Como fiz aniversário há meia dúzia de dias, é natural ter um período de reflexão sobre o passado, o presente e, sobretudo, o futuro
Nesta minha vida agitada de chef e responsável por um restaurante, 12h a 14h de trabalho diário tem sido uma constante ao longo dos últimos anos. Aqui mesmo, no restaurante do Morumbi, foi feita a passagem dos 50 para os 60 anos de vida. Na verdade, não tinha muito dado por isso até que fui comprar pão. Véspera de feriado, filas enormes nos caixas e eis que aproveitei meus 62 anos para usar a famosa fila preferencial. O resultado, devo confessar, foi elogioso para mim já que a senhora que estava atrás de mim me questionou o direito de estar ali.
Depois de confirmar que tinha mais do que 60 anos, me surgiu a reflexão deste pequeno texto pensando que nas últimas décadas a idade física e a sua abordagem no dia a dia evoluiu de uma forma notável.
Lembro perfeitamente do aniversário de 60 anos do meu pai. Parecia que o fim de uma vida tinha chegado com a aposentadoria, num ritmo menor de trabalho e a vida se encaminhando para o final. Hoje os 60 anos viraram – independentemente das filas preferenciais – uma marca na linha do tempo em que cada um de nós, com os avanços da medicina e da informação, podemos escolher como viver e até onde chegar nas nossas atividades diárias.
A verdade é que tenho 62 anos. O melhor de tudo – para lá de me sentir saudável e ativo, é a memória de todas essas décadas onde a vida me presenteou com momentos inesquecíveis, histórias maravilhosas e vivências que irei levar comigo para sempre. Quem cozinha tem duas memórias: as receitas que vai colecionando ao longo de toda a sua vida e a do palato, que se transforma com o passar dos anos num indicador de suas preferências, raízes e desejos. Chegando a este ponto, juntei todas essas características, tive um dia de aniversário dividido entre o Brasil, com comemorações de meus amigos, família e minha equipe, e o resto do mundo por onde passei com as mensagens que me encheram de alegria e camuflaram as saudades. Dei comigo nesses dias querendo provar os queijos da minha terra, beber os vinhos da minha memória, comer as carnes deste Brasil encantador, respirar o ar que só os trópicos entregam.
Desde que cheguei ao Brasil, as havaianas são o símbolo da minha liberdade. Coisa de gringo, que com o passar dos anos nesta terra Brasilis, encontrou na sua caixa de prazeres um lugar fixo, para uma bela feijoada, água de coco e os abraços francos daqueles que te amam.
É bom ser preferencial. E agora cada vez que eu entrar numa fila, o meu sorriso será dedicado para todos aqueles que ganharam o direito de viver em paz nesta terra.
Um beijo e até a próxima.
E depois da festa, o pet da família, Bolinha, resolve dar uma descansada merecida!
Chef Eduardo de Castro é jornalista de formação, mas foi na gastronomia que ele percebeu que o seu amor pelas panelas era maior do que pela escrita, mas mesmo assim trará seus contos quinzenalmente na Dolce Morumbi
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1 Comment
Bela crônica Chef. Parabéns