Muita gente cresce acreditando que a régua de uma vida sexual feliz está em “ser bom ou boa de cama”. Essa expressão carrega um peso enorme como se existisse um manual universal, uma performance ideal e até uma estética obrigatória para validar se alguém é desejável ou não.
Mulheres são cobradas a ter o corpo dentro de um padrão, estar sempre dispostas, criativas e multiorgásticas. Homens, por outro lado, carregam a pressão de ter ereções sempre firmes, não falhar jamais e sustentar um desempenho quase sobre-humano. Essa lógica transforma a sexualidade em palco, em teste, em prova.

Só que, quando o sexo se torna um espetáculo a ser avaliado, o prazer perde espaço para a ansiedade. Surge a insegurança, a comparação, a sensação de insuficiência. A relação, que poderia ser lugar de intimidade e entrega, acaba marcada pela cobrança e pelo medo de não corresponder às expectativas, muitas vezes expectativas irreais, alimentadas pela pornografia ou por mitos sociais.
A verdade é que a sexualidade não precisa ser sobre performance. O que sustenta uma vida íntima de qualidade não é saber técnicas mirabolantes ou colecionar orgasmos, mas sim, a capacidade de estar presente, de se conectar com o próprio corpo e com o outro. É ter liberdade para experimentar sem julgamento, rir quando algo sai diferente, comunicar desejos e limites, conhecer o próprio ritmo e respeitar o ritmo do parceiro.

Ser “bom de cama” talvez seja muito menos sobre dominar fórmulas e muito mais sobre oferecer presença, escuta, afeto e disponibilidade. O que importa, no fim, é ser bom para si mesmo — para o próprio prazer, para a própria autenticidade — e, a partir disso, se permitir compartilhar esse espaço com o outro de forma mais leve, mais fluida e mais verdadeira.
No fundo, não é sobre impressionar. É sobre se conectar.