“[…] Em todo o caso, elas preservariam o seu corpo sagrado da decomposição. Pois os egípcios acreditavam que o corpo tinha que ser preservado a fim de que a alma pudesse continuar vivendo no além. Por isso impediam a desintegração do cadáver, graças a um elaborado método de embalsamar e enfaixar em tiras de pano.” (GOMBRICH, E.H. A História da Arte. 16ª edição. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: LTC, 1999. p. 55.)
Chegamos à curiosa e maravilhosa arte egípcia, aqui irei pincelar sobre as principais manifestações artísticas, pois a arte egípcia é extensa e encantadora demanda muitos detalhes.
Venham comigo! Viajar entre os hieróglifos, pirâmides, mastabas, deuses e faraós!
A civilização egípcia antiga se desenvolveu ao longo do curso do rio Nilo, a partir de c.3000 a.C.
A expressão artística egípcia tinha, então, a função de aproximar os humanos e os deuses, assumiu, sobretudo, a forma da pintura, escultura e arquitetura, estando intimamente ligada à religião.
A temática mortuária era de grande presença. A crença na vida após a morte motivava os egípcios a construírem sobretudo ao faraó monumentos funerários colossais, como as mastabas, as pirâmides e os hipogeus que representavam sua concepção do além-vida.
A Escrita
A principal escrita egípcia eram os hieróglifos, que foram decifrados em 1822 pelo francês Jean-François Champollion. Os egípcios também tinham outros dois tipos de escrita, a hierática que era hieroglífica simplificada e a demótica que era mais simples e rápida.
Pintura
Uma das principais regras era a lei da frontalidade, que ordenava que os corpos deveriam ser pintados em dois ângulos diferentes.
O tronco, os olhos e os ombros deveriam surgir na posição frontal, enquanto a cabeça e os membros eram apresentados de perfil.
Estas pinturas eram marcadas por um conjunto de simbologias presentes até nas cores utilizadas, com tintas extraídas na natureza, produzidas a partir de minerais com os seguintes significados:
Preto (kem): associado à noite e à morte, a cor preta era obtida do carvão de madeira ou de pirolusite (óxido de manganésio do deserto do Sinai).
Branco (hedj): extraído do cal ou gesso, o branco simbolizava a pureza e da verdade.
Vermelho (decher): representava a energia, o poder e a sexualidade e era encontrado em substâncias ocres.
Amarelo (ketj): estava associado à eternidade e era extraído do óxido de ferro hidratado (limonite).
Verde (uadj): simboliza a regeneração e a vida e era obtido da malaquite do Sinai.
Azul (khesebedj): extraído do carbonato de cobre, o azul estava associado ao rio Nilo e ao céu.
As pinturas eram representadas hierarquicamente, isto é, o faraó é maior que os súbditos ou inimigos ao seu lado. O tamanho das figuras apresentadas nas imagens não dependia da perspectiva, mas da sua importância no tecido social, do seu poder.
A pintura era um elemento importante na ornamentação dos túmulos dos faraós. Além de retratar deuses e episódios religiosos, também se focava naquele que tinha morrido, ilustrando cenas de batalha ou imagens cotidianas, como a caça e a pesca.
Esculturas
As esculturas funerárias egípcias eram as mais sumptuosas e, por isso, continuam mais presentes no nosso imaginário. É o caso de imagens icônicas como a máscara mortuária de Tutancâmon e o busto de Nefertiti.
A arte estava também ancorada na ideia da morte como uma passagem para outro plano, onde o faraó (que tinha poderes de caráter divino), os seus familiares e também os nobres poderiam seguir existindo.
Por isso, era necessário preservar os seus corpos através da mumificação e também produzir objetos para essa nova realidade que viria. Assim surgiu a arte funerária, com as estátuas, os vasos e as pinturas que decoravam os túmulos.
Arquitetura
Os templos, os santuários e os túmulos eram pensados para durar uma eternidade. Por isso, eram obras tão demoradas, dispendiosas e resistentes, tendo sobrevivido até à atualidade.
Mastabas
Os egípcios construíram sepulcros antigos onde soberanos e nobres tinham seus corpos sepultados após a sua morte. Esses túmulos são conhecidos até hoje como Mastaba e tem por significado a expressão árabe “Banco de Pedra”. Essas edificações eram constituídas de uma câmara funerária cavada profundamente no solo e eram construídas com tijolos produzidos a base de argila e palha que durante o processo de construção eram empilhados dando a forma admirada pelos egípcios. Esses monumentos eram construídos de forma orientada, ou seja, todos os seus quatros lados apontavam respectivamente para o Norte, Leste, Sul e Oeste.
A câmara funerária ficava na parte inferior da mastaba em uma espécie de poço, onde o sarcófago era depositado juntamente com relíquias e objetos do morto. Não havia mais nenhum acesso a partir do solo que conseguisse chegar na câmara funerária. A partir disso esse tipo de construção permite compreender com detalhes e com características especiais o porquê de sua forma que tinham o intuito de evitar as violações e roubos das Múmias e objetos contidos na mastaba.
Pirâmides
Os egípcios, que eram politeístas acreditavam em vários deuses e na vida após a morte, inventaram a mumificação para preservar o corpo até que o espírito retornasse.
Para abrigar o cadáver, construíram as pirâmides e para preservar o corpo inventaram a mumificação.
Em consequência deste processo, os egípcios iniciaram os estudos da anatomia e descobriram várias substâncias químicas, na busca de substâncias para a preservação do corpo.
As Pirâmides do Egito mais conhecidas ficam no famoso Complexo de Gizé, que abrange, além das construções, a famosa Esfinge de Gizé.
As Pirâmides de Gizé são estruturas monumentais construídas em pedra. Possuem uma base retangular e quatro faces triangulares que convergem para um vértice. Estas três majestosas pirâmides foram construídas como tumbas reais para os reis Kufu (ou Quéops), Quéfren, e Menkaure (ou Miquerinos) – pai, filho e neto.
Pirâmide de Queóps
A primeira das pirâmides do Egito a ser erguida foi a pirâmide de Queóps. Sua construção é uma homenagem ao faraó que comandava o Egito naquela época. A construção aconteceu em 2. 550 a.C., composta por 2,3 milhões de blocos de pedra que pesam cerca de 2,5 a 60 toneladas cada.
Queóps é a maior pirâmide do mundo, com uma altura de 174 metros e largura medindo 230 metros. Ao lado dela, foram erguidas mais três pirâmides pequenas para abrigar os corpos das rainhas.
Pirâmide de Quéfren
Essa pirâmide é a segunda maior do Egito, construída ao lado da pirâmide do faraó Queóps. Ela foi erguida com menos 10 metros que a primeira em respeito ao primeiro faraó, pai de Quéfren. Dessa forma, a estrutura possui uma altura de 143 metros.
Além disso, a estrutura é guardada por uma Esfinge, um ser mitológico com a cabeça de faraó, representando a inteligência do rei e o corpo de leão, representando a força do faraó.
Pirâmide de Miquerinos
Entre as pirâmides do Egito, a tumba representa a menor estrutura. Também localizada na península de Gizé, ela foi construída para abrigar o corpo de Miquerinos, neto do faraó Queóps e filho de Quéfren.
No seu interior foram utilizadas as mesmas arquitetura de câmaras, corredores íngremes e falsas passagens das outras pirâmides, já que a intenção era despistar os ladrões de túmulos. Contudo, mesmo com toda essa segurança, os tesouros do local foram saqueados.
Esfinge de Gizé
A Esfinge possui uma estrutura interessante baseada numa figura mítica que inclui um corpo de leão e uma cabeça humana com turbante real voltada para o sentido do sol nascente. Para o povo egípcio, o leão representava uma importante figura de proteção. A Esfinge de Gizé, a mais conhecida, é um dos símbolos da realeza egípcia e foi construída por Quéfren, o quarto faraó da 4ª dinastia (2575-2465 a.C.). Hoje sabemos que a Esfinge tem o rosto desse faraó. Ela teria sido construída para ser uma espécie de guardiã.
Feita de pedra calcária, ela possui 73 metros de comprimento, 19 metros de largura e 20 metros de altura e representa a maior Esfinge do planeta e ainda, a maior estátua esculpida num grande bloco de pedra.
A presença das três pirâmides (Quéfren, Quéops e Miquerinos) e da Esfinge como um guardião, faz da Necrópole de Gizé, um dos mais famosos sítios arqueológicos da África e do mundo.
O Antigo Egito deixou um enorme legado artístico e cultural que continua despertando o fascínio da humanidade.
Continuaremos com esta viagem na história da arte!
Até o próximo destino com parada na Arte Grega!
Forte abraço!
Referências bibliográficas:
BRANCAGLION Jr., Antonio. Tempo, material e permanência: o Egito na coleção Eva Klabin Rapaport. Rio de Janeiro: Casa da Palavra – Fundação Eva Klabin Rapaport, 2001.
CASSON, Lionel. O Antigo Egito. Rio de Janeiro: José Olympio, 1983.
GOMBRICH, E. H. A História da Arte. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2008.
HAGEN, Rainer; MARIE, Rose. Egipto (Tradução de Maria da Graça Crespo). Lisboa: Taschen, 1999.
STROUHAL, Eugen. A vida no Antigo Egito (Tradução de Iara Freiberg, Francisco Manhães, Marcelo Neves). Barcelona: Folio, 2007.
www.historiadaarteonline.com.br
https://andredorigo.com.br/
https://www.google.com.br/amp/s/www.infoescola.com/civilizacao-egipcia/cultura-da-antiga-civilizacao-egipcia/amp/
https://www.google.com.br/amp/s/www.culturagenial.com/arte-egipcia-entenda-arte-antigo-egito/amp/
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/piramides-do-egito
https://www.google.com.br/amp/s/www.culturagenial.com/arte-egipcia-entenda-arte-antigo-egito/amp/
Imagens fornecidas por Amanda Sanzi
Amanda Sanzi é artista visual, moradora do Morumbi e expressa sua compreensão do mundo através de suas obras!
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2 Comments
Amanda viajei em suas linhas para o Egito!!!
Uma cultura, história e detalhes maravilhosos, adorei o tema.
Parabéns!
Olá Priscila agradeço imensamente sua leitura! Te convido a continuar esta viagem comigo, com a próxima parada na Grécia em que irei pincelar sobre as principais manifestações da Arte Grega! Vamos?! Te espero! Forte abraço 🤗