Corporate
Por Walkiria Almeida, Neusa Arneiro e Eneida Mastropasqua
O movimento nascido nos Estados Unidos, “Quiet Quitting”, trouxe reflexões em sinal de descontentamento aos modelos de relação de trabalho atuais que, ao longo da pandemia, foram colocados em cheque. Apesar da revisão de atitudes e processos que aconteceram no mercado de trabalho para além da produtividade e saúde financeira, dois anos depois, muitas empresas voltaram aos velhos
O “Quiet Quitting” está mais presente nos jovens trabalhadores da Geração Z e Millennials, que têm se mostrado a favor de reescrever essas regras. A tendência está alinhada ao estudo Workmonitor, que destaca que cerca de 56% da geração Z e 55% dos Millennials deixariam seus empregos caso interferissem em sua vida pessoal. O levantamento também mostra que a maioria dos jovens busca trabalhar em empresas cujos valores estejam em sintonia com seus valores pessoais.
A pandemia de Covid-19 levou, de forma forçada, as pessoas ao home office, e o volume de trabalho aumentou nos lares transformados em departamentos das empresas. Nesse cenário, os profissionais passaram a trabalhar mais para provarem que estavam cumprindo com suas obrigações a distância.
O que está por trás desse movimento?
O termo “Quiet Quitting” foi mencionado pela primeira vez em um simpósio de Economia no Texas, Estados Unidos, no ano de 2009. Foi por conta de alguns fenômenos como a pandemia, a “grande demissão” e o TikTok que ganhou maior repercussão no Brasil.
O “Quiet Quitting” ganhou força por meio de um vídeo publicado em julho de 2022 no TikTok de um jovem estadunidense. No conteúdo, Zaid Khan, engenheiro de 24 anos, explica o conceito como “você segue desempenhando suas funções, mas sem seguir a mentalidade de que o trabalho deva ser sua vida”.
O conteúdo é extremamente simples, porém, devido à identificação do tema com centenas de milhares de pessoas, viralizou e tomou proporções mundiais. A partir daí, o assunto se tornou trend no TikTok e também nas demais redes sociais, chegando ao conhecimento das áreas de RHs, despertando sua atenção.
O fenômeno joga luz sobre o modo de trabalho das novas gerações, que vêm enxergando cada vez menos a profissão como uma amarra, e sim como uma das partes de sua vida. O “Quiet Quitting” não deve ser visto como um problema, e sim como uma decisão individual de cada colaborador.
“Quiet Firing” está mais ligado à gestão, quando um ambiente de trabalho se torna tão insatisfatório a ponto de desmotivar a pessoa colaboradora até ela pedir demissão. Os fatores que contribuem para isso geralmente são:
- suspensão de feedbacks;
- corte de promoções;
- falta de plano de desenvolvimento individual;
- redução da jornada de trabalho;
- exclusão de demandas no escopo da função.
Por que os colaboradores podem apresentar um comportamento “Quiet Quitting”?
Algumas condições potencializam a ocorrência da desistência silenciosa:
- programas de avaliação tidos como injustos pelas equipes;
- lideranças arbitrárias;
- incompatibilidade entre valores pessoais e organizacionais;
- sobrecarga e estresse no trabalho;
- falta de perspectivas de carreira e de desenvolvimento profissional;
- ausência de reconhecimento sobre as entregas realizadas;
- funções desalinhadas ao contrato de trabalho.
- o uso excessivo de telas que acaba com os limites entre trabalho e descanso;
- a insegurança de perder o emprego e a falta de amparo da legislação faz com que as pessoas se exponham mais a jornadas exaustivas;
- a realidade do home office em que é preciso conciliar o trabalho com a criação dos filhos pode levar a um burnout parental, principalmente entre as mulheres.
A intenção do “Quiet Quitting” é justamente colocar um limite no que tem a ver com a relação com o trabalho a fim de evitar excessos e, por consequência, um burnout.
Conclusão
O “Quiet Quitting” é fruto da busca cada vez mais frequente por uma vida profissional equilibrada com os propósitos de vida de cada um. “Hoje as pessoas não querem mais trabalhar por trabalhar. Elas aspiram estar em lugares realmente alinhados a aquilo em que acreditam. No entanto, nem sempre estão em condições de pedir demissão. Com isso, o ‘Quiet Quitting’ surgiu como uma forma de contestação silenciosa”, diz a pesquisadora.
“Quiet Quitters” são apenas trabalhadores normais que não fazem questão de se destacar ou que já chegaram a seus esgotamentos emocionais para entregar o além do prescrito. Seja pela aceleração de informações do ano em que vivemos, metas abusivas ou dificuldade de separar vida pessoal do trabalho.
Fontes:
Adam Grant é um autor americano de títulos Best Seller como Originais e Pense de Novo, além de ser professor na Universidade Wharton na Pensilvânia é especialista em Psicologia Organizacional
Este artigo é um oferecimento de NEW Consultoria e Recolocação
New Recolocação Consultoria e Mentoria Especializada em Jobhunter & Headhunter
é composta por:
Walkiria Almeida é Mestre em Administração com concentração em Gestão Internacional pela ESPM- Escola Superior de Propaganda Marketing. Tem mais de 30 anos de experiência como Secretária Executiva de presidência e diretoria. É palestrante nacional e internacional, com destaque em sua participação no 1º Fórum Internacional de Secretariado, em Moçambique. É membro do Comitê de Secretariado de Moçambique e Professora da FMU- Faculdades Metropolitanas Unidas, no Curso de Secretariado Executivo Trilíngue e recebeu em agosto de 2020 o prêmio “Excelência acadêmica FMU”
Neusa Arneiro é Secretária, pós-graduada, com experiência de mais de 30 anos na área de secretariado executivo, trabalhando em grandes empresas multinacionais, atendendo C-Levels (diretores, VPs, CEOs).
Eneida Mastropasqua é Executiva de Recursos Humanos, há mais de 20 anos em Gestão Estratégica de Pessoas/Negócios, em empresas nacionais e multinacionais. Docente, Consultora, Palestrante, Mentoria & Coaching.
Os artigos assinados não traduzem ou representam, necessariamente, a opinião ou posição do Portal. Sua publicação é no sentido de estimular o debate de problemas e questões do cotidiano e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo
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