Nossos filhos e suas relações com as redes sociais

Dolce Criança

Cynthia Wood Passianotto

Luciano Passianotto

A participação de crianças e adolescentes nas redes sociais hoje é intensa, e por isso mesmo, deve suscitar cautela e precauções por parte dos pais e responsáveis

A Dolce Criança mais uma vez, colabora com uma série de questões relacionadas ao tema, feitas por pais de crianças e adolescentes aos psicólogos Cynthia Wood Passianotto e Luciano Passianotto que buscam esclarecer e orientar quanto ao que pode ser feito.

Como acredita que os pais devem orientar os filhos sobre esse assunto? Crianças devem participar de redes sociais? A partir de que idade considera adequado?

Os pais devem buscar explicar o que é e para que serve uma rede social. Redes sociais hoje são ferramentas para se estar em contato com parentes e amigos, trocar informações e fotos, se juntar em grupos de interesse, esta é a parte óbvia da explicação. Mas a parte importante e nem tão clara é a de que elas também são usadas para se construir uma imagem social, manter popularidade e estabelecer e fortalecer relacionamentos e parcerias.

Explicar isso para uma criança pode não ser fácil, mas é necessário que elas compreendam como usar e tirar proveito dessa ferramenta. O quanto antes elas estiverem prontas para participar das redes melhor. Não há uma idade adequada para que crianças ou adolescentes estejam prontas para participar de redes sociais, é mais uma questão de maturidade. Porém, deve haver um tempo limite de exposição as redes

Qual o tempo limite de exposição as redes sociais?

Crianças menores de 2 anos: evitar exposição às telas, mesmo que de forma passiva;

Entre 2 e 5 anos: limitar a uma hora por dia, sempre com supervisão de um adulto;

Entre 6 e 10 anos: limitar o tempo de tela a uma ou duas horas por dia, sempre com supervisão;

Entre 11 e 18 anos: manter a exposição às telas entre 2 a 3 horas por dia, com supervisão. Evitar deixar que os adolescentes virem a noite em jogos e outras atividades do tipo.

Quais problemas o uso abusivo de tecnologia pode trazer?

Embora o uso de tecnologia possa trazer benefícios, inclusive como aliada do aprendizado, os excessos podem ser prejudiciais e desencadear:

  • Ansiedade e depressão;
  • Transtornos de sono e alimentação;
  • Irritabilidade excessiva;
  • Queda no rendimento escolar;
  • Dificuldade nas relações sociais.

Por este motivo o controle sobre o tempo de tela das crianças e adolescentes é relevante para a saúde e o desenvolvimento dos filhos.  Considere estabelecer regras e manter uma rotina que evite o uso excessivo da tecnologia.

Imagem de Freepik

Considera correto proibir a participação de crianças e adolescentes em redes sociais?

Proibir qualquer coisa sem um argumento convincente e sem ter a capacidade de fiscalizar a todo tempo é totalmente ineficaz e sem sentido. Hoje se acessa redes sociais de qualquer computador, tablet ou celular, seu, de um amigo ou da escola. Criar uma conta anônima com um apelido e acessá-la sem que os pais saibam é mais fácil do que qualquer pai imagina. Esta sim é uma situação de risco, onde os pais perdem todo o controle sobre com quem as crianças estão conversando, sobre o que estão falando, além de riscos como cyber bullying, exposição a conteúdos inadequados etc. O recomendado é permitir e monitorar seu comportamento na rede, sendo didático sobre como se comportar, o que compartilhar, como tratar os outros e, principalmente, nunca postar coisas publicamente.

O que os pais podem fazer para proteger os filhos no ambiente virtual?

Os pais devem educar os filhos sobre como se comportar na internet, deixar limites muito claros, ensiná-los a lidar com situações perigosas (a versão digital do “não converse com estranhos” e do “não aceite balas de estranhos”), se mostrar abertos para que eles sempre possam perguntar qualquer coisa quando tiverem dúvidas, monitorar que sites eles frequentam, com que conteúdos eles lidam e com quem eles se relacionam. Os pais devem sempre ter a senha de todas as redes sociais que crianças e adolescentes utilizam e, caso ainda tenham dificuldade, podem usar alguns softwares pagos de monitoramento para ajudar nessa tarefa.

Como os pais devem orientar os filhos sobre o que devem ou não devem publicar na

internet?

Primeiramente a criança deve aprender a distinguir o que pode ser público do que deve ser privado.

E aqui quando digo “público” me refiro a uma imagem ou comentário no grupo da sala de aula, por exemplo. Crianças não devem jamais postar fotos e informações publicamente para toda a internet.

Outra questão importante é a de que se comunicar pela internet não é diferente de falar com outras pessoas, portanto, sempre demostrar respeito aos outros. Por último os pais devem sempre orientar seus filhos a nunca se expor, evitando que seus comentários ou imagens possam levar a situações comprometedoras ou vexatórias.

Há muitos casos hoje de adolescentes que tem seus dados de internet ou celular invadidos e intimidade exposta. Como orientar os filhos para que isso não aconteça?

Eles devem ser orientados a manter seus celulares e tablets sempre protegidos por senha e jamais fornecê-las aos outros, mesmo para amigos que eles confiam. Precisam saber sobre os riscos e as consequências de terem sua intimidade e privacidade invadidas ou vazadas. O simples registro de uma foto ou vídeo comprometedor já é um risco.

Imagem de Freepik

Algumas vezes não é o próprio adolescente que tira fotos íntimas de si próprio, mas algum colega/namorado. Como orientar os filhos para que isso não aconteça ou para que a intimidade seja preservada?

É preciso orientá-los que quando outra pessoa a registra em fotos ou vídeos e quando se envia uma foto ou vídeo para um amigo(a) ou namorado(a), o conteúdo não está mais sob seu controle. Um descuido da pessoa que agora tem esse conteúdo, ou uma brincadeira de mau gosto, ou mesmo uma vingança, pode fazer com que aquilo seja visto por quem não deva, ou pior, seja tornado público. Infelizmente muitos casos já ocorreram e podem ser usados de exemplo do que não fazer.

Muitos conteúdos comprometedores estão sendo produzidos por ingenuidade em busca de aceitação em um grupo, ganho de popularidade, ou seguindo uma tendência de uma celebridade ou figura de influência. É necessário que eles saibam os riscos e as consequências de uma exposição desnecessária e que saibam estabelecer limites, mesmo sob pressão de um(a) amigo(a) ou namorado(a), não aceitar a pressão.

Como orientar os filhos para que eles saibam preservar a intimidade e os segredos de colegas e amigos, para que não se tornem os agressores ou invasores?

Respeitar limites, não ridicularizar ou colocar outros em situação vexatória, não espalhar segredos que lhe foram confiados ou usar a linguagem apropriada com os outros são regras de boa conduta e moral que se deve aprender. O que deve ficar claro é que o respeito nas relações deve ser o mesmo tanto pela internet quanto cara a cara.

O que pensa da lei de crimes virtuais e como o comportamento de adolescentes que invadem ou divulgam a intimidade de colegas está inserida nessa lei?

A lei é um avanço para a sociedade pois protege a integridade de pessoas que tem todo o direito de registrarem o que quiserem sem ter algo pessoal invadido, violado ou publicado. A obtenção, divulgação ou destruição de dados sem permissão é agora crime, resultando em multa ou prisão, entretanto, menores de idade são inimputáveis e na prática isso somente resultaria em um incômodo jurídico para seus pais. Isso não deixa de ser, entretanto, mais uma motivação para que pais se sintam mais responsáveis sobre a orientação e sobre o comportamento dos seus filhos nas redes.

Quer enviar suas perguntas e dúvidas para os Psicólogos Cynthia e Luciano?

Envie-as para o e-mail: [email protected]

Cynthia Wood Passianotto  é psicóloga e escreve quinzenalmente na Dolce Morumbi.
Acompanhe a Cynthia também em suas Redes Sociais:
@cynthia_wood_passianotto e @crescendoeacontecendo

Os artigos assinados não traduzem ou representam, necessariamente, a opinião ou posição do Portal. Sua publicação é no sentido de estimular o debate de problemas e questões do cotidiano e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo

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