Por que algumas crianças têm amigos imaginários?

Cynthia Passianotto

Na primeira infância as crianças sentem a necessidade de criar o seu mundo de fantasia e é nesta fase que surgem na vida das crianças os tão conhecidos amigos imaginários. Eles podem ser de dois tipos: amigos invisíveis (que só existem na cabeça da criança) ou objetos que ganham vida (como por exemplo, o urso de pelúcia).

Estes amigos imaginários são muito importantes no desenvolvimento e equilíbrio emocional dos mais pequenos porque através deles aprendem a lidar com sentimentos e emoções. As crianças usam os amigos imaginários para lidar com sentimentos negativos ou para os acusar de algum erro que elas próprias tenham cometido.

Eles ajudam-nas a lidar com as suas ansiedades e com os seus medos infantis. Como o medo do escuro, da solidão e do abandono. Ao contrário dos amigos de carne e osso, os amigos imaginários estão sempre disponíveis, concordam sempre com as suas ideias e nunca lhes tiram os brinquedos. Com eles a criança sente-se sempre a dona da situação já que com eles ela pode agir a seu bel prazer – pode falar-lhes, ensiná-los ou dar-lhes ordens.

Há vários fatores que levam ao aparecimento destes amigos imaginários: a retirada de dormir no quarto dos pais para passar a dormir no seu próprio quarto, a solidão de um filho único, o nascimento de um novo irmãozinho, o afastamento de um amigo ou de alguém muito querido, a ida pela primeira vez para a escola, a mudança de casa ou de escola, o divórcio dos pais, etc. Sendo que o uso do amigo imaginário é mais frequente em crianças mais sensíveis e inteligentes.

Os pais não devem ficar preocupados com a presença deste novo amigo na vida dos seus filhos. Devem, pelo contrário, agir com naturalidade pois é uma forma de chegar à criança e de estreitar os laços com ela. E é de máxima importância que dê atenção às conversas que o seu filho tem com ele para que possa ficar sabendo o que o incomoda.

Normalmente por volta dos 7 ou 8 anos a criança já se sente mais segura e despede-se destes amigos imaginários dos quais guardará uma carinhosa lembrança. No entanto se a presença destes amigos se mantiver aos 10 – 11 anos deverá procurar a ajuda de um psicólogo.

Cynthia Wood Passianotto  é psicóloga e escreve quinzenalmente na Dolce Morumbi. Acompanhe a Cynthia também em suas Redes Sociais: @cynthia_wood_passianotto @crescendoeacontecendo

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