Andrea Barros, nossa colunista Tripdicas, nos conta sua trajetória profissional e nos indica que o prazer de uma viagem começa em seu planejamento
Por Paulo Maia
Com 7 anos de idade, ela já estava de “rodinhas no pé”, como citava sua avó, para sua primeira grande viagem ao exterior, aos Estados Unidos, com a família. Filha de um ex-diretor da antiga Vasp e grande incentivador para que ela conhecesse o mundo, Andrea Barros foi se apaixonando por conhecer lugares, culturas e pessoas do mundo todo.
Mas até a idade adulta, trabalhar diretamente com Turismo não estava exatamente em seus planos. Se formou em Direito e depois em Jornalismo. Não chegou a se tornar advogada, mas acabou exercendo a profissão da segunda graduação na Gazeta de Pinheiros, mas sempre caindo na estrada quando conseguia, sempre buscando lugares atípicos e diferentes. Começou a tomar gosto por conhecer outras culturas e de descobrir detalhes e curiosidades dos locais visitados.
Por conta de sua vida um tanto quanto itinerante, era constantemente consultada por amigos, familiares, colegas sobre lugares a visitar e que recomendações ela daria a eles. Passou a dar-lhes roteiros de viagens e dicas preciosas de quem conhecia o terreno por experiência.
Tais pedidos começaram a aumentar e isso passou a tomar-lhe algum tempo, ainda que gostasse de fazer, mas percebeu que aquilo tinha um valor específico às pessoas que lhe pediam, afinal, elas iriam usar todas aquelas informações em suas viagens, que pensou seriamente em começar a cobrar pelos roteiros.
Em princípio, pedia por quantias simbólicas e as pessoas pagavam e adoravam os roteiros, dando-lhe feedback de que tinham sido excelentes e que aproveitaram muito bem todas as dicas e orientações. Os pedidos foram aumentando, várias outras pessoas chegam até Andrea por indicação e fora neste período que ela passou a refletir na possibilidade de abrir uma agência de viagem própria. E foi o que fez.
Antes de abrir, de fato, sua agência de viagens AB Tours em 2018, trabalhou um período na Livraria Cultura, período em que se planejou para a agência.
A AB Tours começou como uma agência de viagem que basicamente faziam reservas de hotéis e providencias de passagens. O negócio teve um início promissor, porém, quando chegou a pandemia em março de 2020, o setor ficou estagnado, claro, devido às restrições de circulação, bem rígidas no começo. E quando pode retomar os negócios, repensou sua forma de trabalhar quando lembrou daquela garota, lá atrás, que fazia os roteiros e que todos gostavam.
Essa redefinição do foco de seu negócio se deu também porque Andrea percebeu que a tecnologia e, pelo menos durante o período da pandemia, as pessoas estavam aprendendo a fazer suas compras pela Internet, especialmente no setor turístico, sites de reservas de hotéis, compra de passagens e até mesmo alguns passeios, podiam ser adquiridos diretamente, com grandes atrativos de descontos e de uso de milhas.
Mas Andrea percebeu que ela possui algo que a Internet ainda não podia fornecer: um conhecimento advindo da experiência. E passou então a ofertar roteiros de viagens personalizados. Não se trata de listas padrão de locais que uma pessoa deve conhecer ao ir a um determinado lugar, mas um planejamento elaborado de como se preparar, por exemplo, se será prudente adquirir um seguro-saúde, quais vacinas tomar, que documentos e vistos devem tirar antes de embarcar, até entre qual montante financeiro é preciso para o período desejado e, especialmente, o que a pessoa pode visitar de acordo com suas predileções.
Sim, a personalização faz sentido e trará um retorno muito mais positivo e enriquecedor para o viajante, ao curtir o que gosta em um lugar diferente. Matar suas curiosidades a respeito de um lugar específico, por exemplo.
Há quem queira ir a lugares para frequentar determinados restaurantes ao invés de museus, por exemplo. Pessoas que gostariam de ir a lugares inusitados como o local exato onde John Kennedy fora assassinado ou conhecer sítios arqueológicos, locais místicos ou mesmo algo banal como um sightseeing pela cidade.
Dicas sobre a cultura local é essencialmente importante. Saber como lidar com as diferenças culturais é algo muito importante até para que, mesmo sendo reconhecido como turista, você consiga se relacionar, ser atendido e pedir ajudar, quando necessário. Talvez estes sejam até os mais importantes aspectos de um roteiro, especialmente quando elaborado por alguém que tem uma experiência comprovada.
Outra coisa percebida por ela foi que o mercado começou a se transformar com a tecnologia e as pessoas perceberam que poderiam ter mais autonomia: “As pessoas querem liberdade para escolher, mas apesar do agente de viagem dar isso a elas, com a tecnologia, muitos começam a consultar passagens pelo celular, por exemplo, e percebem que elas podem comprar ali, no ato, à noite em suas casas…” Essa percepção também à levou a dar mais ênfase na importância de uma oferta diferenciada como um roteiro mais pessoal, que atenda melhor as expectativas do viajante em relação à viagem que quer fazer.
Elaborar uma viagem para uma pessoa sozinha, com objetivos bem específicos, é totalmente diferente do que fazer para um grupo de familiares que viajam com crianças, por exemplo, ou para um grupo de adolescentes que se interessam mais por diversão do que por visita a museus.
Ainda há aspectos de uma viagem que foge da atenção de alguém que resolve providenciar sua viagem por conta própria. Trâmites, procedimentos, regras, normas que regem este mercado de hotéis, linhas aéreas, aeroportos, alfândegas, enfim, todo um aparato que alguém pode se ver totalmente perdido quando, por exemplo, há um problema com seu voo no aeroporto de… Istanbul! A quem recorrer? Quem pode te ajudar? Ou imagine que você acabou de chegar no hotel e descobriu que houve um problema no check-in? Que está lotado por erro do hotel. Mais uma vez, a quem recorrer? Quem vai te ajudar a achar outra acomodação?
Um suporte essencial a estes eventos inesperados é, geralmente, dado pelo agente de viagem, portanto, tê-lo como apoio é fundamental na sua jornada, especialmente quando se está com a família ou em um grupo de pessoas.
Na elaboração de um roteiro, um profissional especializado vai pensar e se adiantar a detalhes que, certamente, você não gostaria de arriscar e te ajudar na prevenção ou mesmo em emergências. Dependendo do propósito de sua viagem e para onde está indo, o inesperado nunca é bem-vindo e, se ele acontece, é importante ter um apoio de alguém em um lugar que não lhe é familiar.
Andrea chama a atenção de que esta profissão, o de agente de viagem, deveria ser mais reconhecida e valorizada: “a falta de regulamentação da profissão do agente de viagem traz uma visão muito ruim para nós do setor de turismo… a regulamentação seria fundamental, pois seria um reconhecimento de credenciais que os agentes de turismo tem sobre o conhecimento do mercado, suas regras, seu networking, para facilitar e tornar a jornada do turista ou mesmo de quem viaja a trabalho”, esclarece.
Quando as pessoas viajam, principalmente a passeio, turismo, elas querem relaxar, ou qualquer outra coisa, menos quebrar a cabeça e perder tempo com problemas ou contratempos para os quais não fazem a menor ideia de como resolver. O melhor é passar para alguém fazê-lo enquanto se caminha pela praia.
“Ainda que viajar tenha se tornado mais fácil e até banal, mas dependendo para onde vai e com quem, planejar a viagem não é um item fácil. É preciso um conhecimento prévio de certas coisas que o viajante comum não está familiarizado e, achando que é mais fácil ou barato, fazer sozinho, acaba se complicando”, comenta Andrea e acrescenta: “uma das principais coisas que precisam ser pensadas é a logística; como fazer para ir de um lugar ao outro e de que forma, por exemplo, vou de trem? De avião? É possível alugar um carro em tal lugar e deixar em outro? Neste último caso, muitos desconhecem que há taxas, não pequenas, para pagar se você pegar um carro na Espanha e quiser deixá-lo na França; este são alguns dos pontos que se faz importante ter um agente lhe auxiliando”.
Andrea está sempre na estrada por ser sua natureza, sua inclinação de viajar desde pequena, muito antes mesmo de ser uma tarefa necessária para sua profissão. Recentemente voltou de viagem da Bolívia, da qual nos descreveu em 3 matérias aqui nas páginas da Dolce (confira na página de sua Coulna), ilustradas por fotos belíssimas mostrando um país e lugares pouco divulgados, mas de um encanto e beleza que se mostram próprias e cheias de histórias e significados.
Ela já estevem em 58 países e planeja chegar aos 100; deseja visitar mais o continente africano e falta-lhe conhecer a Oceania e a Antártica. Fala inglês fluente, o que é fundamental como língua franca, se sai bem em alemão e se arrisca em várias outros idiomas, afinal há lugares em que não adianta o inglês, mas para quem gosta de viajar, gosta de se arriscar também.
Para quem já esteve em tantos lugares, não se pergunta de qual ela gostou mais, mas ela arrisca dizer que adorou visitar Laos, na Ásia, e que por alguma razão deixou-lhes boas memórias a ponto de dar a seu pet o nome Lao.
Andrea escreve aqui no Tripdicas Dolce semanalmente oferecendo seus insights, dicas detalhes de lugares e conhecimento de uma viajante do mundo, nos deixando com apetite para passar a mão no passaporte e sair voando. “A Dolce veio como uma grata surpresa. Me dá a oportunidade de falar sobre o que gosto e levar ao público o meu conhecimento. Adoro ter uma coluna nessa revista eletrônica única do Morumbi”, finaliza nos deixando cheios de orgulho!
Viajar e conhecer o mundo é uma das nossas vocações, vem de nossa ancestralidade. Foi viajando que nossa espécie ajudou a popular e conquistar o mundo. E atualmente, a globalização leva e traz pessoas de e para os quatro cantos do mundo, onde culturas se conectam fazendo coisas acontecerem. Diga-me, quem não gosta de um passeio? Com dicas de como melhor aproveitá-lo, então, nem se diga!
Andrea Barros é paulistana, profissional de Turismo com visita em mais de 50 países. E contando…
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Paulo Maia é editor do Portal Dolce Morumbi®
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