 6,8% de pessoas acima de 15 anos que são analfabetas, ou seja, mais de 11,3 milhões de brasileiros (imagine se contarmos a partir de 7 anos). Aceleramos nas tecnologias e em aplicativos, mas para muitos esse é um mundo que sequer sonham em entender.
Mas ler e escrever, de fato, não é uma tarefa fácil. Depreender exige um esforço muito grande, além de paciência e concentração. Se já não era fácil antes, hoje talvez seja pior ainda, pois há muita dispersão pelos diversos outros estímulos aos quais somos submetidos mesmo sem querer. Claro, há sempre um argumento de que meios de comunicação tecnologicamente aparelhados podem ajudar. Sim, podem, mas ainda assim exigem disciplina e organização que só humanos são capazes de realizar. Máquinas e metodologias são apenas instrumentos e mapas. Os responsáveis pelo resultado, no final das contas, somos nós. 90% do que está aí fica nos filtros que devemos aplicar.
Ler e escrever, como se tem mostrado na história humana, ajuda muito para termos mais chance de sermos bem sucedidos na experiência da existência, de forma a usarmos melhor os recursos que estão por aí e assim, podermos viver com mais conforto, diminuir sofrimentos e proporcionar mais prazer na vida. Não é garantia de nada, claro, como citei atrás, a espécie conseguiu chegar até aqui com muito sucesso sem ler ou escrever. Mas, não há mais condições de ser assim. Hoje a situação em que se encontra a espécie humana é outra radicalmente diferente. Civilização exige de todos nós cooperação e impõe responsabilidades. E principalmente a modernidade tem mostrado que para sobreviver e seguir em frente, ler e escrever é primordial. Com o aumento vertiginoso na população mundial, competitividade acelerada e assustadora nos campos de competências, que mudam rapidamente – profissões e técnicas surgem e desaparecem num piscar de olhos – ter conhecimento é um recurso importantíssimo e muitas vezes, vital, como já tem sido apontado desde meados do século passado. Por isso, paciência. Dedicar tempo para ler e escrever só vai te ajudar. Comece com qualquer coisa. Se chegou até aqui no meu texto é um sinal de que consegue ler, sim, qualquer coisa. E por isso, lhe agradeço.
Ler e escrever são experiências puramente humanas e que abrem portas, ampliam mundos e a compreensão deste em que vivemos. A leitura é um deleite e um privilégio de uma experiência para a imaginação que nos prepara para o mundo e para a vida. Escrever, então, pode ser um milhão de vezes mais prazeroso. Claro, do ponto de vista de quem escreve – principalmente quando não se tem a pretensão de fazer concessões a ninguém. A beleza da coisa é quando a escrita de algo se transforma em vida na leitura de alguém. A mágica é tal que chega a nos iludir em ideias de mudar o mundo! Para mim, o mais importante em qualquer leitura são as questões que ela levanta, muito mais do que respostas que elas podem dar.
Leia mais!
PS: “Ler e Escrever” iniciam os últimos parágrafos de propósito. Nunca é demais para reforçar nosso hábito.
Paulo Maia é publicitário, um pensador livre e morador do Morumbi que mantém sua curiosidade sempre aguçada
Volta às aulas - Anglo Morumbi
A alegria voltou juntamente com os nossos alunos de forma híbrida. Estamos felizes e com muita esperança de que este ano será diferente e muito especial. Estamos atentos e seguindo todos os protocolos de saúde para que tudo seja feito com muito cuidado e segurança.
Bem-vindos!
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