Existe uma palavra pequena, que muitas de nós temos tanto medo de pronunciar que acabamos engolindo junto com o cansaço, a culpa e aquele sentimento de nunca ser suficiente: não.
Parece simples, mas quantas vezes ela fica presa na garganta, sufocada pela ideia de que mãe boa é aquela que dá tudo, que aceita tudo, que aguenta tudo?
A verdade é que dizer não, não é um fracasso no amor: é, na realidade, uma das formas mais profundas de cuidar. Cuidar de si mesma, dos seus limites, da sua sanidade. Cuidar dos seus filhos, ensinando-lhes que o mundo não gira em torno dos seus desejos imediatos. Cuidar dos seus relacionamentos, porque vínculos saudáveis são feitos de honestidade, não de sacrifícios silenciosos.
Quantas noites você já passou acordada fazendo algo que nem queria, só porque disse sim sem pensar? Quantas vezes abriu mão do seu descanso, do seu lazer, do seu tempo sozinha por que assumiu uma obrigação que não era sua? O sim automático é um ladrão. Ele rouba nossa energia, nossa paciência e, muitas vezes, até a nossa capacidade de estar verdadeiramente presente para as pessoas que amamos.

Dizer não, não é sobre rejeitar o outro: é sobre respeitar a si mesma. É entender que você não é um recurso infinito, que seu tempo e sua paz são preciosos.
Quando começamos a estabelecer limites, algo mágico acontece, as pessoas ao nosso redor aprendem a valorizar nossos sim. E mais importante ainda: nós mesmas passamos a viver com mais intenção, menos ressentimento.
Com os filhos, especialmente, o não muitas vezes vem carregado de culpa. Temos medo de frustrá-los, de magoá-los, de não sermos “a mãe legal”. Mas o que estamos ensinando quando cedemos a tudo? Que o amor é incondicional, sim, mas que a vida tem regras, que os outros também têm necessidades – inclusive a mamãe.
Um não dito com firmeza e carinho é um presente. É a criança aprendendo que ela pode lidar com a frustração, que o mundo não vai sempre se dobrar aos seus desejos, e que isso está ok. É ela internalizando, desde cedo, que os limites são parte do amor.
E com os adultos? Com a família que acha que mãe tem que dar conta de tudo, com os amigos que insistem em pedir favores como se você não tivesse três crianças penduradas nas pernas? Aqui, o não é um ato de coragem. É colocar-se no centro da própria vida, mesmo que isso signifique desapontar alguém.

Aos poucos, o peso da culpa diminui. O cansaço crônico dá lugar a um novo tipo de energia – a que vem de escolhas conscientes, não de obrigações sufocantes. Os relacionamentos se tornam mais leves, porque ninguém está acumulando frustrações silenciosas. E, o mais bonito de tudo: a gente descobre que o amor não some quando colocamos limites. Ele só fica mais verdadeiro.
Então, hoje, experimente. Antes de responder sim àquela demanda que já está te tirando o sono, pause e pergunte-se: “Isso é realmente importante para mim? Estou dizendo sim por amor ou por medo?” E se a resposta for medo – medo de desapontar, de não ser boa o suficiente, de parecer egoísta –, respire fundo e diga seu não.
Porque você merece. Porque eles também aprendem com isso. E porque, no fim das contas, o amor que não inclui você mesma, nunca será completo.
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