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A guerra contra a vulnerabilidade feminina vem aí

Design Dolce sob imagem por IPG Gutenberg UK Ltd em Canva

Em um mundo que ainda vê a vulnerabilidade feminina como fraqueza, mulheres empreendedoras têm mostrado que ela é uma poderosa fonte de resiliência e inovação

Os artigos assinados não representam, necessariamente, a opinião do Portal. Sua publicação é no sentido de informar e, quando o caso, estimular o debate de questões do cotidiano e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo

Por Patrícia Carvalho

O ano de 2024 marca o surgimento de uma nova perspectiva: se quisermos avançar nas discussões sobre liderança e empreendedorismo feminino, é hora de deixar a vulnerabilidade no passado. Seja uma líder que demonstra suas forças, e não mais suas fraquezas, pois os homens destacam seus pontos fortes nos palcos que nós sequer somos convidadas a subir. A cada dia, estamos perdendo posições de destaque, aumentos salariais e participação em rodadas de investimentos. Entramos numa nova fase: a de lutar pelos espaços negados, pelas posições de liderança e pelos recursos financeiros que ainda não chegam até nós. Não é hora de descansar, mulheres.

A vulnerabilidade, como descrita por Brené Brown, é a coragem de se expor emocionalmente. Sua visão, amplamente difundida em seu icônico TED Talk, assistido por mais de 56 milhões de pessoas, transformou nossa percepção sobre força emocional. No entanto, talvez estejamos presenciando o fim de uma era em que a vulnerabilidade é confundida com fraqueza, especialmente quando aplicada às mulheres. O que precisamos agora é de uma nova abordagem que una força e autenticidade, uma liderança que não se renda ao estigma da fragilidade, mas que se imponha com determinação e assertividade.

Trabalhando no mundo corporativo, após três passagens por unicórnios, posso afirmar com convicção: a vulnerabilidade não fazia parte do perfil de nenhum dos meus líderes. Pelo contrário, em 2014, na minha passagem pela Uber, por exemplo, guiados por Travis Kalanick, montamos uma operação e desafiamos as leis de transporte de várias cidades e mobilizamos campanhas para conquistar a opinião pública e forçar mudanças na regulação. Líderes globais, quando desafiados, respondem com agressividade e decisões ofensivas, nunca com sensibilidade. Por que, então, é esperado que nós, mulheres, mostremos nosso lado sensível em tempos de crise? A realidade é clara: essa fragilidade é imposta a nós, nunca aos homens.

Design Dolce sob imagem por pixelfit em Canva

Liderando minha startup jurídica, captei investimentos enquanto estava grávida. Durante um dos pitchs, ninguém percebeu como a barriga se desenhava notoriamente, e eu não mencionei. Na plateia, 80% eram homens. De maneira alguma, meu objetivo era esconder, mas dificilmente um homem, então na minha posição, destacaria que está prestes a se tornar pai. Mantive o foco na apresentação, pronta para perguntas que nunca vieram. A verdade é que poucos querem investir em algo visto como vulnerabilidade, e a maternidade ainda carrega esse estigma. O que me motivava era a certeza de que, com ou sem o nascimento do meu filho, o futuro da empresa seguiria firme. Sete meses depois, vi líderes masculinos desistirem de suas empresas, enquanto sigo mais forte, talvez graças à maternidade.

Em 2024, não houve avanços significativos na pauta feminina. O número de mulheres vítimas de violência doméstica atingiu 258.941 em 2023, um aumento de 9,8% em relação a 2022, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. A questão da diversidade também tem enfrentado ataques misóginos, como a declaração polêmica de Tallis Gomes, empreendedor e formador de opinião, que afirmou em uma rede social: “Deus me livre de mulher CEO”. Para ele, as mulheres falham ao equilibrar as demandas profissionais e domésticas. Deus me livre de estar aumentando o combustível de um linchamento virtual, mas combater essa visão retrógrada é muito importante, visto que isso ainda é comum em muitos círculos sociais.

Apesar dos desafios, as mulheres persistem. Segundo o Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2023, 48% dos novos negócios no Brasil são liderados por mulheres, que continuam enfrentando obstáculos como a falta de acesso à capital.

Design Dolce sob imagem por golubovy em Canva

As professoras Lisa Williams, da Goizueta Business School da Universidade de Emory, e Larissa Tiedens, da Graduate School of Business de Stanford, descobriram que as mulheres são penalizadas por serem “demasiadamente agressivas”, mesmo que seu comportamento seja idêntico ao dos homens. Elas concluíram:

As mulheres foram particularmente penalizadas por formas diretas e explícitas de assertividade, como negociar um salário e apresentar um plano de metas agressivo. A dominância que assumia uma forma verbal parecia especialmente complicada para as mulheres, em comparação aos homens que faziam pedidos idênticos”.

O episódio de Rebeca Andrade nas Olimpíadas de 2024, em que enfrentou dificuldades na trave e mesmo assim continuou competindo com determinação, reflete o conceito de antifragilidade de Nassim Nicholas Taleb. Assim como sistemas que se fortalecem diante da adversidade, Rebeca transformou um momento de incerteza e dor em motivação para seguir adiante, provando sua resiliência. Sua capacidade de se recuperar e continuar competitiva em meio à pressão é um exemplo claro de antifragilidade.

O caminho é árduo e ainda haverá momentos difíceis, mas é nossa responsabilidade seguir em frente. A luta feminina por espaço no empreendedorismo não é silenciosa — basta ver a força das reações ao depoimento de Tallis. Sozinha, li mais de 100 posts de mulheres CEOs desmentindo essa visão. A verdade é que estamos construindo uma base sólida que desafia as convenções. Em um mundo que ainda vê a vulnerabilidade feminina como fraqueza, mulheres empreendedoras têm mostrado que, na realidade, ela é uma poderosa fonte de resiliência e inovação. Grávida ou não, a gente segue demonstrando a nossa força, e isso não é mais uma opção.

Patrícia Carvalho, fundadora da Fórum Hub, administradora formada pela Universidade de Brasília com MBA pela FGV, trabalha com startups há 7 anos. Antes de fundar a Forum Hub, fez parte do time que lançou a Uber no Brasil, além de ter passado por empresas como Revelo, CargoX e Bitso. Patrícia tem como objetivo promover o acesso à justiça no Brasil reduzindo a desigualdade que existe no direito brasileiro.

Colaboração da pauta:

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