Há um tipo de luto que não tem velório, não tem último adeus, não tem carta de despedida. É aquele que acontece quando alguém que amávamos — e que acreditávamos que sempre estaria ali — simplesmente some. Não morreu, não brigou conosco, não houve um rompimento dramático. Apenas… se foi. E a vida seguiu. Mas dentro da gente fica aquela ponta de saudade misturada com incompreensão: Por quê? O que eu fiz? Será que um dia voltará?
A maternidade, com todas as suas transformações, nos ensina que a vida é feita de ciclos. Assim como nossos filhos mudam, crescem e deixam de precisar de nós de certas formas, as relações também têm seus tempos. Algumas pessoas entram em nossas vidas como furacões, nos ensinam lições profundas, nos fazem rir ou chorar, e depois, sem aviso, se dissipam. E dói. Dói porque não houve fechamento, não houve explicação. A gente fica revirando memórias, procurando pistas, tentando entender onde errou. Mas talvez o erro não esteja em nós. Talvez não seja um erro, apenas um fim natural.

Há quem diga que as pessoas estão em nossas vidas por uma razão, uma temporada ou uma vida inteira. Algumas vêm para nos mostrar algo que precisávamos enxergar — sobre nós mesmas, sobre o amor, sobre os limites que não sabíamos colocar. Outras estão ali apenas para nos acompanhar em uma fase: aquela amiga do trabalho que sumiu depois da licença-maternidade, a prima que era tão próxima e hoje só troca mensagens genéricas no Natal, aquele amigo que sumiu quando a rotina apertou. Não significa que o afeto não existiu, apenas que ele não era forte o suficiente para resistir às mudanças da vida.
E está tudo bem. Está tudo bem sentir falta. Está tudo bem se perguntar, de vez em quando, como aquela pessoa deve estar. Está tudo bem se, em algum momento, você tentou reatar o contato e não deu certo. Nem todas as histórias têm reencontro, e nem todas precisam ter. O que fica é o que foi vivido: os conselhos, os abraços, as risadas, até mesmo as brigas. Tudo isso nos moldou. Tudo isso nos fez chegar onde estamos hoje.

Se tem algo que a maternidade me ensinou é que não controlamos quem fica ou quem vai. Podemos amar, podemos cuidar, podemos tentar manter por perto — mas no fim, cada um segue seu caminho. E em vez de carregar a dor do “porquê”, talvez possamos carregar apenas a gratidão pelo “enquanto durou”. Porque algumas pessoas não são para sempre. E tudo bem. O amor que vivemos com elas não deixa de ser verdadeiro só porque acabou.
E você? Já sentiu isso? Já se separou de alguém sem entender o motivo? Saiba que não está sozinha. Eu mesma tenho algumas pessoas que simplesmente se afastaram e mesmo na tentativa de nos reavermos de ambos os lados, a relação não fluiu e a vida nos afastou, talvez definitivamente.
Às vezes, a vida só sabe nos ensinar dessa forma: com silêncios que doem, mas que, com o tempo, fazem sentido e um dia quem sabe, eu e você entenderemos o porquê dessas separações para nossa evolução nesse planeta.
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