Especialista explica como é possível criar uma competitividade mais saudável no meio feminino
Resultados do Censo Demográfico de 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que cerca de 52% da população nacional é feminina. Mesmo com a maioria numérica, é interessante notar como estruturas e ideais machistas ainda são perpetuados de forma naturalizada na sociedade brasileira, como a rivalidade feminina. Mas o que é isso, afinal de contas?
“Essa rivalidade é formada a partir de comportamentos exacerbados, fora do comum e de ações compulsivas. A pretensão da mulher de estar sempre à altura da outra propicia a construção de estratégias de superação. Normalmente, utiliza-se de jogos, acordos, alianças de forma dissimulada com o objetivo de ultrapassar ou trapacear sua rival. É uma forma compensatória de demonstrar um ego ideal em função de uma insegurança intelectual ou corporal”, pondera Hebe de Camargo Bernardo, professora doutora do curso de Psicologia do Centro Universitário Módulo.
A especialista reflete que o próprio sistema neoliberal, com foco constante em ideais de beleza e aquisição de produtos, institui padrões do que é “ser mulher”. Desse modo, os modelos de corpos padronizados podem despertar ainda mais o sentimento de rivalidade nas relações femininas com posturas onipotentes e narcísicas, diz Hebe.
No entanto, rivalidade não deve ser confundido com competitividade enquanto conceitos, principalmente quando é a lente que guia a análise de um grupo, nesse caso, as mulheres. “A diferença entre a rivalidade e competitividade é que nesta última a mulher tem a possibilidade de melhorar a si mesma para se destacar entre as outras. Já a rivalidade inviabiliza a competição, pois a utilização de práticas antiéticas com adversário, o desrespeito às regras e a desvalorização às competências são características da rivalidade”, comenta a professora.
“Segundo Simone de Beauvoir, ser mulher é uma construção social. Culturalmente a mulher brasileira foi direcionada a ser boa enquanto mãe, dona de casa, profissional e esposa. São reminiscências do sistema patriarcal e conservador presente na sociedade brasileira”, conta. “Portanto, a competitividade está bem relacionada com a cultura de cada região, cidade ou país. A mulher compete no sentido de ser melhor que a outra.”
Nesse ponto, a especialista ressalta que a rivalidade feminina é uma problemática que está intrínseca na sociedade, principalmente por conta da ausência do senso coletivo. Daí a importância de estabelecer a consciência sobre relevância da união feminina para que, de forma coletiva, todas possam alcançar seus projetos individuais, superando estigmas comuns.
“A sociedade é direcionada para a prática da competição e não a da colaboração. Uma das formas de se evitar a rivalidade é o exercício da colaboração e união entre as mulheres. Os equipamentos de saúde da mulher e outras instituições poderiam efetivar rodas de conversas com as mulheres. Questionar e propor soluções para esta posição construída socialmente. A atividade pode apontar no horizonte feminino caminhos para a desconstrução desta instituição sociocultural. O aspecto educativo na instituição familiar também é importante, no sentido de orientar o gênero feminino desde criança a ser mais colaborativa”, pontua.
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