Empresas entrevistadas que realizaram investimento acima de 0,9% em sustentabilidade, alcançaram crescimento superior a dois dígitos
• Apenas 21% dos executivos acreditam que o modelo de negócios para sustentabilidade é claro
• Os profissionais reconhecem a urgência da ação, principalmente na questão climática, mas o impacto limitado ainda é visível no setor, por falta de uma estratégia abrangente, clareza no modelo de negócios e implementação coordenada
Embora as organizações reconheçam a necessidade de uma estratégia de sustentabilidade e a maioria tenha anunciado compromissos relacionados ao net zero, o modelo de negócios para a implementação de medidas de sustentabilidade é amplamente subestimado ou mal compreendido, de acordo com um novo relatório do Capgemini Research Institute, ‘A World in Balance – Why sustainability ambition is not translating to action’ (‘Um mundo em equilíbrio – Por que a ambição de sustentabilidade não se traduz em ação’). Os líderes empresariais veem a sustentabilidade ambiental como uma obrigação, mas menos da metade (49%) tem uma lista definida de iniciativas para os próximos três anos – o que destaca uma lacuna entre ambição de longo prazo e ações concretas de curto prazo.
Para entender se as empresas estão levando suficientemente a sério a urgente incumbência da sustentabilidade ambiental e para avaliar seu progresso ao longo dos anos, o Capgemini Research Institute realizou a primeira edição de um estudo para uma pesquisa global anual e entrevistou 2.004 profissionais de 668 grandes organizações (receita anual superior a US$ 1 bilhão) em 12 países e principais indústrias.
Embora a visão de sustentabilidade esteja sendo integrada às estratégias de negócios remodeladas e quase dois terços (64%) dos executivos digam que a sustentabilidade está na agenda de cada C-level em sua organização, ainda há uma lacuna entre a ambição e as ações concretas: menos da metade (49%) tem uma lista definida de iniciativas para os próximos três anos e pouco mais de um terço (37%) dos entrevistados afirmam que sua empresa reformulou seu modelo operacional. No total, o nível de investimento em iniciativas de sustentabilidade para empresas com receita acima de US$ 20 bilhões é apenas 0,41% da receita total em média, enquanto empresas menores (empresas com receita entre US$ 1-5 bilhões) estão investindo mais (média de 2,81%), em comparação com uma média de 4% para os gastos em Pesquisa e Desenvolvimento das empresas de S&P 500 em 20201.
O relatório identificou que muitas organizações não têm uma visão coletiva e coordenação em torno dos esforços de sustentabilidade em suas operações, e as várias equipes ainda estão trabalhando em silos. Por exemplo, apenas 43% dos entrevistados dizem que os dados relacionados à sustentabilidade estão disponíveis e compartilhados em toda a organização, e menos da metade (47%) das empresas estão recrutando ativamente novos talentos com fortes skills de sustentabilidade.
A sustentabilidade é vista como uma obrigação de alto custo em vez de uma oportunidade de investimento no futuro
Atualmente, os principais impulsionadores das iniciativas de sustentabilidade são a pressão dos atuais e futuros funcionários (para 60% dos executivos) e a necessidade de antecipar regulamentações futuras mais rígidas (57%), enquanto 52% dos executivos dizem esperar que isso aumente sua receita no futuro. A maioria das empresas não agem porque tem medo das implicações de custos de curto prazo. A sustentabilidade é frequentemente vista como um centro de custo, em vez de um centro de geração de valor, particularmente no contexto do cenário macroeconômico global. Somente um em cada cinco (21%) entrevistados acredita que o modelo de negócios para a sustentabilidade é claro, enquanto 52% deles acreditam que o custo de buscar tais iniciativas supera o benefício2 potencial. Ao contrário destes impedimentos, o relatório descobriu que as organizações que estão priorizando a sustentabilidade já estão performando acima das organizações que não estão3.
“Muitas empresas entendem a importância da sustentabilidade, mas as organizações precisam se alinhar com uma estratégia clara e objetivos de curto prazo para entregar resultados concretos”, diz Cyril Garcia, CEO da Capgemini Invent e membro do Conselho Executivo do Grupo. “A mudança precisa vir de cima. Precisamos ver as empresas estabelecendo uma visão clara de sustentabilidade, construindo produtos e serviços sustentáveis e articulando seus modelos de negócios. Iniciativas de sustentabilidade isoladas podem ser vistas como custos, mas uma abordagem holística é um investimento no futuro. Com o aumento da regulamentação e pressão da sociedade civil resultando em mais escrutínio por parte de consumidores e investidores, as empresas que estão atrasadas em agir em suas ambições de sustentabilidade correm um alto risco de ver seus modelos de negócios atuais se tornarem obsoletos ou inadequados nos próximos anos. Quem gostaria de administrar uma empresa não sustentável?”
O estudo mostra uma mudança de comportamento de mercado, baseado em resultados financeiros das empresas que mais investem em iniciativas de sustentabilidade. Estes retornos são gerados em decorrência de uma crescente exigência do consumidor e das políticas legais no controle de emissões, uso de materiais e licenciamento ambiental, como afirma Emanuel Queiroz, diretor de Desenvolvimento na Nuvem da Capgemini Brasil. “Ao contrário da antiga crença da indústria, muitas empresas já estão colhendo os frutos de adotar práticas sustentáveis. Os pioneiros em investimentos de políticas de ESG obtiveram receita 83% maior por funcionário em comparação com a média de 2020 a 2021, segundo o estudo. Durante o mesmo período, a receita por funcionário entre iniciantes neste tipo de investimento foi 13% menor em relação à média. Os pioneiros obtiveram um aumento líquido de 9% de margem de lucro em relação à média de 2020 a 2021”, finaliza.
Algumas empresas estão investindo em tecnologia para limitar seu impacto ambiental
As empresas estão mais conscientes do impacto ambiental de suas tecnologias e aproveitam novas ferramentas para atingir seus objetivos. Mais da metade (55%) dos executivos dizem que sua empresa sabe quanto carbono sua tecnologia emite por meio de ferramentas digitais, aplicativos, sistemas de TI e data centers, e essa proporção chega a 63% na fabricação industrial e 61% em produtos de consumo e energia. Para atingir seus objetivos de sustentabilidade, 58% das organizações dizem que já estão usando Inteligência Artificial e automação, em particular no setor de energia (72%), e metade (54%) das organizações estão investindo globalmente em tecnologias digitais como RA/RV ou ferramentas de colaboração para reduzir as viagens de funcionários.
Metodologia:
Para esta pesquisa, o Capgemini Research Institute realizou uma pesquisa com 2.004 entrevistados de 668 organizações com receita anual superior a US$ 1 bilhão. Cerca de 50% dos executivos eram de funções corporativas (por exemplo: estratégia, sustentabilidade, vendas e marketing, contabilidade e finanças, TI, operações) e os outros 50% eram de funções da cadeia de valor (por exemplo: inovação/P&D, design e desenvolvimento de produtos, fornecimento e aquisição, cadeia de suprimentos e logística, fabricação e produção). Essas organizações estão sediadas em 12 países (Austrália, Canadá, França, Alemanha, Índia, Itália, Japão, Holanda, Espanha, Suécia, Reino Unido, EUA) e operam em setores-chave, incluindo aeroespacial e defesa, automotivo, produtos de consumo e varejo, energia, serviços financeiros, saúde e ciências da vida, fabricação industrial, telecomunicações, serviços públicos e setor público/governo. O escopo da pesquisa concentrou-se em práticas e iniciativas dentro da sustentabilidade ambiental e não incluiu os aspectos sociais da sustentabilidade.
Acesse o relatório aqui.
[1] Sather Research, “Gastos em P&D como porcentagem da receita por setor (S&P 500)”, março de 2021
[2] Essa percepção é particularmente profunda nos Estados Unidos (61% dos executivos pesquisados) e no setor de varejo (65%), enquanto apenas 37% dos executivos de saúde e ciências da vida dizem o mesmo.
[3] De 2020 a 2021, 11% das empresas mais avançadas em sustentabilidade ou frontrunners (pioneiras) obtiveram uma receita por funcionário 83% maior em comparação com a média, enquanto as 26% menos avançadas tiveram um declínio de 13%. As frontrunners também obtiveram uma margem de lucro líquido 9% maior em comparação com a média durante o mesmo período. Isso não demonstra que a sustentabilidade leva diretamente à lucratividade, mas destaca que não é necessariamente um dreno financeiro e que as organizações podem estar financeiramente à frente e sustentáveis ao mesmo tempo. Frontrunners, por exemplo, implementaram medidas que beneficiam tanto as frentes financeiras quanto de sustentabilidade, como sistemas inteligentes para reduzir o consumo de energia, esquemas de redução de resíduos ou incentivar o trabalho em casa para reduzir as emissões. Frontrunners são definidas como empresas que demonstram mais maturidade em 1) processos de cadeia de valor, incluindo Abastecimento, P&D/Produto, Design/Inovação, Fabricação e Logística; 2) como elas fazem com que seus funcionários acreditem em suas visões de sustentabilidade e 3) o uso da tecnologia para a sustentabilidade.
A Capgemini é líder global em construir parcerias com empresas para transformar e gerenciar seus negócios, aproveitando o poder da tecnologia. O Grupo é guiado dia após dia pelo propósito de liberar a energia humana por meio da tecnologia por um futuro inclusivo e sustentável. É uma organização responsável e diversa com um time de 350.000 pessoas em mais de 50 países. Com sua forte herança de 55 anos e profunda experiência no setor, a Capgemini conquistou a confiança de seus clientes para atender a toda a amplitude de suas necessidades de negócios, desde a estratégia e concepção de projetos até a operação, impulsionada por um mundo de nuvem, dados, IA, conectividade, software, engenharia digital e plataformas em rápida evolução e repleto de inovação. O Grupo reportou em 2021 receitas globais de € 18 bilhões.
O Capgemini Research Institute é o grupo de pesquisa interno da Capgemini para todos os assuntos referentes ao digital. O Instituto publica pesquisas sobre o impacto das tecnologias digitais em grandes negócios tradicionais. A equipe conta com a rede mundial de especialistas da Capgemini e trabalha em estreita colaboração com parceiros acadêmicos e de tecnologia. O Instituto possui centros de pesquisa dedicados na Índia, Cingapura, Reino Unido e Estados Unidos. Recentemente, foi classificado em 1º lugar no mundo pela qualidade de sua pesquisa feita por analistas independentes. Visite-nos no site
Adelson Júnior | adelson.junior@ketchum.com.br
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