Um dinheirinho embaixo do seu prato e come em pé 7 pedacinhos, fazendo um pedido para cada. Dizem que São Pantaleão, em um certo dia 29 de dezembro, vestido de andarilho, vagava por um vilarejo da Itália. Faminto pela jornada, bateu à porta de uma casa pedindo comida. A família era grande e humilde, mesmo assim, dividiu o jantar com o andarilho, e cada um teve direito a sete gnocchi. São Pantaleão comeu, agradeceu a acolhida e se foi. Quando foram recolher os pratos, descobriram que embaixo de cada um havia bastante dinheiro. Inspirador, não é?
Foi por isso que criamos um “Nhoque Amigo”. Tivemos tanta sorte que em horas atingimos a cota de venda e sem fazer muita divulgação. Um evento simples para conseguir fundos e ajudar uma família onde vive um garoto de 15 anos, que luta contra um câncer. Conheço a mãe, fiz contato logo que soube pelas redes sociais, identifiquei a necessidade de um apoio real. Com um pouco de experiência em gastronomia e ajuda de amigos do ramo, formatamos a ideia.
Faço questão de explicar pois vivemos outra realidade na rotina dos restaurantes e não conseguimos mais pedir para doarem qualquer coisa que seja, pois o momento é de luta para eles também. Diante de tantos desafios, falei com quem estava mais perto desse grupo de pessoas. De imediato o pessoal do Comida Di Rei aceitou. Juntos elaboramos os controles de gastos e apuração dos lucros. Eu precisava ter um plano que pagasse todas as despesas e que ninguém precisasse dispor de dinheiro. E conseguimos! Foi bem simples, nada comparado aos eventos que minhas queridas amigas sempre fizeram antes da pandemia como Valéria Inati (Fellows Club), Fernanda Ali (amigas do Morumbi), Vera Maglio (Regallos), Katia Mayrinck (Chic Morumbi) e os eventos maravilhosos no Lia Giorno do Shopping Jardim Sul. Detalhes charmosos ficaram de fora pois tinha que ser algo rápido. A disposição das pessoas foi o charme dessa festa diferente. Trabalho com alimentos, então negociei os insumos. O pessoal da fábrica de nhoque produziu sabendo de tudo, fizeram até foto para o garoto que recebeu por mensagem muito emocionado. No restaurante, enquanto faziam a preparação dos molhos, fiz uma ligação com vídeo para este garoto junto com o pessoal da cozinha e foi bem emocionante. Os convidados compraram sem questionar e foram fazendo o PIX antecipado na conta do restaurante. Fui controlando o recebimento e pagamento das encomendas, e claro me enrolei toda, confundindo linhas e colunas da planilha (risos).
No último dia 27, quinta-feira passada, lá estava eu, de máscara, touca, doando meu tempo e disposição para entregar cada encomenda junto com a equipe do restaurante Comida Di Rei. Por uma limitação visual que tenho, eu mal enxergava a lista, mas meu ajudante estava ali para dar um apoio e darmos muitas risadas, tanto da lista como dos papeizinhos dos pedidos para cozinha que poderiam voar a qualquer pé de vento. No meio do evento notei que alguns não se manifestavam… Logo mandei uma mensagem pelo WhatsApp e ouvi muitos “esqueci, oh meu Deus, já estou indo!” Ufa, não sou só eu que esqueço das coisas (risos). No final fui pessoalmente entregar a última encomenda a caminho de casa. Estava muito cansada, pernas inchadas, sinal de saudades dos eventos que agitavam nosso querido bairro.
O resultado foi apurado, fornecedores pagos, e a renda transferida para mãe do garoto que recebeu com lágrimas, muito agradecida. O nhoque estava muito saboroso e com certeza foi a vibração de todos os envolvidos que colocaram suas melhores intenções e assim a energia fluiu para que fosse esse sucesso! Só posso agradecer a produção da fábrica Sada Massas, aos meus queridos do Comida Di Rei e todas as pessoas que compraram, pagaram e vieram buscar. Muito aprendizado para nós todos!
Quer ajudar alguém assim? Pode me chamar que eu posso explicar em detalhes e compartilho os erros e acertos!
Até mais! @cinaradeliz
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